quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

Venerar e Adorar, qual a diferença?

 Para o nosso crescimento como cristãos, é importante entender a diferença entre venerar e adorar.
Venerar e adorar são duas formas de culto presentes na vida da Igreja. Embora elas sejam diferentes, muitos católicos fazem uma grande confusão entre ambas.

Adoração é o culto que prestamos exclusivamente a Deus
“Adorar a Deus é reconhecê-Lo como tal, Criador e Salvador, Senhor e Dono de tudo quanto existe, Amor infinito e misericordioso. ‘Ao Senhor teu Deus adorarás, só a Ele lhe prestarás culto’ (Lc 4, 8) – diz Jesus, citando o Deuteronómio (Dt 6, 13)” (Catecismo da Igreja Católica, n. 2096). A adoração é chamada de “culto de latria” (do grego latreou, que significa “adorar”). “Adorar a Deus é reconhecer, com respeito e submissão absoluta, o ‘nada da criatura’” (idem, n. 2097).

Qual é a diferença entre venerar e adorar?
Venerar é o culto prestado aos Santos, às imagens e relíquias que os representam.
Venerar significa honrar; é chamado de “culto de dulia” (do grego douleuo). Também recebe o culto de dulia a Palavra de Deus, ou melhor, os sinais da Palavra de Deus, especialmente a Sagrada Escritura, o evangeliário e o lecionário (estes últimos livros litúrgicos possuem partes da Palavra de Deus contida nas Sagradas Escrituras). Existe também o “culto de hiperdulia”, que é prestado a Nossa Senhora.

A veneração, por sua vez, tem sentido quando se refere a honrar uma pessoa ou um objeto que nos remete a Deus. Claro que, fora do âmbito religioso, existe a prática de venerar e honrar pessoas, lugares entre outros. Porém, a veneração, enquanto culto cristão, não tem outro sentido senão valorizar algo, um sinal que nos remete a Deus e ao Seu chamado de conversão.

A veneração é um culto, muitas vezes, incompreendido pelos protestantes e evangélicos; e muitas vezes, a falta de conhecimento e formação de alguns fiéis católicos em nada ajuda estes nossos irmãos nesse sentido. Contudo, muitas vezes, mesmo sem o saber, eles também veneram sinais que os remetem a Deus, e nisto fazem uma ainda maior confusão.

Confusão de culto
Apegados à Antiga Aliança, os protestantes veneram os sinais próprios dessa fase da Revelação, como a Arca da Aliança, a menorah (candelabro de 7 velas), o Templo de Jerusalém, as pedras da Lei entre outros. Esta contradição só não é mais evidente, porque os grandes sinais da Antiga Aliança quase que desapareceram. A grande confusão no culto deles, no entanto, dá-se em relação à Bíblia.

A Palavra de Deus que adoramos é Jesus, o Verbo Encarnado, Palavra eterna do Pai, Pessoa viva da Santíssima Trindade. A Sagrada Escritura é expressão inspirada e infalível dessa mesma Palavra, mas, mesmo sendo assim, não deixa de ser um livro. Que o leitor preste atenção nesta sutil, mas importantíssima diferença: a Bíblia é Palavra de Deus, mas a Palavra de Deus não é a Bíblia, a Palavra de Deus é Cristo. A Bíblia e seus conteúdos escritos – todos escritos em contextos históricos específicos, culturais, geográficos, sociais, entre outros, devem ser honrados por nós, venerados pelos cristãos.

Confusão em relação aos santos e imagens.

A Palavra de Deus não se pode apenas restringir a um livro, por mais sagrado que este seja. Esta confusão leva os protestantes a terem uma relação de adoração à Bíblia, o que os faz desprezar as outras fontes de Revelação que Deus deixou para a Sua Igreja. Essa confusão é muito mais nociva à fé do que a confusão feita pelos fiéis católicos em relação aos santos e suas imagens. Isto porque os protestantes o fazem por uma questão de conceito, enquanto os fiéis católicos que fazem essa confusão, fazem-na por ignorância.

Fica evidente a importância de compreender a relação que devemos ter com as coisas santas. Devemos "cultuá-las", porém, da maneira correta. Que os erros não nos desanimem de prestar o devido culto a estes tesouros que Deus deixa no meio dos homens, para que, olhando para eles e os venerando, possamos encontrar a face d’Aquele que é o Único a quem nós adoramos.



Fernando Ilídio in Cantinho da Teologia®
16 de Janeiro e 2020