sexta-feira, 14 de setembro de 2018

Momento de reflexão


«Quando for erguido da terra, atrairei todos a Mim» (Jo 12,32)

De ora em diante, pela cruz, as sombras estão dissipadas e a verdade eleva-se, como diz o apóstolo João: «Porque as primeiras coisas passaram. [...]  Eu renovo todas as coisas» (Ap 21,4-5). A morte é espoliada, o inferno liberta os cativos, o homem está livre, o Senhor reina, a criação alegra-se. A cruz triunfa e todas as nações, tribos, línguas e povos (Ap 7,9) vêm adorá-l'O. Como o beato Paulo, que exclama : «Quanto a mim, porém, em nada me quero gloriar, a não ser na cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo» (Gal 6,14), encontramos nela a nossa alegria. A cruz traz a luz a todo o universo, afasta as trevas e reúne as nações do Ocidente, do Oriente, do Norte e do mar numa só Igreja, numa única fé, num só batismo, na caridade. Fixada no Calvário, ela dirige-se ao centro do mundo. Armados com a cruz, os apóstolos vão pregar e reunir na sua adoração o universo inteiro, espezinhando todas as forças hostis. Por ela, os mártires confessaram a sua fé com audácia e não temeram os ardis dos tiranos. Carregando-a, os monges fizeram da solidão a própria morada, numa imensa alegria. Na hora em que Jesus regressar, aparecerá primeiro no céu esta cruz, cetro precioso, vivo, verdadeiro e santo do Grande Rei: «Então, aparecerá no céu o sinal do Filho do Homem» (Mt 24,30). Vê-la-emos, escoltada pelos anjos, iluminar a Terra, de uma à outra extremidade do Universo, mais clara que o sol, a anunciar o Dia do Senhor.

Leituras do dia

Festa da Exaltação da Santa Cruz

PRIMEIRA LEITURA
Num 21, 4b-9


Quem era mordido, olhava para a serpente de bronze e ficava curado.


Leitura do Livro dos Números


Naqueles dias,
o povo de Israel impacientou-se
e falou contra Deus e contra Moisés:
«Porque nos fizeste sair do Egipto,
para morrermos neste deserto?
Aqui não há pão nem água
e já nos causa fastio este alimento miserável».
Então o Senhor mandou contra o povo serpentes venenosas
que mordiam nas pessoas
e morreu muita gente de Israel.
O povo dirigiu-se a Moisés, dizendo:
«Pecámos, ao falar contra o Senhor e contra ti.
Intercede junto do Senhor,
para que afaste de nós as serpentes».
E Moisés intercedeu pelo povo.
Então o Senhor disse a Moisés:
«Faz uma serpente de bronze e coloca-a sobre um poste.
Todo aquele que for mordido e olhar para ela
ficará curado».
Moisés fez uma serpente de bronze e fixou-a num poste.
Quando alguém, era mordido por uma serpente,
olhava para a serpente de bronze e ficava curado.

Palavra do Senhor.


SALMO RESPONSORIAL
Salmo 77 (78), 1-2.34-35.36-37.38 (R. cf. 7c)


Refrão: Não esqueçais as obras do Senhor. Repete-se


Escuta, meu povo, a minha instrução,
presta ouvidos às palavras da minha boca.
Vou falar em forma de provérbio,
vou revelar os mistérios dos tempos antigos. (Refrão)

Quando Deus castigava os antigos, eles O procuravam,
tornavam a voltar-se para Ele
e recordavam-se de que Deus era o seu protector,
o Altíssimo o seu redentor. (Refrão)

Eles, porém, enganavam-n’O com a boca
e mentiam-Lhe com a língua;
o seu coração não era sincero,
nem eram fiéis à sua aliança. (Refrão)

Mas Deus, compadecido, perdoava o pecado
e não os exterminava.
Muitas vezes reprimia a sua cólera
e não executava toda a sua ira. (Refrão)


SEGUNDA LEITURA
Filip 2, 6-11


Humilhou-Se a Si próprio; por isso Deus O exaltou.


Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Filipenses


Cristo Jesus, que era de condição divina,
não Se valeu da sua igualdade com Deus,
mas aniquilou-Se a Si próprio.
Assumindo a condição de servo,
tornou-Se semelhante aos homens.
Aparecendo como homem, 
humilhou-Se ainda mais,
obedecendo até à morte 
e morte de cruz.
Por isso Deus O exaltou
e Lhe deu um nome que está acima de todos os nomes,
para que ao nome de Jesus todos se ajoelhem
no céu, na terra e nos abismos,
e toda a língua proclame que Jesus Cristo é o Senhor,
para glória de Deus Pai.


Palavra do Senhor.


ACLAMAÇÃO AO EVANGELHO


Refrão: Aleluia. Repete-se

Nós Vos adoramos e bendizemos, Senhor Jesus Cristo,
que pela vossa santa cruz remistes o mundo. Refrão


EVANGELHO
Jo 3, 13-17


O Filho do homem será exaltado.


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João


Naquele tempo, disse Jesus a Nicodemos:
«Ninguém subiu ao Céu
senão Aquele que desceu do Céu: o Filho do homem.
Assim como Moisés elevou a serpente no deserto,
também o Filho do homem será elevado,
para que todo aquele que acredita 
tenha n’Ele a vida eterna.
Deus amou tanto o mundo
que entregou o seu Filho Unigénito,
para que todo o homem que acredita n’Ele
não pereça, mas tenha a vida eterna.
Porque Deus não enviou o seu Filho ao mundo
para condenar o mundo,
mas para que o mundo seja salvo por Ele».


Palavra da salvação.


quarta-feira, 5 de setembro de 2018

Santos


Santa Teresa de Calcutá


RELIGIOSA, +1997

Celebrado a 5 de Setembro 

Agnes Gonxha Bojaxhiu nome de baptismo da que ficou mundialmente conhecida por Madre Teresa de Calcutá, nasceu na Albânia (então Macedónia) em 1910 e tornou-se cidadã indiana, em 1948. Prémio Nobel da Paz em 1979. Oriunda de uma família católica, aos doze anos já estava determinada a ser missionária. Começou por fazer votos na congregação das Irmãs de Nossa Senhora do Loreto, aos 18 anos, na Irlanda, onde viveu. A sua vida na Índia começou como professora. Só ao fim de dez anos sentiu necessidade de criar a congregação das Irmãs da Caridade e dedicar a sua longa vida aos pobres abandonados e mais desprotegidos de Calcutá. Entre as suas prioridades estava matar a fome e ensinar a ler aos "mais pobres entre os pobres", bem como a leprosos, portadores de SIDA e mulheres abandonadas. Depois do Prémio Nobel, em 1979, passou a ser muito conhecida e as casas das Irmãs da Caridade contam-se hoje por centenas nos mais diversos países do Mundo. O seu exemplo de dedicação sem temer contrair doenças contagiosas, a sua vida exemplar, sempre na sua fé católica deram-lhe, em vida, a certeza de que era santa. Foi beatificada em 2003. O Papa Francisco declarou-a formalmente santa em 4 de setembro de 2016, depois de a Congregação para a Causa dos Santos reconhecer por unanimidade a cura extraordinária, em 2008, do brasileiro Marcílio Andrino quw se encontrava em coma devido a abcessos no cérebro e hidrocefalia.  

domingo, 2 de setembro de 2018

Momento de reflexão

São Maximiliano Kolbe (1894-1941)

franciscano, mártir

Escritos espirituais inéditos

«O seu coração está longe de Mim»

A vida interior é primordial. A vida ativa é uma consequência da vida interior, e só tem valor se dela depender. Queremos fazer tudo o melhor possível, com perfeição. Mas, se o que fazemos não estiver ligado à vida interior, de nada serve. O valor da nossa vida e da nossa atividade releva por completo da vida interior, da vida de amor a Deus e à Virgem Maria, a Imaculada; não de teorias e doçuras, mas da prática de um amor que consiste na união da nossa vontade com a vontade da Imaculada. Antes de tudo e sobretudo, devemos aprofundar esta vida interior. Tratando-se de uma vida espiritual, é necessário acionar os meios sobrenaturais. A oração, a oração e apenas a oração é necessária para manter e fazer desabrochar a vida interior; o recolhimento interior é imprescindível. Não nos preocupemos com coisas desnecessárias, antes procuremos, em paz e com suavidade, manter o recolhimento de espírito e estar preparados para receber a graça de Deus. É isso que o silêncio nos ajuda a conseguir.

Leituras do dia

Domingo XXII do Tempo Comum

PRIMEIRA LEITURA
Deut 4, 1-2.6-8


«Não acrescentareis nada ao que vos ordeno... mas guardareis os mandamentos do Senhor»


Leitura do Livro do Deuteronómio

Moisés falou ao povo, dizendo: «Agora escuta, Israel, as leis e os preceitos que vos dou a conhecer e ponde-os em prática, para que vivais e entreis na posse da terra que vos dá o Senhor, Deus de vossos pais. Não acrescentareis nada ao que vos ordeno, nem suprimireis coisa alguma, mas guardareis os mandamentos do Senhor vosso Deus, tal como eu vo-los prescrevo. Observai-os e ponde-os em prática: eles serão a vossa sabedoria e a vossa prudência aos olhos dos povos, que, ao ouvirem falar de todas estas leis, dirão: ‘Que povo tão sábio e tão prudente é esta grande nação!’. Qual é, na verdade, a grande nação que tem a divindade tão perto de si como está perto de nós o Senhor, nosso Deus, sempre que O invocamos? E qual é a grande nação que tem mandamentos e decretos tão justos como esta lei que hoje vos apresento?».

Palavra do Senhor.

SALMO RESPONSORIAL
Salmo 14 (15), 2-3a.3cd-4ab.5 (R. 1a)


Refrão: Quem habitará, Senhor, no vosso santuário? Repete-se

Ou:

Ensinai-nos, Senhor: quem habitará em vossa casa? Repete-se

O que vive sem mancha e pratica a justiça
e diz a verdade que tem no seu coração
e guarda a sua língua da calúnia. Refrão

O que não faz mal ao seu próximo,
nem ultraja o seu semelhante;
o que tem por desprezível o ímpio,
mas estima os que temem o Senhor. Refrão

O que não falta ao juramento,
mesmo em seu prejuízo,
e não empresta dinheiro com usura,
nem aceita presentes para condenar o inocente.
Quem assim proceder jamais será abalado. Refrão

SEGUNDA LEITURA
Tg 1, 17-18.21b-22.27


«Sede cumpridores da palavra»


Leitura da Epístola de São Tiago

Caríssimos irmãos: Toda a boa dádiva e todo o dom perfeito vêm do alto, descem do Pai das luzes, no qual não há variação nem sombra de mudança. Foi Ele que nos gerou pela palavra da verdade, para sermos como primícias das suas criaturas. Acolhei docilmente a palavra em vós plantada, que pode salvar as vossas almas. Sede cumpridores da palavra e não apenas ouvintes, pois seria enganar-vos a vós mesmos. A religião pura e sem mancha, aos olhos de Deus, nosso Pai, consiste em visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações e conservar-se limpo do contágio do mundo.

Palavra do Senhor.

ACLAMAÇÃO AO EVANGELHO
Tg 1, 18


Refrão: Aleluia. Repete-se
Deus Pai nos gerou pela palavra da verdade,
para sermos como primícias das suas criaturas. Refrão

EVANGELHO
Mc 7, 1-8.14-15.21-23


«Deixais o mandamento de Deus para vos prenderdes à tradição dos homens»


 Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos

Naquele tempo, reuniu-se à volta de Jesus um grupo de fariseus e alguns escribas que tinham vindo de Jerusalém. Viram que alguns dos discípulos de Jesus comiam com as mãos impuras, isto é, sem as lavar. – Na verdade, os fariseus e os judeus em geral não comem sem ter lavado cuidadosamente as mãos, conforme a tradição dos antigos. Ao voltarem da praça pública, não comem sem antes se terem lavado. E seguem muitos outros costumes a que se prenderam por tradição, como lavar os copos, os jarros e as vasilhas de cobre –. Os fariseus e os escribas perguntaram a Jesus: «Porque não seguem os teus discípulos a tradição dos antigos, e comem sem lavar as mãos?». Jesus respondeu-lhes: «Bem profetizou Isaías a respeito de vós, hipócritas, como está escrito: ‘Este povo honra-Me com os lábios, mas o seu coração está longe de Mim. É vão o culto que Me prestam, e as doutrinas que ensinam não passam de preceitos humanos’. Vós deixais de lado o mandamento de Deus, para vos prenderdes à tradição dos homens». Depois, Jesus chamou de novo a Si a multidão e começou a dizer-lhe: «Escutai-Me e procurai compreender. Não há nada fora do homem que ao entrar nele o possa tornar impuro. O que sai do homem é que o torna impuro; porque do interior do homem é que saem as más intenções: imoralidades, roubos, assassínios, adultérios, cobiças, injustiças, fraudes, devassidão, inveja, difamação, orgulho, insensatez. Todos estes vícios saem do interior do homem e são eles que o tornam impuro».

Palavra da salvação.

quinta-feira, 30 de agosto de 2018

D. António Francisco dos Santos

Inaugurado monumento de ação de graças pela vida e missão de D. António Francisco dos Santos

30 Agosto, 2018

No dia em que completaria 70 anos, D. António Francisco dos Santos, bispo do Porto entre 2014 e 2017, foi homenageado na sua terra natal. Em Tendais, Cinfães, foi inaugurada uma estátua em bronze com dois metros de altura com uma base em quatro patamares, tantos quantos, as dioceses onde D. António Francisco dos Santos trabalhou: Lamego, Braga, Aveiro e Porto.

Trata-se de uma obra da autoria do escultor Hélder de Carvalho que contou com o apoio financeiro da Irmandade dos Clérigos, da Associação Comercial do Porto, da Santa Casa da Misericórdia do Porto e também da Câmara Municipal de Cinfães e da Junta de Freguesia de Tendais. O arquiteto Carlos Martins colaborou em todo este projeto.

Muito importante o registo que aqui fazemos do profundo empenho e dedicação da Comissão de Honra para a edificação do monumento que cujos membros aqui citamos: Presidente da Câmara Municipal de Cinfães, Armando Mourisco; Presidente da Junta de Freguesia de Tendais, Artur Duarte; Cónego João Carlos Morgado (diocese de Lamego); Padre Adriano Alberto Pereira (pároco de Santa Cristina de Tendais); Padre Nuno Antunes (diocese do Porto); Frei Bernardo Corrêa d’Almeida; Amândio Fontes e Ana Fontes; João Montenegro e Dina Madaleno; Helena Fortunato; Epifânio Francisco; Arsénio Augusto Ferreira.

Na quarta-feira dia 29 de agosto foram largas as centenas de amigos, familiares, fiéis das várias dioceses por onde passou o prelado e conterrâneos de Cinfães que quiseram participar neste significativo momento de homenagem. Estiveram presentes, neste momento de memória e gratidão, muitos sacerdotes e bispos. Destaque para a presença de D. Jorge Ortiga, arcebispo de Braga com D. Nuno Almeida, bispo-auxiliar de Braga; D. Manuel Linda, bispo do Porto com os bispos auxiliares D. António Taipa D. Pio Alves e D. António Augusto Azevedo; o bispo de Aveiro, D. António Moiteiro, D. Francisco Senra Coelho, Arcebispo de Évora e D. António Luciano, bispo de Viseu. Presente também o bispo emérito de Lamego D. Jacinto Botelho.

De registar a presença de várias autoridades civis: e ainda os presidentes dos municípios de Aveiro, Lousada e Marco de Canaveses, os vice-presidentes das Câmaras Municipais de Baião, Penafiel, Amarante, Castelo de Paiva e Lamego e os presidentes das Juntas de Freguesia de Cinfães.

O bispo de Lamego, D. António Couto, presidiu à Eucaristia, e em declarações à VP sublinhou a importância do testemunho de fé que representa a edificação deste monumento dizendo ser este “um testemunho importante para as gerações que vierem que vão ter a oportunidade de conhecer um homem de corpo inteiro e de alma inteira”.

D. António Couto referiu à VP que D. António Francisco “era um homem de uma inteligência ingénua, no sentido melhor da palavra, uma inteligência como a das crianças, intuitiva. Não era tanto uma inteligência dedutiva e analítica, mas uma inteligência que chega lá muito antes de mim” – afirmou.

O bispo de Lamego recordou ainda que D. António Francisco dos Santos “soube dizer Deus e passar Deus de uma forma direta, rápida e incisiva ao encontro das pessoas, sobretudo dos mais pobres e dos desvalidos. Ele soube fazer isso” – declarou D. António Couto.

domingo, 26 de agosto de 2018

Momento de reflexão

São (Padre) Pio de Pietrelcina (1887-1968)

capuchinho

Carta 3, 980; GF, 196s

«Tu tens palavras de vida eterna»

Sê paciente e persevera na prática da meditação. A princípio, contenta-te com avançar em pequenos passos. Mais tarde, terás pernas que te pedirão que corras, ou melhor, asas para voar. Contenta-te com obedecer. Nunca é fácil, mas foi a Deus que escolhemos como nosso quinhão. Aceita não seres mais do que uma abelhinha no cortiço; cedo ela se tornará uma dessas grandes obreiras hábeis na fabricação do mel. Permanece sempre humilde diante de Deus e diante dos homens, no amor. Então o Senhor falar-te-á em verdade e enriquecer-te-á com os seus dons. Acontece às abelhas atravessarem grandes distâncias nos prados antes de chegarem às flores que escolheram; em seguida, fatigadas mas satisfeitas e carregadas de pólen, regressam à colmeia para aí realizarem a transformação silenciosa, mas fecunda, do néctar das flores em néctar da vida. Faz tu também assim: depois de teres escutado a Palavra, medita-a atentamente, examina os seus diferentes elementos, procura a sua significação profunda. Então, ela tornar-se-á clara e luminosa; ela terá o poder de transformar as tuas inclinações naturais em pura elevação do espírito; e o teu coração estará sempre mais intimamente unido ao coração de Cristo.

Leituras do dia

Domingo XXI do Tempo comum


PRIMEIRA LEITURA
Jos 24, 1-2a.15-17.18b


«Queremos servir o Senhor, porque Ele é o nosso Deus»


Leitura do Livro de Josué

Naqueles dias, Josué reuniu todas as tribos de Israel em Siquém. Convocou os anciãos de Israel, os chefes, os juízes e os magistrados, que se apresentaram diante de Deus. Josué disse então a todo o povo: «Se não vos agrada servir o Senhor, escolhei hoje a quem quereis servir: se os deuses que os vossos pais serviram no outro lado do rio, se os deuses dos amorreus em cuja terra habitais. Eu e a minha família serviremos o Senhor». Mas o povo respondeu: «Longe de nós abandonar o Senhor para servir outros deuses; porque o Senhor é o nosso Deus, que nos fez sair, a nós e a nossos pais, da terra do Egipto, da casa da escravidão. Foi Ele que, diante dos nossos olhos, realizou tão grandes prodígios e nos protegeu durante o caminho que percorremos entre os povos por onde passámos. Também nós queremos servir o Senhor, porque Ele é o nosso Deus».

Palavra do Senhor.

SALMO RESPONSORIAL
Salmo 33 (34), 2-3.16-17.18-19.20-21.22-23 (R. 9a)


Refrão: Saboreai e vede como o Senhor é bom. Repete-se

A toda a hora bendirei o Senhor,
o seu louvor estará sempre na minha boca.
A minha alma gloria-se no Senhor:
escutem e alegrem-se os humildes. Refrão

Os olhos do Senhor estão voltados para os justos
e os ouvidos atentos aos seus rogos.
A face do Senhor volta-se contra os que fazem o mal,
para apagar da terra a sua memória. Refrão

Os justos clamaram e o Senhor os ouviu,
livrou-os de todas as suas angústias.
O Senhor está perto dos que têm o coração atribulado
e salva os de ânimo abatido. Refrão

Muitas são as tribulações do justo,
mas de todas elas o livra o Senhor.
Guarda todos os seus ossos,
nem um só será quebrado. Refrão

A maldade leva o ímpio à morte,
os inimigos do justo serão castigados.
O Senhor defende a vida dos seus servos,
não serão castigados os que n’Ele se refugiam. Refrão

SEGUNDA LEITURA
Ef 5, 21-32


«É grande este mistério, em relação a Cristo e à Igreja»


Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Efésios

Irmãos: Sede submissos uns aos outros no temor de Cristo. As mulheres submetam-se aos maridos como ao Senhor, porque o marido é a cabeça da mulher, como Cristo é a cabeça da Igreja, seu Corpo, do qual é o Salvador. Ora, como a Igreja se submete a Cristo, assim também as mulheres se devem submeter em tudo aos maridos. Maridos, amai as vossas mulheres, como Cristo amou a Igreja e Se entregou por ela. Ele quis santificá-la, purificando-a no baptismo da água pela palavra da vida, para a apresentar a Si mesmo como Igreja cheia de glória, sem mancha nem ruga, nem coisa alguma semelhante, mas santa e imaculada. Assim devem os maridos amar as suas mulheres, como os seus corpos. Quem ama a sua mulher ama-se a si mesmo. Ninguém, de facto, odiou jamais o seu corpo, antes o alimenta e lhe presta cuidados, como Cristo à Igreja; porque nós somos membros do seu Corpo. Por isso, o homem deixará pai e mãe, para se unir à sua mulher, e serão dois numa só carne. É grande este mistério, digo-o em relação a Cristo e à Igreja.

Palavra do Senhor.

ACLAMAÇÃO AO EVANGELHO
cf. Jo 6, 63c.68c


Refrão: Aleluia. Repete-se

As vossas palavras, Senhor, são espírito e vida:
Vós tendes palavras de vida eterna. Refrão

EVANGELHO
Jo 6, 60-69


«Para quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna»


terça-feira, 14 de agosto de 2018

Momento de reflexão

15 de agosto de 2018 

Assunção da Virgem Santa Maria - solenidade

São Bernardo (1091-1153)


monge cisterciense, doutor da Igreja

1.º Sermão para a Assunção

«Em Cristo, todos serão vivificados, cada qual na sua ordem» (1Cor 15,22-23)

Hoje, a Virgem Maria sobe, gloriosa, ao Céu. É o cúmulo de alegria dos anjos e dos santos. Com efeito, se uma simples palavra sua de saudação fez exultar o menino que ainda estava no seio materno (Lc 1, 44), qual não terá sido sido o regozijo dos anjos e dos santos quando puderam ouvir a sua voz, ver o seu rosto e gozar da sua presença abençoada! E para nós, irmãos bem-amados, que festa a da sua assunção gloriosa, que motivo de alegria e que fonte de júbilo temos hoje! A presença de Maria ilumina o mundo inteiro, a tal ponto resplandece o Céu, irradiando o brilho desta Virgem plenamente santa. Por conseguinte, é com razão que ecoam nos Céus a ação de graças e o louvor. Ora [...], na medida em que o Céu exulta com a presença de Maria, não será razoável que o nosso mundo chore a sua ausência? Mas não, não nos lastimemos, porque não temos aqui cidade permanente (Heb 13,14), antes procuramos aquela aonde a Virgem Maria chegou hoje. Se já estamos inscritos no número dos habitantes dessa cidade, convém que hoje nos lembremos dela [...], compartilhemos a sua alegria, participemos na alegria que deleita a cidade de Deus; uma alegria que depois se espalha como o orvalho sobre a nossa Terra. Sim, Ela precedeu-nos, a nossa Rainha, precedeu-nos e foi recebida com tanta glória que nós, seus humildes servos, podemos seguir a nossa Rainha com toda confiança gritando [com a Esposa do Cântico dos Cânticos]: «Arrasta-me atrás de ti. Corramos ao odor dos teus perfumes!» (Cant 1,3-4) Viajantes nesta Terra, enviamos à frente a nossa advogada [...], a Mãe de misericórdia, para defender eficazmente a nossa salvação.


Leituras do dia

Assunção da Virgem Maria

PRIMEIRA LEITURA
1 Cr 15, 3-4.15-16; 16, 1-2


«Levaram a arca de Deus e colocaram-na no meio da tenda que David mandara levantar para ela»


Leitura do Primeiro Livro das Crónicas

Naqueles dias, David reuniu em Jerusalém todo o povo de Israel, a fim de trasladar a arca do Senhor para o lugar que lhe tinha preparado. Convocou também os descendentes de Aarão e os levitas. Os levitas transportaram então a arca de Deus, por meio de varas que levavam aos ombros, conforme tinha ordenado Moisés, segundo a palavra do Senhor. David ordenou aos chefes dos levitas que dispusessem os seus irmãos cantores, para que, acompanhados por instrumentos de música – cítaras, harpas e címbalos – , entoassem as suas alegres melodias. Assim trasladaram a arca de Deus e colocaram-na no meio da tenda que David mandara levantar para ela. Depois ofereceram, diante de Deus, holocaustos e sacrifícios de comunhão. Quando David acabou de oferecer os holocaustos e os sacrifícios de comunhão, abençoou o povo em nome do Senhor.

Palavra do Senhor.

SALMO RESPONSORIAL
Salmo 131 (132), 6-7.9-10.13-14 (R. 8)


Refrão: Levantai-Vos, Senhor, e entrai no vosso repouso,
Vós e a arca da vossa majestade. Repete-se


Ouvimos dizer que a arca estava em Éfrata,
encontrámo-la nas campinas de Jaar.
Entremos no seu santuário,
prostremo-nos a seus pés. Refrão

Revistam-se de justiça os vossos sacerdotes,
exultem de alegria os vossos fiéis.
Por amor de David, vosso servo,
não afasteis o rosto do vosso Ungido. Refrão

O Senhor escolheu Sião,
preferiu-a para sua morada:
«É este para sempre o lugar do meu repouso,
aqui habitarei, porque o escolhi». Refrão

SEGUNDA LEITURA
1 Cor 15, 54b-57


«Deu-nos a vitória por Jesus Cristo»


Leitura da Primeira Epístola do apóstolo São Paulo aos Coríntios

Irmãos: Quando este nosso corpo mortal se tornar imortal, então se realizará a palavra da Escritura: «A morte foi absorvida na vitória. Ó morte, onde está a tua vitória? Ó morte, onde está o teu aguilhão?». O aguilhão da morte é o pecado e a força do pecado é a Lei. Mas dêmos graças a Deus, que nos dá esta vitória por Nosso Senhor Jesus Cristo.

Palavra do Senhor.

ACLAMAÇÃO AO EVANGELHO
Lc 11, 28


Refrão: Aleluia. Repete-se

Felizes os que ouvem a palavra de Deus
e a põem em prática. Refrão

EVANGELHO
Lc 11, 27-28


«Feliz Aquela que Te trouxe no seu ventre!»


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas

Naquele tempo, enquanto Jesus falava à multidão, uma mulher levantou a voz no meio da multidão e disse: «Feliz Aquela que Te trouxe no seu ventre e Te amamentou ao seu peito». Mas Jesus respondeu: «Mais felizes são os que ouvem a palavra de Deus e a põem em prática». 

Palavra da salvação.

A Voz do Teólogo

Diocese do Porto:

Renovação ou Revolução?


Não passou indeferente a quem visitou o site da Diocese do Porto e verificou as publicações de dois decretos do atual Bispo D. Manuel Linda, com o título "Species Facti", que
Informa os diocesanos da perda de "ofícios eclesiásticos exercícios por dois Sacerdotes. Até aqui tudo normal, o problema vem a seguir, ou seja, os respectivos Sacerdotes não concordoram e alegam uma espécie de ilegalidade canónica, que a meu ver  e depois de analisar os factos, não é nada mais nada menos que uma quebra de obediência prometida no dia da respectiva ordenação uma falta de sentido de missão. Sei porem que os Sacerdotes em questão já exerciam as funções há muitos anos, querendo assim mostrar alguma incoformidade pela perda dos seus ofícios até então, numa linguagem mais infantil diria de que se trata de uma espécie de "birra" !
Porém podemos reparar que Sr. Bispo do Porto após uma tentativa de "reconciliação" com os Sacerdotes em causa, tornou público toda esta situação, como que esperando uma opinião pública, esta atitude porém e na minha humilde opinião, é que se poderia evitar, talvez aqui se aplicasse a passagem bíblica de dar a outra face ( Matthew 5:39 )em vez de os lançar para a boca do lobo.
Para terminar, muitos sabem do quanto é necessário uma mudança profunda na exigente Igreja do Porto, e a meu ver com esta situação a ignição foi ligada. Vamos ver qual será o próximo passo. Até breve.

F. I.

domingo, 12 de agosto de 2018

Momento de reflexão

São Cirilo de Alexandria (380-444)

bispo, doutor da Igreja

Comentário ao evangelho de São Lucas, 22

«E o pão que Eu hei de dar é a minha carne, que Eu darei pela vida do mundo»

Como podia o homem, inexoravelmente preso à terra e submetido à morte, ter de novo acesso à imortalidade ? Era preciso que a sua carne se tornasse participante da força vivificadora que é Deus. Ora, a força vivificadora de Deus nosso Pai é a sua Palavra, é o Filho Único; foi Ele que Deus nos enviou como Salvador e Redentor. [...] Se deitares um pedacinho de pão em azeite, água ou vinho, impregnar-se-á das propriedades destes. Se o ferro estiver em contacto com o fogo, será tomado pela energia deste e, ainda que de facto o ferro seja por natureza ferro somente, tornar-se-á semelhante ao fogo. Do mesmo modo, portanto, o Verbo vivificador de Deus, ao unir-Se à carne de que Se apropriou, tornou-a vivificadora. Com efeito, Ele disse: « Quem acredita tem a vida eterna. Eu sou o pão da vida». E ainda: «Eu sou o pão vivo que desceu do Céu. Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão que Eu hei de dar é a minha carne [...]. Em verdade, em verdade vos digo: se não comerdes mesmo a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós». Assim, pois, ao comermos a carne de Cristo, Salvador de todos nós, e ao bebermos o seu sangue, temos em nós a vida, tornamo-nos um com Ele, e Ele permanece em nós. Ele tinha de vir até nós da maneira que convém a Deus, pelo Espírito Santo, e de integrar-Se de alguma forma nos nossos corpos, pela sua santa carne e pelo seu precioso sangue que, em benção vivificadora, recebemos no pão e no vinho. De facto [...], Deus usou de condescendência para com a nossa fragilidade e pôs toda a força da sua vida nos elementos do pão e do vinho, que deste modo estão dotados da energia da sua própria vida. Não hesiteis pois em crer, já que o próprio Senhor disse claramente: «Isto é o meu corpo» e «Isto é o meu sangue».


 

Leituras do dia

19° Domingo do tempo comum


PRIMEIRA LEITURA
1 Reis 19, 4-8

«Fortalecido com aquele alimento, caminhou até ao monte de Deus»


Leitura do Primeiro Livro dos Reis

Naqueles dias, Elias entrou no deserto e andou o dia inteiro. Depois sentou-se debaixo de um junípero e, desejando a morte, exclamou: «Já basta, Senhor. Tirai-me a vida, porque não sou melhor que meus pais». Deitou-se por terra e adormeceu à sombra do junípero. Nisto, um Anjo tocou-lhe e disse: «Levanta-te e come». Ele olhou e viu à sua cabeceira um pão cozido sobre pedras quentes e uma bilha de água. Comeu e bebeu e tornou a deitar-se. O Anjo do Senhor veio segunda vez, tocou-lhe e disse: «Levanta-te e come, porque ainda tens um longo caminho a percorrer». Elias levantou-se, comeu e bebeu. Depois, fortalecido com aquele alimento, caminhou durante quarenta dias e quarenta noites até ao monte de Deus, Horeb.

Palavra do Senhor.

SALMO RESPONSORIAL
Salmo 33 (34), 2-3.4-5.6-7.8-9 (R. 9a)


Refrão: Saboreai e vede como o Senhor é bom. Repete-se

A toda a hora bendirei o Senhor,
o seu louvor estará sempre na minha boca.
A minha alma gloria-se no Senhor:
escutem e alegrem-se os humildes. Refrão

Enaltecei comigo o Senhor
e exaltemos juntos o seu nome.
Procurei o Senhor e Ele atendeu-me,
libertou-me de toda a ansiedade. Refrão

Voltai-vos para Ele e ficareis radiantes,
o vosso rosto não se cobrirá de vergonha.
Este pobre clamou e o Senhor o ouviu,
salvou-o de todas as angústias. Refrão

O Anjo do Senhor protege os que O temem
e defende-os dos perigos.
Saboreai e vede como o Senhor é bom:
feliz o homem que n’Ele se refugia. Refrão

SEGUNDA LEITURA
Ef 4, 30 – 5, 2


«Caminhai na caridade, a exemplo de Cristo»


Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Efésios

Irmãos: Não contristeis o Espírito Santo de Deus, que vos assinalou para o dia da redenção. Seja eliminado do meio de vós tudo o que é azedume, irritação, cólera, insulto, maledicência e toda a espécie de maldade. Sede bondosos e compassivos uns para com os outros e perdoai-vos mutuamente, como Deus também vos perdoou em Cristo. Sede imitadores de Deus, como filhos muito amados. Caminhai na caridade, a exemplo de Cristo, que nos amou e Se entregou por nós, oferecendo-Se como vítima agradável a Deus.

Palavra do Senhor.

ACLAMAÇÃO AO EVANGELHO
Jo 6, 51


Refrão: Aleluia. Repete-se

Eu sou o pão vivo que desceu do Céu, diz o Senhor;
Quem comer deste pão viverá eternamente. Refrão

EVANGELHO
Jo 6, 41-51


«Eu sou o pão vivo que desceu do Céu»


 Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João

Naquele tempo, os judeus murmuravam de Jesus, por Ele ter dito: «Eu sou o pão que desceu do Céu». E diziam: «Não é Ele Jesus, o filho de José? Não conhecemos o seu pai e a sua mãe? Como é que Ele diz agora: ‘Eu desci do Céu’?». Jesus respondeu-lhes: «Não murmureis entre vós. Ninguém pode vir a Mim, se o Pai, que Me enviou, não o trouxer; e Eu ressuscitá-lo-ei no último dia. Está escrito no livro dos Profetas: ‘Serão todos instruídos por Deus’. Todo aquele que ouve o Pai e recebe o seu ensino vem a Mim. Não porque alguém tenha visto o Pai; só Aquele que vem de junto de Deus viu o Pai. Em verdade, em verdade vos digo: Quem acredita tem a vida eterna. Eu sou o pão da vida. No deserto, os vossos pais comeram o maná e morreram. Mas este pão é o que desce do Céu, para que não morra quem dele comer. Eu sou o pão vivo que desceu do Céu. Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão que Eu hei-de dar é a minha carne, que Eu darei pela vida do mundo».

Palavra da salvação.

domingo, 5 de agosto de 2018

Momento de reflexão

Guigues o Cartuxo (1083-1136)

Prior da Grande Cartuxa
Meditação 10


«Dá-nos sempre desse pão»

O pão da alma é Cristo, «o pão vivo que desceu do céu» (Jo 6,51) e que alimenta os seus, agora pela fé, no mundo futuro pela visão. Pois Cristo habita em ti pela fé e a fé em Cristo é Cristo no teu coração (Ef 3,17). É na medida em que crês em Cristo que O possuis. E Cristo é, na verdade, um só pão «pois há um único Senhor, uma única fé» (Ef 4,5) para todos os crentes, se bem que uns recebam mais e outros menos do dom dessa mesma fé. [...] Como a verdade é única, uma única fé na verdade única guia e alimenta todos os crentes, e «um mesmo e único Espírito, que distribui a cada um os seus dons conforme entende» (1Cor, 12,11). Vivemos todos do mesmo pão e cada um de nós recebe a sua porção; no entanto, Cristo é todo para nós, exceto para aqueles que destroem a unidade. [...] Neste dom que recebi, possuo totalmente Cristo e Cristo possui-me totalmente, tal como o membro que pertence a todo o corpo também o possui por inteiro. Assim, esta porção de fé que recebeste é como o pequeno pedaço que pão que está na tua boca. Mas, se não meditares frequente e piedosamente naquilo em que crês, se não o mastigares, por assim dizer, triturando-o e voltando-o com os dentes, isto é, com os sentidos do teu espírito, ele não te franqueará a garganta, ou seja, não chegará até à tua inteligência. Com efeito, como poderias compreender algo em que meditas raramente e com negligência, sobretudo quando se trata de uma coisa ténue e invisível? [...] Que, pela meditação, «a lei do Senhor esteja sempre na tua boca» (Ex 13,9) para que nasça em ti a boa inteligência. Através da boa compreensão, o alimento passa para o teu coração, para que não negligencies aquilo que compreendeste, mas antes o recolhas com amor.


 

Leituras do dia

Domingo XVIII do Tempo Comum

PRIMEIRA LEITURA
Ex 16, 2-4.12-15


«Eu farei que chova para vós pão do céu»


Leitura do Livro do Êxodo

Naqueles dias, toda a comunidade dos filhos de Israel começou a murmurar no deserto contra Moisés e Aarão. Disseram-lhes os filhos de Israel: «Antes tivéssemos morrido às mãos do Senhor na terra do Egipto, quando estávamos sentados ao pé das panelas de carne e comíamos pão até nos saciarmos. Trouxestes-nos a este deserto, para deixar morrer à fome toda esta multidão». Então o Senhor disse a Moisés: «Vou fazer que chova para vós pão do céu. O povo sairá para apanhar a quantidade necessária para cada dia. Vou assim pô-lo à prova, para ver se segue ou não a minha lei. Eu ouvi as murmurações dos filhos de Israel. Vai dizer-lhes: ‘Ao cair da noite comereis carne e de manhã saciar-vos-eis de pão. Então reconhecereis que Eu sou o Senhor, vosso Deus’». Nessa tarde apareceram codornizes, que cobriram o acampamento, e na manhã seguinte havia uma camada de orvalho em volta do acampamento. Quando essa camada de orvalho se evaporou, apareceu à superfície do deserto uma substância granulosa, fina como a geada sobre a terra. Quando a viram, os filhos de Israel perguntaram uns aos outros: «Man-hu?», quer dizer: «Que é isto?», pois não sabiam o que era. Disse-lhes então Moisés: «É o pão que o Senhor vos dá em alimento».

Palavra do Senhor.

SALMO RESPONSORIAL
Salmo 77 (78), 3.4bc.23-24.25.54 (R. 24b )


Refrão: O Senhor deu-lhes o pão do céu. Repete-se

Nós ouvimos e aprendemos,
os nossos pais nos contaram
os louvores do Senhor e o seu poder
e as maravilhas que Ele realizou. Refrão

Deu suas ordens às nuvens do alto
e abriu as portas do céu;
para alimento fez chover o maná,
deu-lhes o pão do céu. Refrão

O homem comeu o pão dos fortes!
Mandou-lhes comida com abundância
e introduziu-os na sua terra santa,
na montanha que a sua direita conquistou. Refrão

SEGUNDA LEITURA
Ef 4, 17.20-24


«Revesti-vos do homem novo, criado à imagem de Deus»


Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Efésios

Irmãos: Eis o que vos digo e aconselho em nome do Senhor: Não torneis a proceder como os pagãos, que vivem na futilidade dos seus pensamentos. Não foi assim que aprendestes a conhecer a Cristo, se é que d’Ele ouvistes pregar e sobre Ele fostes instruídos, conforme a verdade que está em Jesus. É necessário abandonar a vida de outrora e pôr de parte o homem velho, corrompido por desejos enganadores. Renovai-vos pela transformação espiritual da vossa inteligência e revesti-vos do homem novo, criado à imagem de Deus na justiça e santidade verdadeiras.

Palavra do Senhor.

ACLAMAÇÃO AO EVANGELHO
Mt 4, 4b


Refrão: Aleluia. Repete-se

Nem só de pão vive o homem,
mas de toda a palavra que sai da boca de Deus. Refrão

EVANGELHO
Jo 6, 24-35


«Quem vem a Mim nunca mais terá fome, quem acredita em Mim nunca mais terá sede»


 Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João

Naquele tempo, quando a multidão viu que nem Jesus nem os seus discípulos estavam à beira do lago, subiram todos para as barcas e foram para Cafarnaum, à procura de Jesus. Ao encontrá-l’O no outro lado do mar, disseram-Lhe: «Mestre, quando chegaste aqui?». Jesus respondeu-lhes: «Em verdade, em verdade vos digo: vós procurais-Me, não porque vistes milagres, mas porque comestes dos pães e ficastes saciados. Trabalhai, não tanto pela comida que se perde, mas pelo alimento que dura até à vida eterna e que o Filho do homem vos dará. A Ele é que o Pai, o próprio Deus, marcou com o seu selo». Disseram-Lhe então: «Que devemos nós fazer para praticar as obras de Deus?». Respondeu-lhes Jesus: «A obra de Deus consiste em acreditar n’Aquele que Ele enviou». Disseram-Lhe eles: «Que milagres fazes Tu, para que nós vejamos e acreditemos em Ti? Que obra realizas? No deserto os nossos pais comeram o maná, conforme está escrito: ‘Deu-lhes a comer um pão que veio do Céu’». Jesus respondeu-lhes: «Em verdade, em verdade vos digo: Não foi Moisés que vos deu o pão do Céu; meu Pai é que vos dá o verdadeiro pão do Céu. O pão de Deus é o que desce do Céu para dar a vida ao mundo». Disseram-Lhe eles: «Senhor, dá-nos sempre desse pão». Jesus respondeu-lhes: «Eu sou o pão da vida: quem vem a Mim nunca mais terá fome, quem acredita em Mim nunca mais terá sede».

Palavra da salvação.

segunda-feira, 30 de julho de 2018

Momento de reflexão

Segunda-feira da 17ª semana do Tempo Comum


S. Pedro Crisólogobispo, Doutor da Igreja, +450


São Pedro Crisólogo (c. 406-450)


bispo de Ravena, doutor da Igreja

Sermão 99

«Até ficar tudo levedado»

Busquemos o sentido profundo desta parábola. A mulher que tomou o fermento é a Igreja; o fermento que ela tomou é a revelação da doutrina celeste; as três medidas em que misturou o fermento são a Lei, os Profetas e os Evangelhos, onde o sentido divino mergulha e se esconde sob termos simbólicos, a fim de ser captado pelo fiel e de escapar ao infiel. As palavras «até ficar tudo levedado» dizem respeito ao que diz o apóstolo Paulo: «Imperfeita é a nossa ciência, imperfeita também a nossa profecia. Quando vier o que é perfeito, desaparecerá o que é imperfeito» (1Cor 13,9). O conhecimento de Deus está agora na massa: espalha-se pelos sentidos, enche os corações, aumenta as inteligências e, como todos os ensinamentos, alarga-os, eleva-os e desenvolve-os até alcançarem as dimensões da sabedoria celeste. Tudo será levedado em breve. Quando? Na segunda vinda de Cristo


Leituras do dia

Segunda-feira da Semana XVII do Tempo Comum 

PRIMEIRA LEITURA
Jer 13, 1-11


«O povo ficará como essa faixa, que já não serve para nada»


Leitura do Livro de Jeremias
O Senhor disse-me: «Vai comprar uma faixa de linho e põe-na à cintura, mas sem a molhares na água». Eu comprei a faixa e pu-la à cintura, como o Senhor me tinha ordenado. Pela segunda vez me foi dirigida a palavra do Senhor: «Toma a faixa que compraste e que trazes à cintura, põe-te a caminho até ao rio Eufrates e esconde-a lá na fenda dum rochedo». Eu fui esconder a faixa na margem do Eufrates, como o Senhor me tinha ordenado. Muitos dias depois, disse-me o Senhor: «Põe-te a caminho e vai ao rio Eufrates buscar a faixa que lá te mandei esconder». Eu fui ao Eufrates procurar a faixa e tirá-la do lugar onde a escondera. Mas a faixa tinha-se estragado e já não servia para nada. Então o Senhor dirigiu-me a palavra, dizendo: «Assim fala o Senhor: Deste modo destruirei o orgulho de Judá, a grande soberba de Jerusalém. Este povo perverso, que recusa ouvir as minhas palavras, que segue as tendências do seu coração obstinado e segue outros deuses para os servir e adorar, ficará como essa faixa, que já não serve para nada. Porque assim como a faixa se prende à cintura do homem, também Eu tinha prendido a Mim toda a casa de Israel e toda a casa de Judá, – diz o Senhor – para que fossem o meu povo, proclamando o meu nome, o meu louvor e a minha glória. Mas eles não Me obedeceram».


Palavra do Senhor.


SALMO RESPONSORIAL
Deut 32, 18-19.20.21 (R. cf. 18a)


Abandonaste a Deus que te criou.


Desprezaste o Rochedo que te gerou,
esqueceste a Deus que te deu a vida.
O Senhor viu e ficou indignado
e rejeitou teus filhos e tuas filhas. 

O Senhor disse: «Vou ocultar-lhes o meu rosto
e ver qual será o seu futuro,
porque são uma geração perversa
de filhos que não conhecem a fidelidade». 

«Provocaram-Me com um deus falso,
irritaram-Me com inúteis ídolos;
e Eu vou provocá-los com um povo falso,
vou irritá-los com uma nação insensata».


ACLAMAÇÃO AO EVANGELHO
Tg 1, 18


Deus Pai nos gerou pela palavra da verdade,
para sermos as primícias das suas criaturas.


EVANGELHO
Mt 13, 31-35


«O grão de mostarda torna-se árvore, de modo que as aves do céu vêm abrigar-se nos seus ramos»


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus


Naquele tempo, Jesus disse ainda à multidão a seguinte parábola: «O reino dos Céus pode comparar-se ao grão de mostarda que um homem tomou e semeou no seu campo. Sendo a menor de todas as sementes, depois de crescer, é a maior de todas as hortaliças e torna-se árvore, de modo que as aves do céu vêm abrigar-se nos seus ramos». Disse-lhes outra parábola: «O reino dos Céus pode comparar-se ao fermento que uma mulher toma e mistura em três medidas de farinha, até ficar tudo levedado». Tudo isto disse Jesus em parábolas, e sem parábolas nada lhes dizia, a fim de se cumprir o que fora anunciado pelo profeta, que disse: «Abrirei a minha boca em parábolas, proclamarei verdades ocultas desde a criação do mundo».


Palavra da salvação.


domingo, 29 de julho de 2018

Momento de reflexão

Santo Hilário (c. 315-367)

bispo de Poitiers, doutor da Igreja

Comentário ao Evangelho de S. Mateus, 14, 11; PL 9, 999

«Este é, na verdade, o Profeta que estava para vir ao mundo»

Os discípulos dizem que têm apenas cinco pães e dois peixes. Os cinco pães significam que estavam ainda submetidos aos cinco livros da Lei, e os dois peixes que eram alimentados pelos ensinamentos dos profetas e de João Batista. [...] O Senhor tomou os pães e os peixes, ergueu os olhos ao céu, abençoou-os e partiu-os, dando graças ao Pai pelo alimento da Boa Nova, após séculos da Lei e dos profetas. [...] Os pães são dados aos apóstolos, pois seria por eles que seriam difundidos os dons da graça divina. Em seguida, as pessoas são alimentadas com os cinco pães e os dois peixes. Uma vez saciados os convivas, os bocados de pão e de peixe que sobejaram eram de tal forma abundantes que encheram doze cestos. Isto significa que a multidão fica saciada com a palavra de Deus, que provém dos ensinamentos da Lei e dos profetas. É a abundância do poder divino [...] que realiza a plenitude do número doze, que é também o número dos apóstolos. Ora acontece que o número dos que comeram é o mesmo que o dos crentes vindouros: cinco mil homens (Mt 14,21; At 4,4).

Leituras do dia

XXVII Domingo do Tempo Comum

PRIMEIRA LEITURA
2 Reis 4, 42-44


«Comerão e ainda há-de sobrar»


Leitura do Segundo Livro dos Reis

Naqueles dias, veio um homem da povoação de Baal-Salisa e trouxe a Eliseu, o homem de Deus, pão feito com os primeiros frutos da colheita. Eram vinte pães de cevada e trigo novo no seu alforge. Eliseu disse: «Dá-os a comer a essa gente». O servo respondeu: «Como posso com isto dar de comer a cem pessoas?». Eliseu insistiu: «Dá-os a comer a essa gente, porque assim fala o Senhor: ‘Comerão e ainda há-de sobrar’». Deu-lhos e eles comeram, e ainda sobrou, segundo a palavra do Senhor.

Palavra do Senhor.

SALMO RESPONSORIAL
Salmo 144 (145), 10-11.15-16.17-18 (R. cf. 16)


Refrão: Abris, Senhor, as vossas mãos
e saciais a nossa fome. Repete-se


Graças Vos dêem, Senhor, todas as criaturas
e bendigam-Vos os vossos fiéis.
Proclamem a glória do vosso reino
e anunciem os vossos feitos gloriosos. Refrão

Todos têm os olhos postos em Vós,
e a seu tempo lhes dais o alimento.
Abris as vossas mãos
e todos saciais generosamente. Refrão

O Senhor é justo em todos os seus caminhos
e perfeito em todas as suas obras.
O Senhor está perto de quantos O invocam,
de quantos O invocam em verdade. Refrão


SEGUNDA LEITURA
Ef 4, 1-6


«Um só Corpo, um só Senhor, uma só fé, um só Baptismo»


Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Efésios

Irmãos: Eu, prisioneiro pela causa do Senhor, recomendo-vos que vos comporteis segundo a maneira de viver a que fostes chamados: procedei com toda a humildade, mansidão e paciência; suportai-vos uns aos outros com caridade; empenhai-vos em manter a unidade de espírito pelo vínculo da paz. Há um só Corpo e um só Espírito, como há uma só esperança na vida a que fostes chamados. Há um só Senhor, uma só fé, um só Baptismo. Há um só Deus e Pai de todos, que está acima de todos, actua em todos e em todos Se encontra.

Palavra do Senhor.

ACLAMAÇÃO AO EVANGELHO
Lc 7, 16


Refrão: Aleluia. Repete-se


Apareceu entre nós um grande profeta:
Deus visitou o seu povo. Refrão


EVANGELHO
Jo 6, 1-15


«Distribuiu-os e comeram quanto quiseram»


 Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João

Naquele tempo, Jesus partiu para o outro lado do mar da Galileia, ou de Tiberíades. Seguia-O numerosa multidão, por ver os milagres que Ele realizava nos doentes. Jesus subiu a um monte e sentou-Se aí com os seus discípulos. Estava próxima a Páscoa, a festa dos judeus. Erguendo os olhos e vendo que uma grande multidão vinha ao seu encontro, Jesus disse a Filipe: «Onde havemos de comprar pão para lhes dar de comer?». Dizia isto para o experimentar, pois Ele bem sabia o que ia fazer. Respondeu-Lhe Filipe: «Duzentos denários de pão não chegam para dar um bocadinho a cada um». Disse-Lhe um dos discípulos, André, irmão de Simão Pedro: «Está aqui um rapazito que tem cinco pães de cevada e dois peixes. Mas que é isso para tanta gente?». Jesus respondeu: «Mandai-os sentar». Havia muita erva naquele lugar e os homens sentaram-se em número de uns cinco mil. Então, Jesus tomou os pães, deu graças e distribuiu-os aos que estavam sentados, fazendo o mesmo com os peixes; e comeram quanto quiseram. Quando ficaram saciados, Jesus disse aos discípulos: «Recolhei os bocados que sobraram, para que nada se perca». Recolheram-nos e encheram doze cestos com os bocados dos cinco pães de cevada que sobraram aos que tinham comido. Quando viram o milagre que Jesus fizera, aqueles homens começaram a dizer: «Este é, na verdade, o Profeta que estava para vir ao mundo». Mas Jesus, sabendo que viriam buscá-l’O para O fazerem rei, retirou-Se novamente, sozinho, para o monte.

Palavra da salvação.

quarta-feira, 25 de julho de 2018

São Cristóvão

S. Cristóvão


MÁRTIR, SÉC. III

Celebrado a 25 de Julho 


S. Cristóvão


Seu nome significa “portador de Cristo”.
A vida deste santo está envolta em muitas lendas, de tal ponto que é difícil saber-se qual a verdade da sua vida. Saba-se que foi mártir, morreu na cidade de Lícia, no Sul da Turquia, durante a perseguição do Imperador Décio.
Conta uma lenda muito propalada que, quando era ainda jovem forte, Cristóvão escutou a prática de um eremita e recebeu a instrução da fé cristã. Para se preparar para o batismo, decidiu morar perto de um rio e ajudar os viajantes a passar a correnteza das águas que, às vezes, era muito forte.
Uma noite, uma criança veio despertá-lo, suplicando-lhe ajuda para atravessar o rio. Levando o menino em seus ombros, estranhou o peso que levava, que aumentou tanto que, só com grande esforço, chegou ao outro lado do rio, onde o menino, que era o Menino Jesus, disse que Cristóvão um dia seria Mártir.
Depois de haver recebido o batismo, São Cristóvão dirigiu-se à cidade de Lícia para pregar ali o Evangelho. Foi martirizado naquela cidade. Flechas perfuraram o seu corpo e depois foi decapitado.
São Cristóvão foi sempre muito invocado e venerado. Na Idade Média esta veneração foi muito praticada. Ele é o protetor poderoso dos viajantes que enfrentam perigos no caminho.Também é o padroeiro dos carteiros e dos pilotos.


 

São Tiago Maior

S. Tiago Maior


APÓSTOLO, MÁRTIR


Celebrado a 25 de Julho 


S. Tiago


Tiago (o Maior), filho de Zebedeu e de Salomé, era irmão do evangelista São João. Seu pai estava presente quando os dois irmãos, dentro de em um barco no lago de Genesaré, receberam o pedido de Jesus para O acompanharem: “eles, abandonaram o barco e seu pai e seguiram-nO,” demonstrando vontade decidida e índole forte. Talvez por isso, receberam de Jesus o apelido de “filhos do trovão”. 
Como os outros discípulos, Tiago foi perseguido pelas autoridades judaicas e preso. No seu cárcere, sofreu todo tipo de tortura e flagelo. Mesmo assim, sentia muito orgulho de estar sendo torturado por amor a Jesus. 
Segundo uma tradição, o apóstolo Tiago teria sido o primeiro evangelizador da Espanha e as suas relíquias teriam sido levadas para Compostela, uma das metas mais procuradas pelos peregrinos na Europa. 




Momento de reflexão

São João Crisóstomo (c. 345-407)

presbítero de Antioquia, bispo de Constantinopla, doutor da Igreja

Homilias sobre o Evangelho de São Mateus, n.º 65, 2-4; PG 58, 619

Beber do seu cálice e sentar-se à sua direita

Por intermédio de sua mãe, os filhos de Zebedeu fazem ao Mestre este pedido, na presença dos companheiros : «Ordena que nos sentemos um à tua direita e o outro à tua esquerda». [...] Cristo apressa-Se a tirar-lhes as ilusões, dizendo-lhes que devem estar prontos a sofrer injúrias, perseguições e mesmo a morte: «Não sabeis o que estais a pedir. Podeis beber o cálice que Eu hei de beber?» Que ninguém se espante por ver os apóstolos presa de tão imperfeitas inclinações. Espera que o mistério da cruz seja cumprido, que a força do Espírito Santo lhes seja comunicada. Se queres ver a sua força de alma, observa-os mais tarde, e vê-los-ás superiores a todas as fragilidades humanas. Cristo não esconde as suas fraquezas, para que tu vejas aquilo em que depois se hão de tornar, pela força da graça que os há de transformar [...]. «Não sabeis o que estais a pedir». Não sabeis quão grande e prodigiosa é essa honra. Sentar-se à minha direita? Isso ultrapassa os próprios poderes angélicos. «Podeis beber o cálice que Eu hei de beber?» Falais-Me de tronos e de diademas insignificantes; Eu falo-vos de combates e de sofrimentos. Não é agora que receberei a minha realeza; ainda não chegou a hora da glória. Para Mim e para os meus, é tempo de violência, de combates e de perigos. Repara que Ele não lhes pergunta diretamente: «Tereis coragem para derramar o vosso sangue?» Para os encorajar, propõe-lhes que partilhem o seu cálice, que vivam em comunhão com Ele [...]. Mais tarde, verás São João, o mesmo que agora deseja o primeiro lugar, ceder a presidência a São Pedro [...]. Quanto a Tiago, o seu apostolado não durou muito tempo. Ardente de fervor, desprezando por completo os interesses meramente humanos, com seu zelo, mereceu ser o primeiro mártir de entre os apóstolos (cf At 12,2).

Leituras do dia

São Tiago Maior, Apóstolo

PRIMEIRA LEITURA
2 Cor 4, 7-15


«Levamos sempre no nosso corpo os sofrimentos da morte de Jesus»


Leitura da Segunda Epístola do apóstolo São Paulo aos Coríntios
Irmãos:


Nós trazemos em vasos de barro o tesouro do nosso ministério,
para que se reconheça que um poder tão sublime
vem de Deus e não de nós.
Em tudo somos oprimidos, mas não esmagados;
andamos perplexos, mas não desesperados;
perseguidos, mas não abandonados;
abatidos, mas não aniquilados.
Levamos sempre e em toda a parte no nosso corpo
os sofrimentos da morte de Jesus,
a fim de que se manifeste também no nosso corpo
a vida de Jesus.
Porque, estando ainda vivos,
somos constantemente entregues à morte por causa de Jesus,
para que se manifeste também na nossa carne mortal
a vida de Jesus.
E assim, a morte actua em nós e a vida em vós.
Diz a Escritura: «Acreditei; por isso falei».
Com este mesmo espírito de fé,
também nós acreditamos, e por isso falamos,
sabendo que Aquele que ressuscitou o Senhor Jesus
também nos há-de ressuscitar com Jesus
e nos levará convosco para junto d’Ele.
Tudo isto é por vossa causa,
para que uma graça mais abundante
multiplique as acções de graças de um maior número de cristãos
para glória de Deus.


Palavra do Senhor.


SALMO RESPONSORIAL
Salmo 125 (126), 1-2ab.2cd-3.4-5.6 (R.5)


Refrão: Os que semeiam com lágrimas recolhem com alegria.


Quando o Senhor fez regressar os cativos de Sião,
parecia-nos viver um sonho.
Da nossa boca brotavam expressões de alegria
e de nossos lábios cânticos de júbilo.

Diziam então os pagãos:
«O Senhor fez por eles grandes coisas».
Sim, grandes coisas fez por nós o Senhor,
estamos exultantes de alegria.

Fazei regressar, Senhor, os nossos cativos,
como as torrentes do deserto.
Os que semeiam em lágrimas
recolhem com alegria.

À ida, vão a chorar,
levando as sementes;
à volta, vêm a cantar,
trazendo os molhos de espigas.


ACLAMAÇÃO AO EVANGELHO
cf. Jo 15, 16


Refrão: Aleluia Repete-se
Eu vos escolhi do mundo, para que vades e deis fruto
e o vosso fruto permaneça. Refrão


EVANGELHO
Mt 20, 20-28


«Bebereis do meu cálice»


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus


Naquele tempo,
a mãe dos filhos de Zebedeu
aproximou-se de Jesus com os filhos
e prostrou-se para Lhe fazer um pedido.
Jesus perguntou-lhe: «Que queres?».
Ela disse-Lhe:
«Ordena que estes meus dois filhos
se sentem no teu reino
um à tua direita e outro à tua esquerda».
Jesus respondeu:
«Não sabeis o que estais a pedir.
Podeis beber o cálice que Eu hei-de beber?».
Eles disseram: «Podemos».
Então Jesus declarou-lhes:
«Bebereis do meu cálice.
Mas sentar-se à minha direita e à minha esquerda
não pertence a Mim concedê-lo;
é para aqueles a quem meu Pai o designou».
Os outros dez, que tinham escutado,
indignaram-se com os dois irmãos.
Mas Jesus chamou-os e disse-lhes:
«Sabeis que os chefes das nações exercem domínio sobre elas
e os grandes fazem sentir sobre elas o seu poder.
Não deve ser assim entre vós.
Quem entre vós quiser tornar-se grande
seja vosso servo
e quem entre vós quiser ser o primeiro
seja vosso escravo.
Será como o filho do homem,
que não veio para ser servido, mas para servir
e dar a vida pela redenção dos homens».


Palavra da salvação.


segunda-feira, 16 de julho de 2018

Momento de reflexão

São Tiago de Sarug (c. 449-521)

monge e bispo sírio

Poema

Converter-se e regressar

Regressarei à casa de meu Pai, como o filho pródigo (Lc 15,18), e serei acolhido. Como ele fez, assim farei eu: corresponderá o Pai aos meus desejos? [...] Pois estou morto pelo pecado, como se morre de doença. Resgata-me desta ruína, e possa eu louvar o teu nome! Senhor da terra e do céu, peço-Te: ajuda-me e mostra-me o caminho para chegar a Ti! Leva-me à tua presença, Filho do Magnânimo, e alcança o cume da tua misericórdia! Irei a Ti e saciar-me-ei com a tua alegria. Nesta hora de profundo cansaço, mói para mim o fermento da vida! Parti à tua procura e o maligno estava à espreita, como salteador (Lc 10,30). Atou-me e atolou-me nos prazeres deste mundo; encarcerou-me nos seus deleites e depois deu-me com a porta na cara. Não há ninguém que me liberte para que eu parta de novo à tua procura, ó meu Senhor! [...] Quero ser teu, Senhor, e caminhar contigo! Medito nos teus mandamentos dia e noite (Sl 1,2). Sê-me propício e acolhe o meu lamento, ó Misericordioso! Não me cortes a esperança, Senhor, porque sou teu servo e espero em Ti!

Leituras do dia

Terça-feira da XV Semana do Tempo Comum

PRIMEIRA LEITURA
Is 7, 1-9


«Se não tiverdes fé, não podereis sobreviver»


Leitura do Livro de Isaías


No tempo em que Acaz, filho de Jotão, filho de Ozias, era rei de Judá, Rason, rei dos arameus, e Pecá, filho de Romélia, rei de Israel, marcharam contra Jerusalém para a atacarem, mas não puderam conquistá-la. Quando chegou a notícia à casa de David de que os arameus tinham acampado em Efraim, o coração do rei e do povo estremeceu, como se agitam as árvores da floresta batidas pelo vento. O Senhor disse então a Isaías: «Vai ao encontro de Acaz, com teu filho Sear-Jasub, no extremo do aqueduto da piscina superior, que fica na estrada do Campo do Pisoeiro, e diz-lhe: Tem cuidado, mas não temas; não desanimes nem te assustes à vista desses dois tições fumegantes, da fúria de Rason, rei dos arameus, e do filho de Romélia. Os arameus, com Efraim e o filho de Romélia, decidiram fazer-te mal e disseram: ‘Marchemos contra Judá, para o intimidar, vamos invadi-lo, para que se renda, e estabeleceremos nele como rei o filho de Tabeel’. Assim fala o Senhor Deus: Isto não acontecerá, isto não se realizará. A capital dos arameus é Damasco e o chefe de Damasco é Rason; a capital de Efraim é Samaria e o chefe de Samaria é o filho de Romélia. Mas dentro de sessenta e cinco anos, Efraim será arrasado e deixará de ser um povo. Contudo, se não tiverdes fé, não podereis sobreviver».


Palavra do Senhor.


SALMO RESPONSORIAL
Salmo 47 (48), 2-3a.3b-4.5-6.7-8 (R. cf. 9d)


Refrão: Guardai para sempre, Senhor, a vossa morada. Repete-se


Grande é o Senhor e digno de louvor
na cidade do nosso Deus.
A sua montanha sagrada é a mais bela das montanhas,
a alegria de toda a terra. Refrão

O monte Sião, no extremo norte,
é a cidade do grande Rei.
Deus Se mostrou em seus palácios
um baluarte seguro. Refrão

Os reis aliaram-se
e avançaram todos juntos.
Mal a avistaram, tomaram-se de pânico
e, perturbados, puseram-se em fuga. Refrão

Ali se apoderou deles o pavor,
angústia como a da mulher que dá à luz,
como quando o vento leste
despedaça as naus de Társis. Refrão


ACLAMAÇÃO AO EVANGELHO
cf. Salmo 94 (95), 8ab


Refrão: Aleluia Repete-se

Se hoje ouvirdes a voz do Senhor,
não fecheis os vossos corações. Refrão

EVANGELHO
Mt 11, 20-24


«O dia do Juízo será mais tolerável para Tiro e Sidónia


 Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus


Naquele tempo, começou Jesus a censurar duramente as cidades em que se tinha realizado a maior parte dos seus milagres, por não se terem arrependido: «Ai de ti, Corazim! Ai de ti, Betsaida! Porque se em Tiro e em Sidónia se tivessem realizado os milagres que em vós se realizaram, há muito teriam feito penitência, vestindo-se de cilício e cobrindo-se de cinza. Mas Eu vos digo que no dia do Juízo haverá mais tolerância para Tiro e Sidónia do que para vós. E tu, Cafarnaum, serás exaltada até ao céu? Até ao inferno é que descerás. Porque se em Sodoma se tivessem realizado os milagres que em ti se realizaram, ela teria permanecido até hoje. Mas Eu vos digo que no dia do Juízo haverá mais tolerância para a terra de Sodoma do que para ti».

Palavra da salvação.


domingo, 15 de julho de 2018

Momento de reflexão

São Cirilo de Alexandria (380-444)

bispo, doutor da Igreja

Comentário sobre o Evangelho de São João 12,1

«Começou a enviá-los dois a dois».

Nosso Senhor Jesus Cristo constituiu-os guias e mestres do mundo e «dispensadores dos seus divinos mistérios» (1Cor 4,11) e mandou-lhes que brilhassem como lâmpadas acesas e iluminassem não só o país dos judeus [...], mas tudo o que está debaixo do sol, todos os os habitantes da Terra (Mt 5,14). [...] Com efeito, querendo enviar os seus discípulos como o Pai O tinha enviado a Ele, era necessário que, para poderem imitá-l'O na perfeição, eles compreendessem bem o mandato do Pai ao Filho. Por isso, explicou-lhes de muitas maneiras os objetivos da sua missão. Certa vez, disse-lhes: «Não foram os justos que Eu vim chamar ao arrependimento, mas os pecadores» (Lc 5,32); e ainda: « Desci do Céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade d'Aquele que Me enviou» (Jo 6,38); e doutra vez: «Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por Ele» (Jo 3,17). Definida assim em poucas palavras a missão dos Apóstolos, explicou-lhes que os enviava como Ele fora enviado pelo Pai, para que soubessem que era seu dever chamar os pecadores à conversão; sarar os enfermos, tanto do corpo como do espírito; nunca procurar a própria vontade, mas a d'Aquele por quem tinham sido enviados; e salvar o mundo com a sua doutrina.

Leituras do dia

XV Domingo do Tempo Comum

PRIMEIRA LEITURA
Amós 7, 12-15


«Vai, profeta, ao meu povo»


Leitura da Profecia de Amós

Naqueles dias, Amasias, sacerdote de Betel, disse a Amós: «Vai-te daqui, vidente. Foge para a terra de Judá. Aí ganharás o pão com as tuas profecias. Mas não continues a profetizar aqui em Betel, que é o santuário real, o templo do reino». Amós respondeu a Amasias: «Eu não era profeta, nem filho de profeta. Era pastor de gado e cultivava sicómoros. Foi o Senhor que me tirou da guarda do rebanho e me disse: ‘Vai profetizar ao meu povo de Israel’».

Palavra do Senhor.

SALMO RESPONSORIAL
Salmo 84 (85), 9ab-10.11-12.13-14 (R. 8)


Refrão: Mostrai-nos, Senhor, o vosso amor
e dai-nos a vossa salvação. Repete-se


Ou


Mostrai-nos, Senhor, a vossa misericórdia. Repete-se


Deus fala de paz ao seu povo e aos seus fiéis
e a quantos de coração a Ele se convertem.
A sua salvação está perto dos que O temem
e a sua glória habitará na nossa terra. Refrão

Encontraram-se a misericórdia e a fidelidade,
abraçaram-se a paz e a justiça.
A fidelidade vai germinar da terra
e a justiça descerá do Céu. Refrão

O Senhor dará ainda o que é bom,
e a nossa terra produzirá os seus frutos.
A justiça caminhará à sua frente
e a paz seguirá os seus passos. Refrão


SEGUNDA LEITURA
Ef 1, 3-14 (3-10)


«Escolheu-nos, em Cristo, antes da criação do mundo»


Forma longa

Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Efésios

Bendito seja Deus, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, que do alto dos Céus nos abençoou com toda a espécie de bênçãos espirituais em Cristo. N’Ele nos escolheu, antes da criação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis, em caridade, na sua presença. Ele nos predestinou, conforme a benevolência da sua vontade, a fim de sermos seus filhos adoptivos, por Jesus Cristo, para louvor da sua glória e da graça que derramou sobre nós, por seu amado Filho. N’Ele, pelo seu sangue, temos a redenção e a remissão dos pecados. Segundo a riqueza da sua graça, que Ele nos concedeu em abundância, com plena sabedoria e inteligência, deu-nos a conhecer o mistério da sua vontade, o desígnio de benevolência n’Ele de antemão estabelecido, para se realizar na plenitude dos tempos: instaurar todas as coisas em Cristo, tudo o que há nos Céus e na terra. Em Cristo fomos constituídos herdeiros, por termos sido predestinados, segundo os desígnios d’Aquele que tudo realiza conforme a decisão da sua vontade, para sermos um hino de louvor da sua glória, nós que desde o começo esperámos em Cristo. Foi n’Ele que vós também, depois de ouvirdes a palavra da verdade, o Evangelho da vossa salvação, abraçastes a fé e fostes marcados pelo Espírito Santo. E o Espírito Santo prometido é o penhor da nossa herança, para a redenção do povo que Deus adquiriu para louvor da sua glória.

Palavra do Senhor.

Forma breve

Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Efésios

Irmãos: Bendito seja Deus, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, que do alto dos Céus nos abençoou com toda a espécie de bênçãos espirituais em Cristo. N’Ele nos escolheu, antes da criação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis, em caridade, na sua presença. Ele nos predestinou, conforme a benevolência da sua vontade, a fim de sermos seus filhos adoptivos, por Jesus Cristo, para louvor da sua glória e da graça que derramou sobre nós, por seu amado Filho. N’Ele, pelo seu sangue, temos a redenção e a remissão dos pecados. Segundo a riqueza da sua graça, que Ele nos concedeu em abundância, com plena sabedoria e inteligência, deu-nos a conhecer o mistério da sua vontade, o desígnio de benevolência n’Ele de antemão estabelecido, para se realizar na plenitude dos tempos: instaurar todas as coisas em Cristo, tudo o que há nos Céus e na terra.

Palavra do Senhor.

ACLAMAÇÃO AO EVANGELHO
cf. Ef 1, 17-18


Refrão: Aleluia. Repete-se


Deus, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo,
ilumine os olhos do nosso coração,
para sabermos a que esperança fomos chamados. Refrão


EVANGELHO
Mc 6, 7-13


«Começou a enviá-los»


 Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos

Naquele tempo, Jesus chamou os doze Apóstolos e começou a enviá-los dois a dois. Deu-lhes poder sobre os espíritos impuros e ordenou-lhes que nada levassem para o caminho, a não ser o bastão: nem pão, nem alforge, nem dinheiro; que fossem calçados com sandálias, e não levassem duas túnicas. Disse-lhes também: «Quando entrardes em alguma casa, ficai nela até partirdes dali. E se não fordes recebidos em alguma localidade, se os habitantes não vos ouvirem, ao sair de lá, sacudi o pó dos vossos pés como testemunho contra eles». Os Apóstolos partiram e pregaram o arrependimento, expulsaram muitos demónios, ungiram com óleo muitos doentes e curaram-nos.

Palavra da salvação.

quarta-feira, 11 de julho de 2018

A ‘controvérsia’ sobre os irmãos de Jesus

Nascimento de Jesus  (AFP or licensors)

IGREJA


A ‘controvérsia’ sobre os irmãos de Jesus

Padre Leonardo Agostinho, membro do clero da Arquidiocese do Rio de Janeiro e professor de Sagrada Escritura na PUC-Rio, fala sobre os famosos irmãos de Jesus.

Padre Leonardo Agostini - Rio de Janeiro

“Mais controverso é o episódio do Evangelho de Mateus que alude aos ‘irmãos de Jesus’. No fim do século IV, São Jerônimo, autor da “Vulgata” – a tradução latina das Escrituras que por séculos foi a única autorizada pela Igreja Católica – , cravou a ideia de que a palavra grega seria vaga e, assim, poderia designar ‘primos’. Não, esclarece Lourenço na introdução, adelphoi significa apenas ‘irmãos’. O tema é especialmente delicado para a devoção católica a Virgem Maria: se Jesus tinha irmãos, sua mãe obviamente não se manteve sempre virgem.” (texto de uma revista não católica)

De tempos em tempos, alguém fica intrigado com a afirmação contida nos evangelhos sobre “os irmãos e as irmãs” de Jesus. Estes são citados em dois episódios particulares: a família de Jesus em Mt 12,46-50, cujos paralelos se encontram em Mc 3,31-35; Lc 8,19-21 (Jo 7,3), e a visita de Jesus a Nazaré em Mt 13,53-58, cujos paralelos se encontram em Mc 6,1-6a; Lc 4,16-30.

Passagens bíblicas 

Um olhar atento para o uso e o significado do termo “irmão”, em grego ἀδελφός, que ocorre 38 vezes só no Evangelho Segundo Mateus, permite tecer diferentes considerações quanto ao tipo de vínculo ou de parentesco carnal ou espiritual. Vejamos alguns exemplos:

Mt 1,2 é a primeira ocorrência, e menciona que Jacó gerou Judá e seus irmãos (Ἰούδανκαὶτοὺςἀδελφοὺςαὐτοῦ). Ora, basta ver Gn 29,15–30,25 para se descobrir que os irmãos de Judá não foram todos filhos da mesma mãe, pois Jacó gerou filhos, tanto através de Lia (Rúben, Simeão, Levi, Judá, Issacar, Zabulon e Dina) como de sua escrava Zelfa (Gad e Aser), e através de Raquel (José e Benjamim) e de sua escrava Bala (Dã, Neftali). Não obstante isso, o evangelista usou o mesmo termo grego “irmãos” (ἀδελφοὺς). São todos filhos do mesmo pai Jacó (cf. Gn 42,13), todos são irmãos de Judá, mas não são todos filhos das mesmas mães.

Mt 5,23-24 encerra uma sentença sobre o sentido da oferta feita ao altar de Deus. Esta não deve ser feita se existe uma contenda com “o teu irmão” (ὁἀδελφόςσου), mas primeiro é preciso que haja a reconciliação. O termo ‘irmão’, aqui, pode ser entendido tanto no sentido de consanguíneo, como de membro da comunidade de fé, que é a destinatária do Evangelho de Mateus. O mesmo sentido pode estar subjacente a Mt 5,47 no contexto do ensinamento sobre o amor aos inimigos. Também em Mt 18,15.21.35, a palavra ‘irmão’ pode ter o sentido tanto de consanguíneo como de membro da comunidade de fé.

Mt 14,3 afirma que Filipe é “irmão” (ἀδελφοῦ) de Herodes Antipas. Ora, sabe-se que eram filhos do mesmo pai, Herodes Magno, mas não da mesma mãe. Herodes Antipas era filho de Maltace e Filipe era filho de Cleópatra (fonte: “As dinastias Asmoneia e Herodiana”, Bíblia de Jerusalém p. 2189).

Mt 23,8 usa o termo “irmãos” (ἀδελφοί), claramente, com o sentido de membro da comunidade de fé, pois Jesus afirma que todos são irmãos e só tem a Deus como Pai celeste.

Mt 25,40 alude ao último julgamento, cujo critério decisivo é o uso da misericórdia, e deve ser entendido em relação a Mt 12,48-50, pois Jesus chamou seus seguidores de “irmãos” (ἀδελφῶν). E de forma mais restrita, após a sua ressurreição, referiu-se aos apóstolos como seus “irmãos” (ἀδελφοῖς) em Mt 28,10.

Jesus, filho de Maria

As deduções sobre “os irmãos e as irmãs” de Jesus não podem ser feitas apenas observando o uso do termo ἀδελφός e tampouco reduzindo-o apenas ao nível da consanguinidade. O critério decisivo está no simples fato de que só Jesus é dito “o filho de Maria” (Mc 6,3) ou quando se diz “tua mãe” (Mt 12,47), ou “a mãe d’Ele” (Mt 13,55). Dizer: “teus irmãos e tuas irmãs” em referência a Jesus não significa dizer que esses são, necessariamente, filhos de Maria. Isto, pelo acima exposto, é uma dedução irrefletida, pois em momento algum “os irmãos e irmãs” de Jesus são ditos “filhos de Maria”. Se assim o fosse, não faria sentido Jesus, pouco antes de morrer, consignar Maria aos cuidados do discípulo amado (cf. Jo 19,25-27).

É preciso lembrar que o substrato cultural dos evangelhos é o mundo semítico e não o mundo greco-romano. Em hebraico e aramaico o termo ’āḥ possui uma extensão maior, podendo significar tanto irmão de sangue como parente próximo, primo e até tio (cf. Gn 13,8; 29,15; Lv 10,4). E pouco tem a ver com a “Vulgata de Jerônimo” que manteve, coerentemente, “frates eios” para a tradução de ἀδελφόςem Mt 12,46 e 13,55. O fato dos evangelistas não usarem o termo “parente” (συγγενής), como em Mc 6,4; Lc 1,58; 2,44; 14,12; 21,16; Jo 18,26 ou “primo” (ἀνεψιὸς), única ocorrência em Cl 4,10, não tira o mérito do uso mais extenso do termo ἀδελφός, mas evidencia ainda mais os laços humanos de Jesus adquiridos pela sua Encarnação no seio virginal de Maria: tornou-se Irmão por excelência de toda a Humanidade.

Fonte: http://arqrio.org/formacao/detalhes/1818/a-controversia-sobre-os-irmaos-de-jesus

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