domingo, 30 de julho de 2023

Domingo XVII do Tempo Comum Ano A

PRIMEIRA LEITURA
1 Reis 3, 5.7-12

«Pediste a sabedoria»

Leitura do Primeiro Livro dos Reis
Naqueles dias, o Senhor apareceu em sonhos a Salomão durante a noite e disse-lhe: «Pede o que quiseres». Salomão respondeu: «Senhor, meu Deus, Vós fizestes reinar o vosso servo em lugar do meu pai David e eu sou muito novo e não sei como proceder. Este vosso servo está no meio do povo escolhido, um povo imenso, inumerável, que não se pode contar nem calcular. Dai, portanto, ao vosso servo um coração inteligente, para governar o vosso povo, para saber distinguir o bem do mal; pois, quem poderia governar este vosso povo tão numeroso?». Agradou ao Senhor esta súplica de Salomão e disse-lhe: «Porque foi este o teu pedido, e já que não pediste longa vida, nem riqueza, nem a morte dos teus inimigos, mas sabedoria para praticar a justiça, vou satisfazer o teu desejo. Dou-te um coração sábio e esclarecido, como nunca houve antes de ti nem haverá depois de ti».

Palavra do Senhor.

SALMO RESPONSORIAL
Sal. 118 (119), 57.72.76-77.127-128.129-130 (R . 97a )

Quanto amo, Senhor, a vossa lei!

Senhor, eu disse: A minha herança
é cumprir as vossas palavras.
Para mim vale mais a lei da vossa boca
do que milhões em ouro e prata. Refrão

Console-me a vossa bondade,
segundo a promessa feita ao vosso servo.
Desçam sobre mim as vossas misericórdias e viverei,
porque a vossa lei faz as minhas delícias. Refrão

Por isso, eu amo os vossos mandamentos,
mais que o ouro, o ouro mais fino.
Por isso, eu sigo todos os vossos preceitos
e detesto todo o caminho da mentira. Refrão
São admiráveis as vossas ordens,
por isso, a minha alma as observa.
A manifestação das vossas palavras ilumina
e dá inteligência aos simples. Refrão

SEGUNDA LEITURA
Rom 8, 28-30

«Predestinou-nos para sermos conformes à imagem do seu Filho»

Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Romanos
Irmãos: Nós sabemos que Deus concorre em tudo para o bem daqueles que O amam, dos que são chamados, segundo o seu desígnio. Porque os que Ele de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que Ele seja o Primogénito de muitos irmãos. E àqueles que predestinou, também os chamou; àqueles que chamou, também os justificou; e àqueles que justificou, também os glorificou.

Palavra do Senhor.

ACLAMAÇÃO AO EVANGELHO
cf. Mt 11, 25

Bendito sejais, ó Pai, Senhor do céu e da terra,
porque revelastes aos pequeninos
os mistérios do reino.

EVANGELHO
Mt 13, 44-52

«Vendeu tudo quanto possuía para comprar aquele campo»vangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «O reino dos Céus é semelhante a um tesouro escondido num campo. O homem que o encontrou tornou a escondê-lo e ficou tão contente que foi vender tudo quanto possuía e comprou aquele campo. O reino dos Céus é semelhante a um negociante que procura pérolas preciosas. Ao encontrar uma de grande valor, foi vender tudo quanto possuía e comprou essa pérola. O reino dos Céus é semelhante a uma rede que, lançada ao mar, apanha toda a espécie de peixes. Logo que se enche, puxam-na para a praia e, sentando-se, escolhem os bons para os cestos e o que não presta deitam-no fora. Assim será no fim do mundo: os Anjos sairão a separar os maus do meio dos justos e a lançá-los na fornalha ardente. Aí haverá choro e ranger de dentes. Entendestes tudo isto?» Eles responderam-Lhe: «Entendemos». Disse-lhes então Jesus: «Por isso, todo o escriba instruído sobre o reino dos Céus é semelhante a um pai de família que tira do seu tesouro coisas novas e coisas velhas».

Palavra da salvação.


Forma breve Mt 13, 44-46

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «O reino dos Céus é semelhante a um tesouro escondido num campo. O homem que o encontrou tornou a escondê-lo e ficou tão contente que foi vender tudo quanto possuía e comprou aquele campo. O reino dos Céus é semelhante a um negociante que procura pérolas preciosas. Ao encontrar uma de grande valor, foi vender tudo quanto possuía e comprou essa pérola».

Palavra da salvação.

sábado, 22 de julho de 2023

Domingo XVI do Tempo Comum Ano A

PRIMEIRA LEITURA
Sab 12, 13.16-19

«Após o pecado, dais lugar ao arrependimento»

Leitura do Livro da Sabedoria

Não há Deus, além de Vós, que tenha cuidado de todas as coisas; a ninguém tendes de mostrar que não julgais injustamente. O vosso poder é o princípio da justiça e o vosso domínio soberano torna-Vos indulgente para com todos. Mostrais a vossa força aos que não acreditam na vossa omni­potência e confundis a audácia daqueles que a conhecem. Mas Vós, o Senhor da força, julgais com bondade e governais-nos com muita indulgência, porque sempre podeis usar da força quando quiserdes. Agindo deste modo, ensinastes ao vosso povo que o justo deve ser humano e aos vossos filhos destes a esperança feliz de que, após o pecado, dais lugar ao arrependimento.

Palavra do Senhor.

SALMO RESPONSORIAL
Salmo 85 (86), 5-6.9-10.15-16a (R. 5a)

Refrão: Senhor, sois um Deus clemente e compassivo. Repete-se

Vós, Senhor, sois bom e indulgente,
cheio de misericórdia para com todos
 os que Vos invocam.
Ouvi, Senhor, a minha oração,
atendei a voz da minha súplica. Refrão

Todos os povos que criastes virão adorar-Vos,
Senhor,
e glorificar o vosso nome,
porque Vós sois grande e operais maravilhas,
Vós sois o único Deus. Refrão

Senhor, sois um Deus bondoso e compassivo,
paciente e cheio de misericórdia e fidelidade.
Voltai para mim os vossos olhos
e tende piedade de mim. Refrão

SEGUNDA LEITURA
Rom 8, 26-27

«O Espírito intercede por nós com gemidos inefáveis»

Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Romanos

Irmãos: O Espírito Santo vem em auxílio da nossa fraqueza, porque não sabemos que pedir nas nossas orações; mas o próprio Espírito intercede por nós com gemidos inefáveis. E Aquele que vê no íntimo dos corações conhece as aspirações do Espírito, pois é em conformidade com Deus que o Espírito intercede pelos cristãos.

Palavra do Senhor.

ACLAMAÇÃO AO EVANGELHO
cf. Mt 11, 25

Refrão: Aleluia. Repete-se
Bendito sejais, ó Pai, Senhor do céu e da terra,
porque revelastes aos pequeninos
 os mistérios do reino. Refrão

EVANGELHO
Mt 13, 24-43

«Deixai-os crescer ambos até à ceifa»

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus

Naquele tempo, Jesus disse às multidões mais esta parábola: «O reino dos Céus pode comparar-se a um homem que semeou boa semente no seu campo. Enquanto todos dormiam, veio o inimigo, semeou joio no meio do trigo e foi-se embora. Quando o trigo cresceu e começou a espigar, apareceu também o joio. Os servos do dono da casa foram dizer-lhe: ‘Senhor, não semeaste boa semente no teu campo? Donde vem então o joio?’. Ele respondeu-lhes: ‘Foi um inimigo que fez isso’. Disseram-lhe os servos: ‘Queres que vamos arrancar o joio?’. ‘Não! – disse ele – não suceda que, ao arrancardes o joio, arranqueis também o trigo. Deixai-os crescer ambos até à ceifa e, na altura da ceifa, direi aos ceifeiros: Apanhai primeiro o joio e atai-o em molhos para queimar; e ao trigo, recolhei-o no meu celeiro’». Jesus disse-lhes outra parábola: «O reino dos Céus pode comparar-se ao grão de mostarda que um homem tomou e semeou no seu campo. Sendo a menor de todas as sementes, depois de crescer, é a maior de todas as plantas da horta e torna-se árvore, de modo que as aves do céu vêm abrigar-se nos seus ramos». Disse-lhes outra parábola: «O reino dos Céus pode comparar-se ao fermento que uma mulher toma e mistura em três medidas de farinha, até ficar tudo levedado». Tudo isto disse Jesus em parábolas, e sem parábolas nada lhes dizia, a fim de se cumprir o que fora anunciado pelo profeta, que disse: «Abrirei a minha boca em parábolas, proclamarei verdades ocultas desde a criação do mundo». Jesus deixou então as multidões e foi para casa. Os discípulos aproximaram-se d’Ele e disseram-Lhe: «Explica-nos a parábola do joio no campo». Jesus respondeu: «Aquele que semeia a boa semente é o Filho do homem e o campo é o mundo. A boa semente são os filhos do reino, o joio são os filhos do Maligno e o inimigo que o semeou é o Diabo. A ceifa é o fim do mundo e os ceifeiros são os Anjos. Como o joio é apanhado e queimado no fogo, assim será no fim do mundo: o Filho do homem enviará os seus Anjos, que tirarão do seu reino todos os escandalosos e todos os que praticam a iniquidade, e hão-de lançá-los na fornalha ardente; aí haverá choro e ranger de dentes. E os justos brilharão como o sol no reino do seu Pai. Quem tem ouvidos, oiça».

Palavra da salvação.

domingo, 28 de maio de 2023

Domingo de Pentecostes

PRIMEIRA LEITURA
Actos 2, 1-11

Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar

Leitura dos Actos dos Apóstolos

Quando chegou o dia de Pentecostes, os Apóstolos estavam todos reunidos no mesmo lugar. Subitamente, fez-se ouvir, vindo do Céu, um rumor semelhante a forte rajada de vento, que encheu toda a casa onde se encontravam. Viram então aparecer uma espécie de línguas de fogo, que se iam dividindo, e poisou uma sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar outras línguas, conforme o Espírito lhes concedia que se exprimissem. Residiam em Jerusalém judeus piedosos, procedentes de todas as nações que há debaixo do céu. Ao ouvir aquele ruído, a multidão reuniu-se e ficou muito admirada, pois cada qual os ouvia falar na sua própria língua. Atónitos e maravilhados, diziam: «Não são todos galileus os que estão a falar? Então, como é que os ouve cada um de nós falar na sua própria língua? Partos, medos, elamitas, habitantes da Mesopotâmia, da Judeia e da Capadócia, do Ponto e da Ásia, da Frígia e da Panfília, do Egipto e das regiões da Líbia, vizinha de Cirene, colonos de Roma, tanto judeus como prosélitos, cretenses e árabes, ouvimo-los proclamar nas nossas línguas as maravilhas de Deus».

Palavra do Senhor.

SALMO RESPONSORIAL
Salmo 103 (104), 1ab e 24ac.29bc-30.31.34

Refrão: Enviai, Senhor, o vosso Espírito
e renovai a face da terra. Repete-se

Ou: Mandai, Senhor o vosso Espírito,
e renovai a terra. Repete-se

Ou: Aleluia. Repete-se

Bendiz, ó minha alma, o Senhor.
Senhor, meu Deus, como sois grande!
Como são grandes, Senhor, as vossas obras!
A terra está cheia das vossas criaturas. Refrão

Se lhes tirais o alento, morrem
e voltam ao pó donde vieram.
Se mandais o vosso espírito, retomam a vida
e renovais a face da terra. Refrão

Glória a Deus para sempre!
Rejubile o Senhor nas suas obras.
Grato Lhe seja o meu canto
e eu terei alegria no Senhor. Refrão

SEGUNDA LEITURA
1 Cor 12, 3b-7.12-13

Todos nós fomos baptizados num só Espírito, para formarmos um só Corpo

Leitura da Primeira Epístola do apóstolo S. Paulo aos Coríntios

Irmãos: Ninguém pode dizer «Jesus é o Senhor» a não ser pela acção do Espírito Santo. De facto, há diversidade de dons espirituais, mas o Espírito é o mesmo. Há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo. Há diversas operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos. Em cada um se manifestam os dons do Espírito para o bem comum. Assim como o corpo é um só e tem muitos membros e todos os membros, apesar de numerosos, constituem um só corpo, assim também sucede com Cristo. Na verdade, todos nós – judeus e gregos, escravos e homens livres – fomos baptizados num só Espírito, para constituirmos um só Corpo. E a todos nos foi dado a beber um único Espírito.

Palavra do Senhor.

ACLAMAÇÃO AO EVANGELHO

Refrão: Aleluia. Repete-se

Vinde, Espírito Santo,
enchei os corações dos vossos fiéis
e acendei neles o fogo do vosso amor. Refrão

EVANGELHO
Jo 20, 19-23

Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós: Recebei o Espírito Santo


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João

Na tarde daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas as portas da casa onde os discípulos se encontravam, com medo dos judeus, veio Jesus, apresentou-Se no meio deles e disse-lhes: «A paz esteja convosco». Dito isto, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos ficaram cheios de alegria ao verem o Senhor. Jesus disse-lhes de novo: «A paz esteja convosco. Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós». Dito isto, soprou sobre eles e disse-lhes: «Recebei o Espírito Santo: àqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhes-ão perdoados; e àqueles a quem os retiverdes ser-lhes-ão retidos».

Palavra da salvação.


domingo, 14 de maio de 2023

Domingo VI da Páscoa - Ano A

PRIMEIRA LEITURA
Actos 8, 5-8.14-17

«Impunham as mãos sobre eles e eles recebiam o Espírito Santo»

Leitura dos Actos dos Apóstolos

Naqueles dias, Filipe desceu a uma cidade da Samaria e começou a pregar o Messias àquela gente. As multidões aderiam unanimemente às palavras de Filipe, ao ouvi-las e ao ver os milagres que fazia. De muitos possessos saíam espíritos impuros, soltando enormes gritos, e numerosos paralíticos e coxos foram curados. E houve muita alegria naquela cidade. Quando os Apóstolos que estavam em Jerusalém ouviram dizer que a Samaria recebera a palavra de Deus, enviaram-lhes Pedro e João. Quando chegaram lá, rezaram pelos samaritanos, para que recebessem o Espírito Santo, que ainda não tinha descido sobre eles: só estavam baptizados em nome do Senhor Jesus. Então impunham-lhes as mãos e eles recebiam o Espírito Santo.

Palavra do Senhor.

SALMO RESPONSORIAL
Salmo 65 (66)

Refrão: A terra inteira aclame o Senhor. Repete-se
Ou: Aleluia. Repete-se

Aclamai a Deus, terra inteira,
cantai a glória do seu nome,
celebrai os seus louvores,
dizei a Deus: «Maravilhosas são as vossas obras». Refrão

«A terra inteira Vos adore e celebre,
entoe hinos ao vosso nome».
Vinde contemplar as obras de Deus,
admirável na sua acção pelos homens. Refrão

Todos os que temeis a Deus, vinde e ouvi,
vou narrar-vos quanto Ele fez por mim.
Bendito seja Deus que não rejeitou a minha prece,
nem me retirou a sua misericórdia. Refrão

SEGUNDA LEITURA
1 Pedro 3, 15-18

«Morreu segundo a carne, mas voltou à vida pelo Espírito»

Leitura da Primeira Epístola de São Pedro

Caríssimos: Venerai Cristo Senhor em vossos corações, prontos sempre a responder, a quem quer que seja, sobre a razão da vossa esperança. Mas seja com brandura e respeito, conservando uma boa consciência, para que, naquilo mesmo em que fordes caluniados, sejam confundidos os que dizem mal do vosso bom procedimento em Cristo. Mais vale padecer por fazer o bem, se for essa a vontade de Deus, do que por fazer o mal. Na verdade, Cristo morreu uma só vez pelos nossos pecados – o Justo pelos injustos – para nos conduzir a Deus. Morreu segundo a carne, mas voltou à vida pelo Espírito.

Palavra do Senhor.

ACLAMAÇÃO AO EVANGELHO
Jo 14, 23

Refrão: Aleluia. Repete-se
Se alguém Me ama, guardará a minha palavra.
Meu Pai o amará e faremos nele a nossa morada. Refrão

EVANGELHO
Jo 14, 15-21

«Eu pedirei ao Pai, que vos dará outro Defensor»

+Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Se Me amardes, guardareis os meus mandamentos. E Eu pedirei ao Pai, que vos dará outro Paráclito, para estar sempre convosco: Ele é o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não O vê nem O conhece, mas que vós conheceis, porque habita convosco e está em vós. Não vos deixarei órfãos: voltarei para junto de vós. Daqui a pouco o mundo já não Me verá, mas vós ver-Me-eis, porque Eu vivo e vós vivereis. Nesse dia reconhecereis que Eu estou no Pai e que vós estais em Mim e Eu em vós. Se alguém aceita os meus mandamentos e os cumpre, esse realmente Me ama. E quem Me ama será amado por meu Pai e Eu amá-lo-ei e manifestar-Me-ei a ele».

Palavra da salvação


quarta-feira, 10 de maio de 2023

“O Sínodo – tempo para escuta e mudança”

O caminho sinodal da Igreja Católica.

Em todo o mundo há uma reflexão de todo o povo de Deus sobre a identidade e missão da comunidade eclesial hoje. Em muitos países, incluindo Portugal, o primeiro ano do percurso levou a um enfoque particular sobre as modalidades de presença e de ação dos crentes na sociedade. Nesse esforço, a pesquisa teológica é chamada a dar sua própria contribuição.

Debatemos este tema com Fernando Ilídio.

Fernando Ilídio com já alguns textos publicados e algumas entrevistas é dos mais promissores teólogos católicos. Com 43 anos, casado e com uma filha, é formado em Teologia pelo Centro de Cultura Católica do Porto, onde concluiu os três anos do curso básico. Investigador e Fundador do CDT (Cantinho da Teologia). É Acólito, Ministro da Comunhão, participa como representante do grupo de Acólitos de Matosinhos no Concelho Pastoral Paroquial, fez parte do grupo de CPM (Preparação para o matrimonio), foi membro da equipa Pastoral Vocacional, formador do Grupo de Acólitos da Paróquia de Matosinhos e membro da equipa de Liturgia.

O Sínodo – tempo para escuta e mudança

 

 

 Ilídio, entre as várias instâncias, o caminho sinodal em curso convida-nos a rever de forma continuada a relação entre a Igreja e o mundo. Esta última é uma das questões mais relevantes para si. Sobre este tema, que contribuição pode oferecer a reflexão teológica?

O percurso sinodal começou por privilegiar a dinâmica da escuta. Em muitas realidades foi muito mais cansativo e frustrante do que se imaginava. Uma das razões, talvez, é que a escuta é uma prática mais fácil de dizer do que de fazer, com a qual perdemos, e em particular na Igreja Católica, traquejo e familiaridade. Para quem ensina como se fosse um hábito, por exemplo, é difícil se colocar na postura de escuta e a meu ver, é um dos grandes problemas e que não permite a melhor comunicação entre as partes.

Na maior parte das vezes quando os professores se calam e pedem a alguém para falar, estão quase sempre em postura de avaliador de um desempenho, e os interlocutores sabem disso. Como agente formador, sei do enorme esforço que é preciso para ficar a frente de um adolescente e simplesmente ouvi-lo, pensando que ele realmente tem algo para me dizer e pronto. É muito mais fácil posicionar-me numa atitude de quem faz o outro falar, principalmente porque quer entrar no seu pensamento e assim explicar de forma mais compreensível, ou mostrando-me educado e cortês deixando o outro falar, mas mais do que qualquer outra coisa para reduzir o limiar da suspeita e depois estimulá-lo a me ouvir, ou pior ainda deixá-lo desabafar e depois falar sem que o que eu tinha a dizer tenha sido minimamente tocado pelo tempo da escuta.

Nas últimas décadas, temo que a Igreja Católica Portuguesa tenha se preocupado tanto em ensinar - e vamos deixar de lado se por necessidade ou por excesso de zelo, se com mais ou menos sucesso - que às vezes nem se lembra como se faz a escuta. E não (ou não só) em sentido moral, mas exatamente como postura, hábito, atitude.

Os teólogos fazem parte da Igreja e participam dos mesmos esforços. Muitos de nós também estão mais preocupados, por exemplo, com a exatidão das respostas ou em transformar cada interlocução numa pergunta, que eles simplesmente não conseguem escutar. No entanto, uma das funções da teologia é também a de "escutar com atenção" (Gaudium et spes 44).

A Teologia

 

Ilídio, nos últimos tempos, há várias publicações tentando apresentar a teologia a um público que vai além dos estudiosos da disciplina. Mas, numa cultura Hiper técnica e setorial como a nossa, para que ainda serve a teologia?

- Depende do que se entende por "teologia", é claro. De certo ponto de vista, quem está em alguma relação de fé não pode deixar de fazer teologia. Escolher uma fórmula ao invés de outra para rezar uma oração, adotar um raciocínio ao invés de outro para justificar uma escolha de vida de fé, ler um texto sagrado de acordo com uma forma de interpretação ou outra (mas eu poderia citar outros 10 exemplos), são todas atividades teológicas.

Considero que todo o crente é também um teólogo, queira ou não, da mesma forma que um pai também é um pedagogo, queira ou não, porque cada gesto e cada palavra que ele dirige para os seus filhos terá uma consequência em vez de outra. Assim como nenhum pai deve ter um diploma em pedagogia, da mesma forma nenhum batizado deve ter um diploma em teologia, sendo que pode ser útil reter uma certa sabedoria ou conhecimento, ou pelo mesmo que exista algum “especialista”.

Insistindo na analogia, como existem diferentes escolas pedagógicas, também existem diferentes escolas teológicas. Neste momento penso que precisaríamos não de "teólogos" generalistas, mas de estudiosos da cristologia (uma das disciplinas em que se divide o estudo académico) treinados para desmascarar o gnosticismo e o pelagianismo contra os quais o Papa Francisco frequentemente se manifesta e que tanto dano semeiam.

Precisaríamos também de especialistas em lógica sacramental para desbloquear uma paralisia que já se tornou patológica entre teoria e práticas da crença.

Seriam necessários ainda mais biblistas e exegetas que soubessem vencer a tentação de reduzir as Escrituras ao seu ensinamento moral ou à sua filologia autorreferencial.

Precisaríamos de apologistas combativos que combatam qualquer tentativa de reduzir a religião cristã a um conjunto de valores civis, que possam ser explorados pelos poderes políticos e económicos.

Seriam necessários divulgadores imaginativos que não criem mais um movimento ou grupo identitário em torno de seu carisma pessoal, mas que ofereçam a todos os sujeitos do povo de Deus a possibilidade de usar as palavras da nossa tradição para atravessarmos juntos estes nossos tempos, entremeados de medos e de graças.

Acima de tudo, mas é um juízo muito pessoal, seriam necessários canonistas para levar de volta o direito canónico e a jurisprudência ao seu papel de cuidadores da tensão em direção à justiça, e não apenas justificativas para a impossibilidade de uma redenção, se não a preços quase insustentáveis para a vida.

O Magistério

O Papa Francisco já nos habituou a um estilo do qual dificilmente se voltará atrás. O seu pontificado até agora caracterizou-se por uma proposta magistral que leva em consideração o passar do tempo, a cultura, os contextos e as situações. Poderíamos, nesse sentido, falar de um magistério em contínua evolução?

 

- Seria difícil para mim dizer o contrário, ou seja, que o magistério não evolui, no sentido de que nunca muda. Mas não é uma novidade de Francisco. Vou tentar explicar-me melhor. Na Igreja Católica chamamos de "magistério" a tarefa da Igreja de instruir e supervisionar as teorias e práticas da fidelidade a Cristo.

Hoje os detentores do mais alto magistério são os bispos, com algumas prerrogativas próprias do bispo de Roma. Claro que há ensinamentos magistrais que chegaram a uma forma definitiva (por exemplo "Jesus Cristo é verdadeiro Deus e verdadeiro homem", ou "Maria é a mãe de Deus"), mas nem por isso o esforço para compreender cada vez melhor essas verdades, ou usá-los como raízes de um estilo de vida, está concluído de uma vez por todas! Ainda há muito a ser entendido e sobre o qual, portanto, também, no caso, instruir e supervisionar.

Além disso, há questões que podem ser reformadas periodicamente (São Pedro, por exemplo, entendeu melhor depois de seu encontro com o centurião romano, Cornélio, o que significava "anunciar a todos as gentes" e também depois daquele episódio mudou a prática de circuncisão). Depois, há elementos que é indispensável atualizar, retornando obviamente cada vez à fonte da verdade que é Jesus Cristo.

Finalmente, há também "discussões doutrinais, morais e pastorais" que podem e devem ser resolvidas sem o magistério (cf. Amoris laetitia 3).  Num capítulo de “Teologia do bar”, o Teólogo Italiano Marco Ronconi, tenta colocar isso de uma forma um pouco mais divertida: “o magistério não visa encontrar uma formulação para cada problema que nos proteja de todo erro possível, de forma que devemos esperar os seus pronunciamentos eternos e imutáveis para todas as coisas”. Identifico-me muito com isto.

Por outro lado, o fato do seu ensinamento nem sempre ser eterno e imutável não nos autoriza a considerá-lo irrelevante. O magistério, na sua própria existência, lembra que entre idolatrar a lei - iludindo-se de que na vida há sempre um procedimento que garante a inocência diante de um juiz disposto a nos condenar - e nomear-se catalogadores individuais do bem e do mal – elegendo o próprio eu como Deus - está a liberdade do Evangelho, a cujo serviço também está o magistério.

No entanto, se quiserem uma explicação melhor, recomendo um belo texto magistral: a constituição Dei Verbum no n. 10. Ou dois livros fascinantes de teologia: O desenvolvimento do dogma católico, publicado por Maurizio Flick e Zoltan Alszeghy em 1967; O Magistério na Igreja Católica, publicado por Francis Sullivan em 1983.

 

A Sagrada Escritura

 

Há investigações sociológicas que mostram um aumento considerável do distanciamento, e ignorância, de muitos Portugueses no que diz respeito à educação religiosa e ao conhecimento da Bíblia. No entanto, o texto bíblico é fundamental para iniciar-se num caminho de fé, para conhecer o cristianismo e para compreender uma parte fundamental da cultura europeia e mundial. Mas, na sua opinião, o que a Bíblia pode comunicar à cultura atual?

 

Peço desculpa se respondo com uma brincadeira: mas Bíblia sozinha não comunica nada. O que faz a diferença é quem a lê e como. Não vou repetir aqui as motivações - ainda que sacrossantas - com que crentes e não crentes, intelectuais e artistas, periodicamente invocam uma difusão mais ampla do texto bíblico. Eu concordo plenamente com eles. O problema não é a teoria, mas as práticas de leitura.

Por um lado, a Bíblia é assustadora porque é usada como "Palavra de Deus" até mesmo por fundamentalistas, ou atemoriza pelo tamanho e pela dificuldade objetiva de muitos dos seus textos. Por outro lado, estão muito na moda aqueles que a usam como reservatório de respostas para os seus problemas, ou manual de autorrealização individual.

A Bíblia não é algo que precisa de quatro diplomas antes de se poder usá-la, mas também não é algo que existe em primeiro lugar para mim, como se eu fosse o centro do universo e Deus não tivesse mais nada que fazer a não ser dizer-me coisas, fazendo-me sentir um idiota quando não as entendo, já que as escondeu em textos de entendimento não tão imediatos.

Quem quiser entender a intenção de quem a escreveu - diz a Dei Verbum 12 - "deve pesquisar com atenção" e, pelo menos segundo a própria Bíblia, o pior é a "explicação privada" (2Pd 1,20-21); não é por acaso que uma das práticas mais antigas da Bíblia é a lectio divina. Ora, esta “com atenção” pressupõe uma ou mais competências (e aqui entram todos os múltiplos estudos ou conhecimentos práticos deveriam ser colocados mais em circulação), mas assim se retorna à primeira das perguntas desta nossa conversa.

Para terminar, o caminho começa desta forma: primeiro junto com Jesus. E, depois, junto com os irmãos e as irmãs, os fiéis discípulos de Jesus! Digo isso com muita força e convicção: caminhamos juntos, com Jesus, com Jesus Senhor que está vivo, pelas estradas do mundo! Aqui está a chave de cada sínodo, de cada caminhar juntos! O primado vai para a escuta do Senhor, da sua Palavra, do que o Espírito Santo diz às Igrejas e aos fiéis. Do contrário, até podemos caminhar com os outros, mas não saberemos para onde ir, que estrada seguir, porque só ele é o caminho.

E se nós, cristãos, somos "aqueles do caminho", somos aqueles que têm Jesus como caminho! "Eu sou o caminho, a verdade, a vida!" (Jo 14, 6).

10/03/2023




sexta-feira, 7 de abril de 2023

Jesus! Nosso Salvador

Oh Jesus! Nosso Salvador, por vezes tenho a sensação que ainda hoje,  continuamos a pregar-Te na cruz com as nossas próprias mãos. Todas as vezes em que ousamos esquecer do irmão que sofre, que tem fome, que foge da guerra e não os amamos como nos ensinaste, voltamos a fazer como há dois mil anos... a pregar-te no madeiro. Deus meu, meu Salvador e meu tudo, digno de toda adoração e amor, vendo como tantas vezes nos haveis cumulado de bençãos, dobramos os joelhos perante Ti, convencidos de que ainda podemos reparar as injúrias com que vos temos ofendido. Sim...ao menos podemos compadecer e dar-Vos graças por tudo o que haveis feito por nós. Obrigado, Senhor. Com o coração e não só com os lábios dizemos: Perdoai-nos Senhor e salvai-nos! 

Fernando Ilidio

Sexta feira da Paixão do Senhor

PRIMEIRA LEITURA
Is 52, 13 – 53, 12

Leitura do Livro de Isaías

Vede como vai prosperar o meu servo: subirá, elevar-se-á, será exaltado. Assim como, à sua vista, muitos se encheram de espanto – tão desfigurado estava o seu rosto que tinha perdido toda a aparência de um ser humano – assim se hão-de encher de assombro muitas nações e, diante dele, os reis ficarão calados, porque hão-de ver o que nunca lhes tinham contado e observar o que nunca tinham ouvido. Quem acreditou no que ouvimos dizer? A quem se revelou o braço do Senhor? O meu servo cresceu diante do Senhor como um rebento, como raiz numa terra árida, sem distinção nem beleza para atrair o nosso olhar, nem aspecto agradável que possa cativar-nos. Desprezado e repelido pelos homens, homem de dores, acostumado ao sofrimento, era como aquele de quem se desvia o rosto, pessoa desprezível e sem valor para nós. Ele suportou as nossas enfermidades e tomou sobre si as nossas dores. Mas nós víamos nele um homem castigado, ferido por Deus e humilhado. Ele foi trespassado por causa das nossas culpas e esmagado por causa das nossas iniquidades. Caiu sobre ele o castigo que nos salva: pelas suas chagas fomos curados. Todos nós, como ovelhas, andávamos errantes, cada qual seguia o seu caminho. E o Senhor fez cair sobre ele as faltas de todos nós. Maltratado, humilhou-se voluntariamente e não abriu a boca. Como cordeiro levado ao matadouro, como ovelha muda ante aqueles que a tosquiam, ele não abriu a boca. Foi eliminado por sentença iníqua, mas quem se preocupa com a sua sorte? Foi arrancado da terra dos vivos e ferido de morte pelos pecados do seu povo. Foi-lhe dada sepultura entre os ímpios e um túmulo no meio de malfeitores, embora não tivesse cometido injustiça, nem se tivesse encontrado mentira na sua boca. Aprouve ao Senhor esmagar o seu servo pelo sofrimento. Mas se oferecer a sua vida como sacrifício de expiação, terá uma descendência duradoira, viverá longos dias e a obra do Senhor prosperará em suas mãos. Terminados os sofrimentos, verá a luz e ficará saciado na sua sabedoria. O justo, meu servo, justificará a muitos e tomará sobre si as suas iniquidades. Por isso, Eu lhe darei as multidões como prémio e terá parte nos despojos no meio dos poderosos; porque ele próprio entregou a sua vida à morte e foi contado entre os malfeitores, tomou sobre si as culpas das multidões e intercedeu pelos pecadores.

Palavra do Senhor.

SALMO RESPONSORIAL
Salmo 30 (31), 2.6.12-13.15-16.17.25

Refrão: Pai, em vossas mãos entrego o meu espírito. Repete-se

Em Vós, Senhor, me refugio,
jamais serei confundido,
pela vossa justiça, salvai-me.
Em vossas mãos entrego o meu espírito,
Senhor, Deus fiel, salvai-me. Refrão

Tornei-me o escárnio dos meus inimigos,
o desprezo dos meus vizinhos 
e o terror dos meus conhecidos:
todos evitam passar por mim.
Esqueceram-me como se fosse um morto,
tornei-me como um objecto abandonado. Refrão

Eu, porém, confio no Senhor:
Disse: «Vós sois o meu Deus,
nas vossas mãos está o meu destino».
Livrai-me das mãos dos meus inimigos
e de quantos me perseguem. Refrão

Fazei brilhar sobre mim a vossa face,
salvai-me pela vossa bondade.
Tende coragem e animai-vos,
vós todos que esperais no Senhor. Refrão

SEGUNDA LEITURA
4, 14-16; 5, 7-9

Leitura da Epístola aos Hebreus

Irmãos: Tendo nós um sumo sacerdote que penetrou os Céus, Jesus, Filho de Deus, permaneçamos firmes na profissão da nossa fé. Na verdade, nós não temos um sumo sacerdote incapaz de Se compadecer das nossas fraquezas. Pelo contrário, Ele mesmo foi provado em tudo, à nossa semelhança, excepto no pecado. Vamos, portanto, cheios de confiança, ao trono da graça, a fim de alcançarmos misericórdia e obtermos a graça de um auxílio oportuno. Nos dias da sua vida mortal, Ele dirigiu preces e súplicas, com grandes clamores e lágrimas, Àquele que O podia livrar da morte, e foi atendido por causa da sua piedade. Apesar de ser Filho, aprendeu a obediência no sofrimento. E, tendo atingido a sua plenitude, tornou-Se, para todos os que Lhe obedecem, causa de salvação eterna.

Palavra do Senhor.

ACLAMAÇÃO AO EVANGELHO
Filip 2, 8-9

Refrão: Glória a Vós, Senhor, Filho do Deus vivo. Repete-se

Cristo obedeceu até à morte e morte de cruz.
Por isso Deus O exaltou e Lhe deu um nome
que está acima de todos os nomes. Refrão

EVANGELHO
Jo 18, 1 - 19, 42

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João

N Naquele tempo,
Jesus saiu com os seus discípulos
para o outro lado da torrente do Cedron.
Havia lá um jardim, onde Ele entrou com os seus discípulos.
Judas, que O ia entregar, conhecia também o local,
porque Jesus Se reunira lá muitas vezes
com os discípulos.
Tomando consigo uma companhia de soldados
e alguns guardas,
enviados pelos príncipes dos sacerdotes e pelos fariseus,
Judas chegou ali, com archotes, lanternas e armas.
Sabendo Jesus tudo o que Lhe ia acontecer,
adiantou-Se e perguntou-lhes:
J «A quem buscais?».
N Eles responderam-Lhe:
R «A Jesus, o Nazareno».
N Jesus disse-lhes:
«Sou Eu».
N Judas, que O ia entregar, também estava com eles.
Quando Jesus lhes disse: «Sou Eu»,
recuaram e caíram por terra.
Jesus perguntou-lhes novamente:
J «A quem buscais?».
N Eles responderam:
R «A Jesus, o Nazareno».
N Disse-lhes Jesus:
J «Já vos disse que sou Eu.
Por isso, se é a Mim que buscais,
deixai que estes se retirem».
N Assim se cumpriam as palavras que Ele tinha dito:
«Daqueles que Me deste, não perdi nenhum».
Então, Simão Pedro, que tinha uma espada,
desembainhou-a e feriu um servo do sumo sacerdote,
cortando-lhe a orelha direita.
O servo chamava-se Malco. Mas Jesus disse a Pedro:
J «Mete a tua espada na bainha.
Não hei-de beber o cálice que meu Pai Me deu?».
N Então, a companhia de soldados, 
o oficial e os guardas dos judeus
apoderaram-se de Jesus e manietaram-n’O.
Levaram-n’O primeiro a Anás,
por ser sogro de Caifás, 
que era o sumo sacerdote nesse ano.
Caifás é que tinha dado o seguinte conselho aos judeus:
«Convém que morra um só homem pelo povo».
Entretanto, Simão Pedro seguia Jesus
com outro discípulo.
Esse discípulo era conhecido do sumo sacerdote
e entrou com Jesus no pátio do sumo sacerdote,
enquanto Pedro ficava à porta, do lado de fora.
Então o outro discípulo, conhecido do sumo sacerdote,
falou à porteira e levou Pedro para dentro.
A porteira disse a Pedro:
R «Tu não és dos discípulos desse homem?».
N Ele respondeu:
R «Não sou».
N Estavam ali presentes os servos e os guardas,
que, por causa do frio, tinham acendido um braseiro 
e se aqueciam.
Pedro também se encontrava com eles a aquecer-se.
Entretanto, o sumo sacerdote interrogou Jesus
acerca dos seus discípulos e da sua doutrina.
Jesus respondeu-lhe:
J «Falei abertamente ao mundo.
Sempre ensinei na sinagoga e no templo,
onde todos os judeus se reúnem,
e não disse nada em segredo.
Porque Me interrogas?
Pergunta aos que Me ouviram o que lhes disse:
eles bem sabem aquilo de que lhes falei».
N A estas palavras, um dos guardas que estava ali presente
deu uma bofetada a Jesus e disse-Lhe:
R «É assim que respondes ao sumo sacerdote?».
N Jesus respondeu-lhe:
J «Se falei mal, mostra-Me em quê.
Mas, se falei bem, porque Me bates?».
N Então Anás mandou Jesus manietado
ao sumo sacerdote Caifás.
Simão Pedro continuava ali a aquecer-se.
Disseram-lhe então:
R «Tu não és também um dos seus discípulos?».
N Ele negou, dizendo:
R «Não sou».
N Replicou um dos servos do sumo sacerdote,
parente daquele a quem Pedro cortara a orelha:
R «Então eu não te vi com Ele no jardim?».
N Pedro negou novamente,
e logo um galo cantou.
Depois, levaram Jesus da residência de Caifás ao Pretório.
Era de manhã cedo. Eles não entraram no pretório, para
não se contaminarem e assim poderem comer a Páscoa.
Pilatos veio cá fora ter com eles e perguntou-lhes:
R «Que acusação trazeis contra este homem?».
N Eles responderam-lhe:
R «Se não fosse malfeitor, não t’O entregávamos».
N Disse-lhes Pilatos:
R «Tomai-O vós próprios, e julgai-O segundo a vossa lei».
N Os judeus responderam:
R «Não nos é permitido dar a morte a ninguém».
N Assim se cumpriam as palavras que Jesus tinha dito,
ao indicar de que morte ia morrer.
Entretanto, Pilatos entrou novamente no pretório,
chamou Jesus e perguntou-Lhe:
R «Tu és o Rei dos judeus?».
N Jesus respondeu-lhe:
J «É por ti que o dizes,
ou foram outros que to disseram de Mim?».

N Disse-Lhe Pilatos:
R «Porventura sou eu judeu?
O teu povo e os sumos sacerdotes
é que Te entregaram a Mim.
Que fizeste?».
N Jesus respondeu:
J «O meu reino não é deste mundo.
Se o meu reino fosse deste mundo,
os meus guardas lutariam
para que Eu não fosse entregue aos judeus.
Mas o meu reino não é daqui».
N Disse-Lhe Pilatos:
R «Então, Tu és Rei?».
N Jesus respondeu-lhe:
J «É como dizes: sou Rei.
Para isso nasci e vim ao mundo,
a fim de dar testemunho da verdade.
Todo aquele que é da verdade escuta a minha voz».
N Disse-Lhe Pilatos:
R «Que é a verdade?».
N Dito isto, saiu novamente para fora e declarou aos judeus:
R «Não encontro neste homem culpa nenhuma.
Mas vós estais habituados 
a que eu vos solte alguém pela Páscoa.
Quereis que vos solte o Rei dos judeus?».
N Eles gritaram de novo:
R «Esse não. Antes Barrabás».
N Barrabás era um salteador.
Então Pilatos mandou que levassem Jesus
e O açoitassem.
Os soldados teceram uma coroa de espinhos,
colocaram-Lha na cabeça
e envolveram Jesus num manto de púrpura.
Depois aproximavam-se d’Ele e diziam:
R «Salve, Rei dos judeus».
N E davam-Lhe bofetadas.
Pilatos saiu novamente para fora e disse:
R «Eu vo-l’O trago aqui fora,
para saberdes que não encontro n’Ele culpa nenhuma».

N Jesus saiu,
trazendo a coroa de espinhos e o manto de púrpura.
Pilatos disse-lhes:
R «Eis o homem».
N Quando viram Jesus,
os príncipes dos sacerdotes e os guardas gritaram:
R «Crucifica-O! Crucifica-O!».
N Disse-lhes Pilatos:
R «Tomai-O vós mesmos e crucificai-O,
que eu não encontro n’Ele culpa alguma».
N Responderam-lhe os judeus:
R «Nós temos uma lei
e, segundo a nossa lei, deve morrer,
porque Se fez Filho de Deus».
N Quando Pilatos ouviu estas palavras, ficou assustado.
Voltou a entrar no pretório e perguntou a Jesus:
R «Donde és Tu?».
N Mas Jesus não lhe deu resposta.
Disse-Lhe então Pilatos:
R «Não me falas? Não sabes que tenho poder
para Te soltar e para Te crucificar?».
N Jesus respondeu-lhe:
J «Nenhum poder terias sobre Mim, 
se não te fosse dado do alto.
Por isso, quem Me entregou a ti tem maior pecado».
N A partir de então, Pilatos procurava libertar Jesus.
Mas os judeus gritavam:
R «Se O libertares, não és amigo de César:
todo aquele que se faz rei é contra César».
N Ao ouvir estas palavras,
Pilatos trouxe Jesus para fora
e sentou-se no tribunal,
no lugar chamado «Lagedo», em hebraico «Gabatá».
Era a Preparação da Páscoa, por volta do meio-dia.
Disse então aos judeus:
R «Eis o vosso Rei!».
N Mas eles gritaram:
R «À morte, à morte! Crucifica-O!».

N Disse-lhes Pilatos:
R «Hei-de crucificar o vosso Rei?».
N Replicaram-lhe os príncipes dos sacerdotes:
R «Não temos outro rei senão César».
N Entregou-lhes então Jesus, para ser crucificado.
E eles apoderaram-se de Jesus.
Levando a cruz,
Jesus saiu para o chamado Lugar do Calvário,
que em hebraico se diz Gólgota.
Ali O crucificaram, e com Ele mais dois:
um de cada lado e Jesus no meio.
Pilatos escreveu ainda um letreiro
e colocou-o no alto da cruz; nele estava escrito:
«Jesus, o Nazareno, Rei dos judeus».
Muitos judeus leram esse letreiro,
porque o lugar onde Jesus tinha sido crucificado 
era perto da cidade.
Estava escrito em hebraico, grego e latim.
Diziam então a Pilatos
os príncipes dos sacerdotes dos judeus:
R «Não escrevas: ‘Rei dos judeus’,
mas que Ele afirmou: ‘Eu sou o Rei dos judeus’».
N Pilatos retorquiu:
R «O que escrevi está escrito».
N Quando crucificaram Jesus,
os soldados tomaram as suas vestes,
das quais fizeram quatro lotes, um para cada soldado,
e ficaram também com a túnica.
A túnica não tinha costura:
era tecida de alto a baixo como um todo.
Disseram uns aos outros:
R «Não a rasguemos, mas lancemos sortes,
para ver de quem será».
N Assim se cumpria a Escritura:
«Repartiram entre si as minhas vestes
e deitaram sortes sobre a minha túnica».
Foi o que fizeram os soldados.
Estavam junto à cruz de Jesus
sua Mãe, a irmã de sua Mãe,
Maria, mulher de Cléofas, e Maria Madalena.
Ao ver sua Mãe e o discípulo predilecto,
Jesus disse a sua Mãe:
J «Mulher, eis o teu filho».
N Depois disse ao discípulo:
J «Eis a tua Mãe».
N E a partir daquela hora,
o discípulo recebeu-a em sua casa.
Depois, sabendo que tudo estava consumado
e para que se cumprisse a Escritura,
Jesus disse:
J «Tenho sede».
N Estava ali um vaso cheio de vinagre.
Prenderam a uma vara uma esponja embebida em vinagre
e levaram-Lha à boca.
Quando Jesus tomou o vinagre, exclamou:
J «Tudo está consumado».
N E, inclinando a cabeça, expirou.
N Por ser a Preparação, e para que os corpos
não ficassem na cruz durante o sábado,
– era um grande dia aquele sábado –
os judeus pediram a Pilatos
que se lhes quebrassem as pernas e fossem retirados.
Os soldados vieram e quebraram as pernas ao primeiro,
depois ao outro que tinha sido crucificado com ele.
Ao chegarem a Jesus, vendo-O já morto,
não Lhe quebraram as pernas,
mas um dos soldados
trespassou-Lhe o lado com uma lança,
e logo saiu sangue e água.
Aquele que viu é que dá testemunho
e o seu testemunho é verdadeiro.
Ele sabe que diz a verdade, 
para que também vós acrediteis.
Assim aconteceu para se cumprir a Escritura, que diz:
«Nenhum osso Lhe será quebrado».
Diz ainda outra passagem da Escritura:
«Hão-de olhar para Aquele que trespassaram».
Depois disto, José de Arimateia,
que era discípulo de Jesus,
embora oculto por medo dos judeus,
pediu licença a Pilatos para levar o corpo de Jesus.
Pilatos permitiu-lho.
José veio então tirar o corpo de Jesus.
Veio também Nicodemos,
aquele que, antes, tinha ido de noite ao encontro de Jesus.
Trazia uma mistura de quase cem libras de mirra e aloés.
Tomaram o corpo de Jesus
e envolveram-no em ligaduras juntamente com os perfumes,
como é costume sepultar entre os judeus.
No local em que Jesus tinha sido crucificado,
havia um jardim e, no jardim, um sepulcro novo,
no qual ainda ninguém fora sepultado.
Foi aí que, por causa da Preparação dos judeus,
porque o sepulcro ficava perto,
depositaram Jesus.

Palavra da salvação.


domingo, 1 de janeiro de 2023

Santa Maria Mãe de Deus - Solenidade

PRIMEIRA LEITURA
Num 6, 22-27

Invocarão o meu nome sobre os filhos de Israel e Eu os abençoarei

Leitura do Livro dos Números 

O Senhor disse a Moisés: «Fala a Aarão e aos seus filhos e diz-lhes: Assim abençoareis os filhos de Israel, dizendo: ‘O Senhor te abençoe e te proteja. O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face e te seja favorável. O Senhor volte para ti os seus olhos e te conceda a paz’. Assim invocarão o meu nome sobre os filhos de Israel e Eu os abençoarei». 

Palavra do Senhor. 

SALMO RESPONSORIAL
Salmo 66 (67), 2-3.5.6 e 8

Refrão: Deus Se compadeça de nós 
e nos dê a sua bênção. Repete-se 

Deus Se compadeça de nós e nos dê a sua bênção, 
resplandeça sobre nós a luz do seu rosto. 
Na terra se conhecerão os seus caminhos 
e entre os povos a sua salvação. Refrão 

Alegrem-se e exultem as nações, 
porque julgais os povos com justiça 
e governais as nações sobre a terra. Refrão 

Os povos Vos louvem, ó Deus, 
todos os povos Vos louvem. 
Deus nos dê a sua bênção 
e chegue o seu temor aos confins da terra. Refrão 

SEGUNDA LEITURA
Gal 4, 4-7

Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher

Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Gálatas 

Irmãos: Quando chegou a plenitude dos tempos, Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher e sujeito à Lei, para resgatar os que estavam sujeitos à Lei e nos tornar seus filhos adoptivos. E porque sois filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: «Abá! Pai!». Assim, já não és escravo, mas filho. E, se és filho, também és herdeiro, por graça de Deus.

Palavra do Senhor. 

ACLAMAÇÃO AO EVANGELHO
Hebr 1, 1-2

Refrão: Aleluia. Repete-se 

Muitas vezes e de muitos modos 
falou Deus antigamente aos nossos pais pelos Profetas. 
Nestes dias, que são os últimos, 
Deus falou-nos por seu Filho. Refrão 

EVANGELHO
Lc 2, 16-21

Encontraram Maria, José e o Menino

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas 

Naquele tempo, os pastores dirigiram-se apressadamente para Belém e encontraram Maria, José e o Menino deitado na manjedoura. Quando O viram, começaram a contar o que lhes tinham anunciado sobre aquele Menino. E todos os que ouviam admiravam-se do que os pastores diziam. Maria conservava todos estes acontecimentos, meditando-os em seu coração. Os pastores regressaram, glorificando e louvando a Deus por tudo o que tinham ouvido e visto, como lhes tinha sido anunciado. Quando se completaram os oito dias para o Menino ser circuncidado, deram-Lhe o nome de Jesus, indicado pelo Anjo, antes de ter sido concebido no seio materno. 

Palavra da salvação.