domingo, 24 de abril de 2022

II Domingo de Páscoa ou da Divina Misericórdia

PRIMEIRA LEITURA
Actos 5, 12-16

Cada vez mais gente aderia ao Senhor pela fé, uma multidão de homens e mulheres

Leitura dos Actos dos Apóstolos

Pelas mãos dos Apóstolos realizavam-se muitos milagres e prodígios entre o povo. Unidos pelos mesmos sentimentos, reuniam-se todos no Pórtico de Salomão; nenhum dos outros se atrevia a juntar-se a eles, mas o povo enaltecia-os. Uma multidão cada vez maior de homens e mulheres aderia ao Senhor pela fé, de tal maneira que traziam os doentes para as ruas e colocavam-nos em enxergas e em catres, para que, à passagem de Pedro, ao menos a sua sombra cobrisse alguns deles. Das cidades vizinhas de Jerusalém, a multidão também acorria, trazendo enfermos e atormentados por espíritos impuros e todos eram curados.

Palavra do Senhor.

SALMO RESPONSORIAL
Salmo 117 (118), 2-4.22-24.25-27ª

Refrão: Dai graças ao Senhor, porque Ele é bom,
porque é eterna a sua misericórdia. Repete-se

Ou: Aclamai o Senhor, porque Ele é bom:
o seu amor é para sempre. Repete-se

Ou: Aleluia. Repete-se

Diga a casa de Israel:
é eterna a sua misericórdia.
Diga a casa de Aarão:
é eterna a sua misericórdia.
Digam os que temem o Senhor:
é eterna a sua misericórdia. Refrão

A pedra que os construtores rejeitaram
tornou-se pedra angular.
Tudo isto veio do Senhor:
é admirável aos nossos olhos.
Este é o dia que o Senhor fez:
exultemos e cantemos de alegria. Refrão

Senhor, salvai os vossos servos,
Senhor, dai-nos a vitória.
Bendito o que vem em nome do Senhor,
da casa do Senhor nós vos bendizemos.
O Senhor é Deus
e fez brilhar sobre nós a sua luz. Refrão

SEGUNDA LEITURA
Ap 1, 9-11a.12-13.17-19

Estive morto, mas eis-Me vivo pelos séculos dos séculos

Leitura do Livro do Apocalipse

Eu, João, vosso irmão e companheiro nas tribulações, na realeza e na perseverança em Jesus, estava na ilha de Patmos, por causa da palavra de Deus e do testemunho de Jesus. No dia do Senhor fui movido pelo Espírito e ouvi atrás de mim uma voz forte, semelhante à da trombeta, que dizia: «Escreve num livro o que vês e envia-o às sete Igrejas». Voltei-me para ver de quem era a voz que me falava; ao voltar-me, vi sete candelabros de ouro e, no meio dos candelabros, alguém semelhante a um filho do homem, vestido com uma longa túnica e cingido no peito com um cinto de ouro. Quando o vi, caí a seus pés como morto. Mas ele poisou a mão direita sobre mim e disse-me: «Não temas. Eu sou o Primeiro e o Último, o que vive. Estive morto, mas eis-Me vivo pelos séculos dos séculos e tenho as chaves da morte e da morada dos mortos. Escreve, pois, as coisas que viste, tanto as presentes como as que hão-de acontecer depois destas».

Palavra do Senhor.

ACLAMAÇÃO AO EVANGELHO
Jo 20, 29

Refrão: Aleluia. Repete-se

Disse o Senhor a Tomé:
«Porque Me viste, acreditaste;
felizes os que acreditam sem terem visto. Refrão

EVANGELHO
Jo 20, 19-31

Oito dias depois, veio Jesus..

 Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João

Na tarde daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas as portas da casa onde os discípulos se encontravam, com medo dos judeus, veio Jesus, apresentou-Se no meio deles e disse-lhes: «A paz esteja convosco». Dito isto, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos ficaram cheios de alegria ao verem o Senhor. Jesus disse-lhes de novo: «A paz esteja convosco. Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós». Dito isto, soprou sobre eles e disse-lhes: «Recebei o Espírito Santo: àqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhes-ão perdoados; e àqueles a quem os retiverdes ser-lhes-ão retidos». Tomé, um dos Doze, chamado Dídimo, não estava com eles quando veio Jesus. Disseram-lhe os outros discípulos: «Vimos o Senhor». Mas ele respondeu-lhes: «Se não vir nas suas mãos o sinal dos cravos, se não meter o dedo no lugar dos cravos e a mão no seu lado, não acreditarei». Oito dias depois, estavam os discípulos outra vez em casa e Tomé com eles. Veio Jesus, estando as portas fechadas, apresentou-Se no meio deles e disse: «A paz esteja convosco». Depois disse a Tomé: «Põe aqui o teu dedo e vê as minhas mãos; aproxima a tua mão e mete-a no meu lado; e não sejas incrédulo, mas crente». Tomé respondeu-Lhe: «Meu Senhor e meu Deus!». Disse-lhe Jesus: «Porque Me viste acreditaste: felizes os que acreditam sem terem visto». Muitos outros milagres fez Jesus na presença dos seus discípulos, que não estão escritos neste livro. Estes, porém, foram escritos para acreditardes que Jesus é o Messias, o Filho de Deus, e para que, acreditando, tenhais a vida em seu nome.

Palavra da salvação.

sexta-feira, 15 de abril de 2022

Maria, terna Mãe!

Ó minha bendita Mãe! 
É desta forma que os homens respondem ao amor que lhes mostrastes, consentindo que vosso Jesus morresse pela nossa salvação. Ingratos como são, nem depois de o haverem crucificado, deixam de persegui-lo com os seus pecados, e assim continuam também a afligir-vos, ó grande Rainha dos Mártires. Eu também sou um daqueles infelizes. Ah! minha Mãe dulcíssima, alcançai-me lágrimas para chorar tamanha ingratidão. Pela dor que sentistes, quando vosso Filho se despediu de vós para ir ao encontro da morte, intercede para que receba a graça de contemplar sempre com fruto os mistérios dolorosos da sua Paixão, especialmente nestes dias em que a recordamos de forma especial. Esta graça eu vo-la peço pelo amor do mesmo Jesus Cristo; de vós a espero Santíssima e terna Mãe!

Fernando Ilídio

Sexta Feira da Paixão do Senhor

PRIMEIRA LEITURA
Is 52, 13 – 53, 12

Leitura do Livro de Isaías

Vede como vai prosperar o meu servo: subirá, elevar-se-á, será exaltado. Assim como, à sua vista, muitos se encheram de espanto – tão desfigurado estava o seu rosto que tinha perdido toda a aparência de um ser humano – assim se hão-de encher de assombro muitas nações e, diante dele, os reis ficarão calados, porque hão-de ver o que nunca lhes tinham contado e observar o que nunca tinham ouvido. Quem acreditou no que ouvimos dizer? A quem se revelou o braço do Senhor? O meu servo cresceu diante do Senhor como um rebento, como raiz numa terra árida, sem distinção nem beleza para atrair o nosso olhar, nem aspecto agradável que possa cativar-nos. Desprezado e repelido pelos homens, homem de dores, acostumado ao sofrimento, era como aquele de quem se desvia o rosto, pessoa desprezível e sem valor para nós. Ele suportou as nossas enfermidades e tomou sobre si as nossas dores. Mas nós víamos nele um homem castigado, ferido por Deus e humilhado. Ele foi trespassado por causa das nossas culpas e esmagado por causa das nossas iniquidades. Caiu sobre ele o castigo que nos salva: pelas suas chagas fomos curados. Todos nós, como ovelhas, andávamos errantes, cada qual seguia o seu caminho. E o Senhor fez cair sobre ele as faltas de todos nós. Maltratado, humilhou-se voluntariamente e não abriu a boca. Como cordeiro levado ao matadouro, como ovelha muda ante aqueles que a tosquiam, ele não abriu a boca. Foi eliminado por sentença iníqua, mas quem se preocupa com a sua sorte? Foi arrancado da terra dos vivos e ferido de morte pelos pecados do seu povo. Foi-lhe dada sepultura entre os ímpios e um túmulo no meio de malfeitores, embora não tivesse cometido injustiça, nem se tivesse encontrado mentira na sua boca. Aprouve ao Senhor esmagar o seu servo pelo sofrimento. Mas se oferecer a sua vida como sacrifício de expiação, terá uma descendência duradoira, viverá longos dias e a obra do Senhor prosperará em suas mãos. Terminados os sofrimentos, verá a luz e ficará saciado na sua sabedoria. O justo, meu servo, justificará a muitos e tomará sobre si as suas iniquidades. Por isso, Eu lhe darei as multidões como prémio e terá parte nos despojos no meio dos poderosos; porque ele próprio entregou a sua vida à morte e foi contado entre os malfeitores, tomou sobre si as culpas das multidões e intercedeu pelos pecadores.

Palavra do Senhor.

SALMO RESPONSORIAL
Salmo 30 (31), 2.6.12-13.15-16.17.25

Refrão: Pai, em vossas mãos entrego o meu espírito. Repete-se

Em Vós, Senhor, me refugio,
jamais serei confundido,
pela vossa justiça, salvai-me.
Em vossas mãos entrego o meu espírito,
Senhor, Deus fiel, salvai-me. Refrão

Tornei-me o escárnio dos meus inimigos,
o desprezo dos meus vizinhos 
e o terror dos meus conhecidos:
todos evitam passar por mim.
Esqueceram-me como se fosse um morto,
tornei-me como um objecto abandonado. Refrão

Eu, porém, confio no Senhor:
Disse: «Vós sois o meu Deus,
nas vossas mãos está o meu destino».
Livrai-me das mãos dos meus inimigos
e de quantos me perseguem. Refrão

Fazei brilhar sobre mim a vossa face,
salvai-me pela vossa bondade.
Tende coragem e animai-vos,
vós todos que esperais no Senhor. Refrão

SEGUNDA LEITURA
4, 14-16; 5, 7-9

Leitura da Epístola aos Hebreus

Irmãos: Tendo nós um sumo sacerdote que penetrou os Céus, Jesus, Filho de Deus, permaneçamos firmes na profissão da nossa fé. Na verdade, nós não temos um sumo sacerdote incapaz de Se compadecer das nossas fraquezas. Pelo contrário, Ele mesmo foi provado em tudo, à nossa semelhança, excepto no pecado. Vamos, portanto, cheios de confiança, ao trono da graça, a fim de alcançarmos misericórdia e obtermos a graça de um auxílio oportuno. Nos dias da sua vida mortal, Ele dirigiu preces e súplicas, com grandes clamores e lágrimas, Àquele que O podia livrar da morte, e foi atendido por causa da sua piedade. Apesar de ser Filho, aprendeu a obediência no sofrimento. E, tendo atingido a sua plenitude, tornou-Se, para todos os que Lhe obedecem, causa de salvação eterna.

Palavra do Senhor.

ACLAMAÇÃO AO EVANGELHO
Filip 2, 8-9

Refrão: Glória a Vós, Senhor, Filho do Deus vivo. Repete-se

Cristo obedeceu até à morte e morte de cruz.
Por isso Deus O exaltou e Lhe deu um nome
que está acima de todos os nomes. Refrão

EVANGELHO
Jo 18, 1 - 19, 42

 Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João

N Naquele tempo,
Jesus saiu com os seus discípulos
para o outro lado da torrente do Cedron.
Havia lá um jardim, onde Ele entrou com os seus discípulos.
Judas, que O ia entregar, conhecia também o local,
porque Jesus Se reunira lá muitas vezes
com os discípulos.
Tomando consigo uma companhia de soldados
e alguns guardas,
enviados pelos príncipes dos sacerdotes e pelos fariseus,
Judas chegou ali, com archotes, lanternas e armas.
Sabendo Jesus tudo o que Lhe ia acontecer,
adiantou-Se e perguntou-lhes:
J «A quem buscais?».
N Eles responderam-Lhe:
R «A Jesus, o Nazareno».
N Jesus disse-lhes:
«Sou Eu».
N Judas, que O ia entregar, também estava com eles.
Quando Jesus lhes disse: «Sou Eu»,
recuaram e caíram por terra.
Jesus perguntou-lhes novamente:
J «A quem buscais?».
N Eles responderam:
R «A Jesus, o Nazareno».
N Disse-lhes Jesus:
J «Já vos disse que sou Eu.
Por isso, se é a Mim que buscais,
deixai que estes se retirem».
N Assim se cumpriam as palavras que Ele tinha dito:
«Daqueles que Me deste, não perdi nenhum».
Então, Simão Pedro, que tinha uma espada,
desembainhou-a e feriu um servo do sumo sacerdote,
cortando-lhe a orelha direita.
O servo chamava-se Malco. Mas Jesus disse a Pedro:
J «Mete a tua espada na bainha.
Não hei-de beber o cálice que meu Pai Me deu?».
N Então, a companhia de soldados, 
o oficial e os guardas dos judeus
apoderaram-se de Jesus e manietaram-n’O.
Levaram-n’O primeiro a Anás,
por ser sogro de Caifás, 
que era o sumo sacerdote nesse ano.
Caifás é que tinha dado o seguinte conselho aos judeus:
«Convém que morra um só homem pelo povo».
Entretanto, Simão Pedro seguia Jesus
com outro discípulo.
Esse discípulo era conhecido do sumo sacerdote
e entrou com Jesus no pátio do sumo sacerdote,
enquanto Pedro ficava à porta, do lado de fora.
Então o outro discípulo, conhecido do sumo sacerdote,
falou à porteira e levou Pedro para dentro.
A porteira disse a Pedro:
R «Tu não és dos discípulos desse homem?».
N Ele respondeu:
R «Não sou».
N Estavam ali presentes os servos e os guardas,
que, por causa do frio, tinham acendido um braseiro 
e se aqueciam.
Pedro também se encontrava com eles a aquecer-se.
Entretanto, o sumo sacerdote interrogou Jesus
acerca dos seus discípulos e da sua doutrina.
Jesus respondeu-lhe:
J «Falei abertamente ao mundo.
Sempre ensinei na sinagoga e no templo,
onde todos os judeus se reúnem,
e não disse nada em segredo.
Porque Me interrogas?
Pergunta aos que Me ouviram o que lhes disse:
eles bem sabem aquilo de que lhes falei».
N A estas palavras, um dos guardas que estava ali presente
deu uma bofetada a Jesus e disse-Lhe:
R «É assim que respondes ao sumo sacerdote?».
N Jesus respondeu-lhe:
J «Se falei mal, mostra-Me em quê.
Mas, se falei bem, porque Me bates?».
N Então Anás mandou Jesus manietado
ao sumo sacerdote Caifás.
Simão Pedro continuava ali a aquecer-se.
Disseram-lhe então:
R «Tu não és também um dos seus discípulos?».
N Ele negou, dizendo:
R «Não sou».
N Replicou um dos servos do sumo sacerdote,
parente daquele a quem Pedro cortara a orelha:
R «Então eu não te vi com Ele no jardim?».
N Pedro negou novamente,
e logo um galo cantou.
Depois, levaram Jesus da residência de Caifás ao Pretório.
Era de manhã cedo. Eles não entraram no pretório, para
não se contaminarem e assim poderem comer a Páscoa.
Pilatos veio cá fora ter com eles e perguntou-lhes:
R «Que acusação trazeis contra este homem?».
N Eles responderam-lhe:
R «Se não fosse malfeitor, não t’O entregávamos».
N Disse-lhes Pilatos:
R «Tomai-O vós próprios, e julgai-O segundo a vossa lei».
N Os judeus responderam:
R «Não nos é permitido dar a morte a ninguém».
N Assim se cumpriam as palavras que Jesus tinha dito,
ao indicar de que morte ia morrer.
Entretanto, Pilatos entrou novamente no pretório,
chamou Jesus e perguntou-Lhe:
R «Tu és o Rei dos judeus?».
N Jesus respondeu-lhe:
J «É por ti que o dizes,
ou foram outros que to disseram de Mim?».

N Disse-Lhe Pilatos:
R «Porventura sou eu judeu?
O teu povo e os sumos sacerdotes
é que Te entregaram a Mim.
Que fizeste?».
N Jesus respondeu:
J «O meu reino não é deste mundo.
Se o meu reino fosse deste mundo,
os meus guardas lutariam
para que Eu não fosse entregue aos judeus.
Mas o meu reino não é daqui».
N Disse-Lhe Pilatos:
R «Então, Tu és Rei?».
N Jesus respondeu-lhe:
J «É como dizes: sou Rei.
Para isso nasci e vim ao mundo,
a fim de dar testemunho da verdade.
Todo aquele que é da verdade escuta a minha voz».
N Disse-Lhe Pilatos:
R «Que é a verdade?».
N Dito isto, saiu novamente para fora e declarou aos judeus:
R «Não encontro neste homem culpa nenhuma.
Mas vós estais habituados 
a que eu vos solte alguém pela Páscoa.
Quereis que vos solte o Rei dos judeus?».
N Eles gritaram de novo:
R «Esse não. Antes Barrabás».
N Barrabás era um salteador.
Então Pilatos mandou que levassem Jesus
e O açoitassem.
Os soldados teceram uma coroa de espinhos,
colocaram-Lha na cabeça
e envolveram Jesus num manto de púrpura.
Depois aproximavam-se d’Ele e diziam:
R «Salve, Rei dos judeus».
N E davam-Lhe bofetadas.
Pilatos saiu novamente para fora e disse:
R «Eu vo-l’O trago aqui fora,
para saberdes que não encontro n’Ele culpa nenhuma».

N Jesus saiu,
trazendo a coroa de espinhos e o manto de púrpura.
Pilatos disse-lhes:
R «Eis o homem».
N Quando viram Jesus,
os príncipes dos sacerdotes e os guardas gritaram:
R «Crucifica-O! Crucifica-O!».
N Disse-lhes Pilatos:
R «Tomai-O vós mesmos e crucificai-O,
que eu não encontro n’Ele culpa alguma».
N Responderam-lhe os judeus:
R «Nós temos uma lei
e, segundo a nossa lei, deve morrer,
porque Se fez Filho de Deus».
N Quando Pilatos ouviu estas palavras, ficou assustado.
Voltou a entrar no pretório e perguntou a Jesus:
R «Donde és Tu?».
N Mas Jesus não lhe deu resposta.
Disse-Lhe então Pilatos:
R «Não me falas? Não sabes que tenho poder
para Te soltar e para Te crucificar?».
N Jesus respondeu-lhe:
J «Nenhum poder terias sobre Mim, 
se não te fosse dado do alto.
Por isso, quem Me entregou a ti tem maior pecado».
N A partir de então, Pilatos procurava libertar Jesus.
Mas os judeus gritavam:
R «Se O libertares, não és amigo de César:
todo aquele que se faz rei é contra César».
N Ao ouvir estas palavras,
Pilatos trouxe Jesus para fora
e sentou-se no tribunal,
no lugar chamado «Lagedo», em hebraico «Gabatá».
Era a Preparação da Páscoa, por volta do meio-dia.
Disse então aos judeus:
R «Eis o vosso Rei!».
N Mas eles gritaram:
R «À morte, à morte! Crucifica-O!».

N Disse-lhes Pilatos:
R «Hei-de crucificar o vosso Rei?».
N Replicaram-lhe os príncipes dos sacerdotes:
R «Não temos outro rei senão César».
N Entregou-lhes então Jesus, para ser crucificado.
E eles apoderaram-se de Jesus.
Levando a cruz,
Jesus saiu para o chamado Lugar do Calvário,
que em hebraico se diz Gólgota.
Ali O crucificaram, e com Ele mais dois:
um de cada lado e Jesus no meio.
Pilatos escreveu ainda um letreiro
e colocou-o no alto da cruz; nele estava escrito:
«Jesus, o Nazareno, Rei dos judeus».
Muitos judeus leram esse letreiro,
porque o lugar onde Jesus tinha sido crucificado 
era perto da cidade.
Estava escrito em hebraico, grego e latim.
Diziam então a Pilatos
os príncipes dos sacerdotes dos judeus:
R «Não escrevas: ‘Rei dos judeus’,
mas que Ele afirmou: ‘Eu sou o Rei dos judeus’».
N Pilatos retorquiu:
R «O que escrevi está escrito».
N Quando crucificaram Jesus,
os soldados tomaram as suas vestes,
das quais fizeram quatro lotes, um para cada soldado,
e ficaram também com a túnica.
A túnica não tinha costura:
era tecida de alto a baixo como um todo.
Disseram uns aos outros:
R «Não a rasguemos, mas lancemos sortes,
para ver de quem será».
N Assim se cumpria a Escritura:
«Repartiram entre si as minhas vestes
e deitaram sortes sobre a minha túnica».
Foi o que fizeram os soldados.
Estavam junto à cruz de Jesus
sua Mãe, a irmã de sua Mãe,
Maria, mulher de Cléofas, e Maria Madalena.
Ao ver sua Mãe e o discípulo predilecto,
Jesus disse a sua Mãe:
J «Mulher, eis o teu filho».
N Depois disse ao discípulo:
J «Eis a tua Mãe».
N E a partir daquela hora,
o discípulo recebeu-a em sua casa.
Depois, sabendo que tudo estava consumado
e para que se cumprisse a Escritura,
Jesus disse:
J «Tenho sede».
N Estava ali um vaso cheio de vinagre.
Prenderam a uma vara uma esponja embebida em vinagre
e levaram-Lha à boca.
Quando Jesus tomou o vinagre, exclamou:
J «Tudo está consumado».
N E, inclinando a cabeça, expirou.
N Por ser a Preparação, e para que os corpos
não ficassem na cruz durante o sábado,
– era um grande dia aquele sábado –
os judeus pediram a Pilatos
que se lhes quebrassem as pernas e fossem retirados.
Os soldados vieram e quebraram as pernas ao primeiro,
depois ao outro que tinha sido crucificado com ele.
Ao chegarem a Jesus, vendo-O já morto,
não Lhe quebraram as pernas,
mas um dos soldados
trespassou-Lhe o lado com uma lança,
e logo saiu sangue e água.
Aquele que viu é que dá testemunho
e o seu testemunho é verdadeiro.
Ele sabe que diz a verdade, 
para que também vós acrediteis.
Assim aconteceu para se cumprir a Escritura, que diz:
«Nenhum osso Lhe será quebrado».
Diz ainda outra passagem da Escritura:
«Hão-de olhar para Aquele que trespassaram».
Depois disto, José de Arimateia,
que era discípulo de Jesus,
embora oculto por medo dos judeus,
pediu licença a Pilatos para levar o corpo de Jesus.
Pilatos permitiu-lho.
José veio então tirar o corpo de Jesus.
Veio também Nicodemos,
aquele que, antes, tinha ido de noite ao encontro de Jesus.
Trazia uma mistura de quase cem libras de mirra e aloés.
Tomaram o corpo de Jesus
e envolveram-no em ligaduras juntamente com os perfumes,
como é costume sepultar entre os judeus.
No local em que Jesus tinha sido crucificado,
havia um jardim e, no jardim, um sepulcro novo,
no qual ainda ninguém fora sepultado.
Foi aí que, por causa da Preparação dos judeus,
porque o sepulcro ficava perto,
depositaram Jesus.

Palavra da salvação.


domingo, 10 de abril de 2022

Domingo de Ramos da Paixão do Senhor

Domingo de Ramos da Paixão do Senhor

PRIMEIRA LEITURA
Is. 50, 4-7

«Não desviei o meu rosto dos que Me ultrajavam, mas sei que não ficarei desiludido»

Leitura do Livro de Isaías

O Senhor deu-me a graça de falar como um discípulo, para que eu saiba dizer uma palavra de alento aos que andam abatidos. Todas as manhãs Ele desperta os meus ouvidos, para eu escutar, como escutam os discípulos. O Senhor Deus abriu-me os ouvidos e eu não resisti nem recuei um passo. Apresentei as costas àqueles que me batiam e a face aos que me arrancavam a barba; não desviei o meu rosto dos que me insultavam e cuspiam. Mas o Senhor Deus veio em meu auxílio, e, por isso, não fiquei envergonhado; tornei o meu rosto duro como pedra, e sei que não ficarei desiludido.

Palavra do Senhor.

SALMO RESPONSORIAL
Sal. 21 (22), 8-9.17-18a.19-20.23-24 (R. 2a)

Refrão: Meu Deus, meu Deus,
porque me abandonastes? Repete-se

Todos os que me vêem escarnecem de mim,
estendem os lábios e meneiam a cabeça:
«Confiou no Senhor, Ele que o livre,
Ele que o salve, se é seu amigo». Refrão

Matilhas de cães me rodearam,
cercou-me um bando de malfeitores.
Trespassaram as minhas mãos e os meus pés,
posso contar todos os meus ossos. Refrão

Repartiram entre si as minhas vestes
e deitaram sortes sobre a minha túnica.
Mas Vós, Senhor, não Vos afasteis de mim,
sois a minha força, apressai-Vos a socorrer-me. Refrão

Hei-de falar do vosso nome aos meus irmãos,
hei-de louvar-Vos no meio da assembleia.
Vós, que temeis o Senhor, louvai-O,
glorificai-O, vós todos os filhos de Jacob,
reverenciai-O, vós todos os filhos de Israel. Refrão

SEGUNDA LEITURA
Filip 2, 6-11

«Humilhou-Se a Si próprio; por isso Deus O exaltou»

Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Filipenses

Cristo Jesus, que era de condição divina, não Se valeu da sua igualdade com Deus, mas aniquilou-Se a Si próprio. Assumindo a condição de servo, tornou-Se semelhante aos homens. Aparecendo como homem, humilhou-Se ainda mais, obedecendo até à morte e morte de cruz. Por isso Deus O exaltou e Lhe deu um nome que está acima de todos os nomes, para que ao nome de Jesus todos se ajoelhem no céu, na terra e nos abismos, e toda a língua proclame que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai.

Palavra do Senhor.

ACLAMAÇÃO AO EVANGELHO
Filip 2, 8-9

Refrão: Louvor a Vós, Jesus Cristo, Rei da eterna glória. Repete-se

Cristo obedeceu até à morte
e morte de cruz.
Por isso Deus O exaltou
e Lhe deu um nome
que está acima de todos os nomes. Refrão

EVANGELHO
Lc 22,14–23,56

Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo

N Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas 

Quando chegou a hora, 
Jesus sentou-Se à mesa com os seus Apóstolos 
e disse-lhes: 
J «Tenho desejado ardentemente 
comer convosco esta Páscoa, 
antes de padecer; 
pois digo-vos que não tornarei a comê-la, 
até que se realize plenamente no reino de Deus». 
N Então, tomando um cálice, deu graças e disse: 
J «Tomai e reparti entre vós, 
pois digo-vos que não tornarei a beber do fruto da videira, 
até que venha o reino de Deus». 

N Depois tomou o pão e, dando graças, 
partiu-o e deu-lho, dizendo: 
J «Isto é o meu Corpo entregue por vós. 
Fazei isto em memória de Mim». 
N No fim da ceia, fez o mesmo com o cálice, dizendo: 
J «Este cálice é a nova aliança no meu Sangue, 
derramado por vós. 
Entretanto, está comigo à mesa 
a mão daquele que Me vai entregar. 
a mão daquele que Me vai entregar. 
O Filho do homem vai partir, como está determinado. 
Mas ai daquele por quem Ele vai ser entregue!». 

N Começaram então a perguntar uns aos outros 
qual deles iria fazer semelhante coisa. 
Levantou-se também entre eles uma questão: 
qual deles se devia considerar o maior? 
Disse-lhes Jesus: 
J «Os reis das nações exercem domínio sobre elas 
e os que têm sobre elas autoridade 
são chamados benfeitores. 
Vós não deveis proceder desse modo. 
O maior entre vós seja como o menor 
e aquele que manda seja como quem serve. 
Pois quem é o maior: 
o que está à mesa ou o que serve? 
Não é o que está à mesa? 
Ora Eu estou no meio de vós 
como aquele que serve. 
Vós estivestes sempre comigo 
nas minhas provações. 
E Eu preparo para vós um reino, 
como meu Pai o preparou para Mim: 
comereis e bebereis à minha mesa, no meu reino, 
e sentar-vos-eis em tronos, 
a julgar as doze tribos de Israel. 
Simão, Simão, Satanás vos reclamou 
para vos agitar na joeira como trigo. 
Mas Eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça. 
E tu, uma vez convertido, fortalece os teus irmãos». 
N Pedro respondeu-Lhe: 
R «Senhor, eu estou pronto a ir contigo, 
até para a prisão e para a morte». 
N Disse-lhe Jesus: 
J «Eu te digo, Pedro: Não cantará hoje o galo, 
sem que tu, por três vezes, negues conhecer-Me». 
N Depois acrescentou: 
J «Quando vos enviei 
sem bolsa nem alforge nem sandálias, 
faltou-vos alguma coisa?». 
N Eles responderam que não lhes faltara nada. 
Disse-lhes Jesus: 
J «Mas agora, quem tiver uma bolsa pegue nela, 
bem como no alforge; 
e quem não tiver espada venda a capa e compre uma. 
Porque Eu vos digo 
que se deve cumprir em Mim o que está escrito: 
‘Foi contado entre os malfeitores’. 
Na verdade, o que Me diz respeito 
está a chegar ao fim». 
N Eles disseram: 
R «Senhor, estão aqui duas espadas». 
N Mas Jesus respondeu: 
J «Basta». 

N Então saiu 
e foi, como de costume, para o monte das Oliveiras 
e os discípulos acompanharam-n’O. 
Quando chegou ao local, disse-lhes: 
J «Orai, para não entrardes em tentação». 
N Depois afastou-Se deles cerca de um tiro de pedra 
e, pondo-Se de joelhos, começou a orar, dizendo: 
J «Pai, se quiseres, afasta de Mim este cálice. 
Todavia, não se faça a minha vontade, mas a tua». 
N Então apareceu-Lhe um Anjo, vindo do Céu, 
para O confortar. 
Entrando em angústia, orava mais instantemente 
e o suor tornou-se-Lhe como grossas gotas de sangue, 
que caíam na terra. 

Depois de ter orado, 
levantou-Se e foi ter com os discípulos, 
que encontrou a dormir, por causa da tristeza. 
Disse-lhes Jesus: 
J «Porque estais a dormir? 
Levantai-vos e orai, para não entrardes em tentação». 
N Ainda Ele estava a falar, 
quando apareceu uma multidão de gente. 
O chamado Judas, um dos Doze, vinha à sua frente 
e aproximou-se de Jesus, para O beijar. 
Disse-lhe Jesus: 
J «Judas, é com um beijo que entregas o Filho do homem?». 
N Ao verem o que ia suceder, 
os que estavam com Jesus perguntaram-Lhe: 
R «Senhor, vamos feri-los à espada?». 
N E um deles feriu o servo do sumo sacerdote, 
cortando-lhe a orelha direita. 
Mas Jesus interveio, dizendo: 
J «Basta! Deixai-os». 
N E, tocando na orelha do homem, curou-o. 

Disse então Jesus aos que tinham vindo ao seu encontro, 
príncipes dos sacerdotes, oficiais do templo e anciãos: 
J «Vós saístes com espadas e varapaus, 
como se viésseis ao encontro dum salteador. 
Eu estava todos os dias convosco no templo 
e não Me deitastes as mãos. 
Mas esta é a vossa hora e o poder das trevas. 
N Apoderaram-se então de Jesus, 
levaram-n’O e introduziram-n’O em casa do sumo sacerdote. 

Pedro seguia-os de longe. 
Acenderam uma fogueira no meio do pátio, 
sentaram-se em volta dela 
e Pedro foi sentar-se no meio deles. 
Ao vê-lo sentado ao lume, 
uma criada, fitando os olhos nele, disse: 
R «Este homem também andava com Jesus». 
N Mas Pedro negou: 
R «Não O conheço, mulher». 
N Pouco depois, disse outro, ao vê-lo: 
R «Tu também és um deles». 
N Mas Pedro disse: 
R «Homem, não sou». 
N Passada mais ou menos uma hora, 
afirmava outro com insistência: 
R «Esse homem, com certeza, também andava com Jesus, 
pois até é galileu». 
N Pedro respondeu: 
R «Homem, não sei o que dizes». 
N Nesse instante – ainda ele falava – um galo cantou. 
O Senhor voltou-Se e fitou os olhos em Pedro. 
Então Pedro lembrou-se da palavra do Senhor, 
quando lhe disse: 
‘Antes de o galo cantar, Me negarás três vezes’. 
E, saindo para fora, chorou amargamente. 

Entretanto, os homens que guardavam Jesus 
troçavam d’Ele e maltratavam-n’O. 
Cobrindo-Lhe o rosto, perguntavam-Lhe: 
R «Adivinha, profeta: Quem Te bateu?». 
N E dirigiam-Lhe muitos outros insultos. 
Ao romper do dia, 
reuniu-se o conselho dos anciãos do povo, 
os príncipes dos sacerdotes e os escribas. 
Levaram-n’O ao seu tribunal e disseram-Lhe: 
R «Diz-nos se Tu és o Messias». 
N Jesus respondeu-lhes: 
J «Se Eu vos disser, não acreditareis 
e, se fizer alguma pergunta, não respondereis. 
Mas o Filho do homem 
sentar-Se-á doravante 
à direita do poder de Deus». 

N Disseram todos: 
R «Tu és então o Filho de Deus?». 
N Jesus respondeu-lhes: 
J «Vós mesmos dizeis que Eu sou». 
N Então exclamaram: 
R «Que necessidade temos ainda de testemunhas? 
Nós próprios o ouvimos da sua boca». 
N Levantaram-se todos e levaram Jesus a Pilatos. 
Começaram a acusá-l’O, dizendo: 
R «Encontrámos este homem a sublevar o nosso povo, 
a impedir que se pagasse o tributo a César 
e dizendo ser o Messias-Rei». 
N Pilatos perguntou-Lhe: 
R «Tu és o Rei dos judeus?». 
N Jesus respondeu-lhe: 
J «Tu o dizes». 
N Pilatos disse aos príncipes dos sacerdotes e à multidão: 
R «Não encontro nada de culpável neste homem». 
N Mas eles insistiam: 
R «Amotina o povo, ensinando por toda a Judeia, 
desde a Galileia, onde começou, até aqui». 

N Ao ouvir isto, Pilatos perguntou 
se o homem era galileu; 
e, ao saber que era da jurisdição de Herodes, 
enviou-O a Herodes, 
que também estava nesses dias em Jerusalém. 
Ao ver Jesus, Herodes ficou muito satisfeito. 
Havia bastante tempo que O queria ver, 
pelo que ouvia dizer d’Ele, 
e esperava que fizesse algum milagre na sua presença. 
Fez-Lhe muitas perguntas, mas Ele nada respondeu. 
Os príncipes dos sacerdotes e os escribas que lá estavam 
acusavam-n’O com insistência. 
Herodes, com os seus oficiais, tratou-O com desprezo 
e, por troça, mandou-O cobrir com um manto magnífico 
e remeteu-O a Pilatos. 
Herodes e Pilatos, que eram inimigos, 
ficaram amigos nesse dia. 
Pilatos convocou os príncipes dos sacerdotes, 
os chefes e o povo, e disse-lhes: 
R «Trouxestes este homem à minha presença 
como agitador do povo. 
Interroguei-O diante de vós 
e não encontrei n’Ele 
nenhum dos crimes de que O acusais. 
Herodes também não, 
uma vez que no-l’O mandou de novo. 
Como vedes, não praticou nada que mereça a morte. 
Vou, portanto, soltá-l’O, depois de O mandar castigar». 

N Pilatos tinha obrigação de lhes soltar um preso 
por ocasião da festa. 
E todos se puseram a gritar: 
R «Mata Esse e solta-nos Barrabás». 
N Barrabás tinha sido metido na cadeia 
por causa de uma insurreição desencadeada na cidade 
e por assassínio. 
De novo Pilatos lhes dirigiu a palavra, 
querendo libertar Jesus. 
Mas eles gritavam: 
R «Crucifica-O! Crucifica-O!». 
N Pilatos falou-lhes pela terceira vez: 
R «Mas que mal fez este homem? 
Não encontrei n’Ele nenhum motivo de morte. 
Por isso vou soltá-l’O, depois de O mandar castigar». 
N Mas eles continuavam a gritar, 
pedindo que fosse crucificado, 
e os seus clamores aumentavam de violência. 
Então Pilatos decidiu fazer o que eles pediam: 
soltou aquele que fora metido na cadeia 
por insurreição e assassínio, 
como eles reclamavam, 
e entregou-lhes Jesus para o que eles queriam. 

Quando O conduziam, 
lançaram mão de um certo Simão de Cirene, 
que vinha do campo, e puseram-lhe a cruz às costas, 
para a levar atrás de Jesus. 
Seguia-O grande multidão de povo 
e mulheres que batiam no peito 
e se lamentavam, chorando por Ele. 
Mas Jesus voltou-Se para elas e disse-lhes: 
J «Filhas de Jerusalém, não choreis por Mim; 
chorai antes por vós mesmas e pelos vossos filhos; 
pois dias virão em que se dirá: 
‘Felizes as estéreis, os ventres que não geraram 
e os peitos que não amamentaram’. 
Começarão a dizer aos montes: ‘Caí sobre nós’; 
e às colinas: ‘Cobri-nos’. 
Porque, se tratam assim a madeira verde, 
que acontecerá à seca?». 

N Levavam ainda dois malfeitores 
para serem executados com Jesus. 
Quando chegaram ao lugar chamado Calvário, 
crucificaram-n’O a Ele e aos malfeitores, 
um à direita e outro à esquerda. 
Jesus dizia: 
J «Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem». 
N Depois deitaram sortes, 
para repartirem entre si as vestes de Jesus. 
O povo permanecia ali a observar. 
Por sua vez, os chefes zombavam e diziam: 
R «Salvou os outros: salve-Se a Si mesmo, 
se é o Messias de Deus, o Eleito». 
N Também os soldados troçavam d’Ele; 
aproximando-se para Lhe oferecerem vinagre, diziam: 
R «Se és o Rei dos judeus, salva-Te a Ti mesmo». 
N Por cima d’Ele havia um letreiro: 
«Este é o Rei dos judeus». 
Entretanto, um dos malfeitores 
que tinham sido crucificados 
insultava-O, dizendo: 
R «Não és Tu o Messias? 
Salva-Te a Ti mesmo e a nós também». 
N Mas o outro, tomando a palavra, repreendeu-o: 
R «Não temes a Deus, 
tu que sofres o mesmo suplício? 
Quanto a nós, fez-se justiça, 
pois recebemos o castigo das nossas más acções. 
Mas Ele nada praticou de condenável». 
N E acrescentou: 
R «Jesus, lembra-Te de mim, 
quando vieres com a tua realeza». 
N Jesus respondeu-lhe: 
J «Em verdade te digo: Hoje estarás comigo no Paraíso». 

N Era já quase meio-dia, 
quando as trevas cobriram toda a terra, 
até às três horas da tarde, 
porque o sol se tinha eclipsado. 
O véu do templo rasgou-se ao meio. 
E Jesus exclamou com voz forte: 
J «Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito». 
N Dito isto, expirou. 

Vendo o que sucedera, 
o centurião deu glória a Deus, dizendo: 
R «Realmente este homem era justo». 
N E toda a multidão 
que tinha assistido àquele espectáculo, 
ao ver o que se passava, regressava batendo no peito. 
Todos os conhecidos de Jesus, 
bem como as mulheres que O acompanhavam 
desde a Galileia, 
mantinham-se à distância, observando estas coisas. 

Havia um homem chamado José, 
da cidade de Arimateia, 
que era pessoa recta e justa e esperava o reino de Deus. 
Era membro do Sinédrio, mas não tinha concordado 
com a decisão e o proceder dos outros. 
Foi ter com Pilatos e pediu-lhe o corpo de Jesus. 
E depois de o ter descido da cruz, 
envolveu-o num lençol 
e depositou-o num sepulcro escavado na rocha, 
onde ninguém ainda tinha sido sepultado. 
Era o dia da Preparação 
e começavam a aparecer as luzes do sábado. 
Entretanto, 
as mulheres que tinham vindo com Jesus da Galileia 
acompanharam José e observaram o sepulcro 
e a maneira como fora depositado o corpo de Jesus. 
No regresso, prepararam aromas e perfumes. 
E no sábado guardaram o descanso, 
conforme o preceito. 

Palavra da salvação. 

EVANGELHO – Forma breve Lc 23, 1-49 

N Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas 

Naquele tempo, 
levantaram-se os anciãos do povo, 
os príncipes dos sacerdotes e os escribas, 
levaram Jesus a Pilatos 
e começaram a acusá-l’O, dizendo: 
R «Encontrámos este homem a sublevar o nosso povo, 
a impedir que se pagasse o tributo a César 
e dizendo ser o Messias-Rei». 
N Pilatos perguntou a Jesus: 
R «Tu és o Rei dos judeus?». 
N Jesus respondeu: 
J «Tu o dizes». 
N Pilatos disse aos príncipes dos sacerdotes e à multidão: 
R «Não encontro nada de culpável neste homem». 
N Mas eles insistiam: 
R «Amotina o povo, ensinando por toda a Judeia, 
desde a Galileia, onde começou, até aqui». 
N Ao ouvir isto, Pilatos perguntou se o homem era galileu; 
e, ao saber que era da jurisdição de Herodes, 
enviou-O a Herodes, 
que também estava nesses dias em Jerusalém. 
Ao ver Jesus, Herodes ficou muito satisfeito. 
Havia bastante tempo que O queria ver, 
pelo que ouvia dizer d’Ele, 
e esperava que fizesse algum milagre na sua presença. 
Fez-Lhe muitas perguntas; mas Ele nada respondeu. 
Os príncipes dos sacerdotes e os escribas que lá estavam 
acusavam-n’O com insistência. 
Herodes, com os seus oficiais, tratou-O com desprezo 
e, por troça, mandou-O cobrir com um manto magnífico 
e remeteu-O a Pilatos. 
Herodes e Pilatos, que eram inimigos, 
ficaram amigos nesse dia. 
Pilatos convocou os príncipes dos sacerdotes, 
os chefes e o povo, e disse-lhes: 
R «Trouxestes este homem à minha presença 
como agitador do povo. 
Interroguei-O diante de vós 
e não encontrei n’Ele nenhum dos crimes de que O acusais. 
Herodes também não, 
uma vez que no-l’O mandou de novo. 
Como vedes, não praticou nada que mereça a morte. 
Vou, portanto, soltá-l’O, depois de O mandar castigar». 
N Pilatos tinha obrigação de lhes soltar um preso 
por ocasião da festa. 
E todos se puseram a gritar: 
R «Mata Esse e solta-nos Barrabás». 
N Barrabás tinha sido metido na cadeia 
por causa de uma insurreição desencadeada na cidade 
e por assassínio. 
De novo Pilatos lhes dirigiu a palavra, 
querendo libertar Jesus. 
Mas eles gritavam: 
R «Crucifica-O! Crucifica-O!». 
N Pilatos falou-lhes pela terceira vez: 
R «Mas que mal fez este homem? 
Não encontrei n’Ele nenhum motivo de morte. 
Por isso vou soltá-l’O, depois de O mandar castigar». 
N Mas eles continuavam a gritar, 
pedindo que fosse crucificado, 
e os seus clamores aumentavam de violência. 
Então Pilatos decidiu fazer o que eles pediam: 
soltou aquele que tinha sido metido na cadeia 
por insurreição e assassínio, 
como eles reclamavam, 
e entregou-lhes Jesus para o que eles queriam. 
Quando O conduziam, 
lançaram mão de um certo Simão de Cirene, 
que vinha do campo, 
e puseram-lhe a cruz às costas, 
para a levar atrás de Jesus. 
Seguia-O grande multidão de povo 
e mulheres que batiam no peito 
e se lamentavam, chorando por Ele. 
Mas Jesus voltou-Se para elas e disse-lhes: 
J «Filhas de Jerusalém, não choreis por Mim; 
chorai antes por vós mesmas e pelos vossos filhos. 
Pois dias virão em que se dirá: 
‘Felizes as estéreis, os ventres que não geraram 
e os peitos que não amamentaram’. 
Começarão a dizer aos montes: ‘Caí sobre nós’; 
e às colinas: ‘Cobri-nos’. 
Porque se tratam assim a madeira verde, 
que acontecerá à seca?». 
N Levavam ainda dois malfeitores 
para serem executados com Jesus. 
Quando chegaram ao lugar chamado Calvário, 
crucificaram-n’O a Ele e aos malfeitores, 
um à direita e outro à esquerda. 
Jesus dizia: 
J «Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem». 
N Depois deitaram sortes, 
para repartirem entre si as vestes de Jesus. 
O povo permanecia ali a observar. 
Por sua vez, os chefes zombavam e diziam: 
R «Salvou os outros: salve-Se a Si mesmo, 
se é o Messias de Deus, o Eleito». 
N Também os soldados troçavam d’Ele; 
aproximando-se para Lhe oferecerem vinagre, diziam: 
R «Se és o Rei dos judeus, salva-Te a Ti mesmo». 
N Por cima d’Ele havia um letreiro: 
«Este é o Rei dos judeus». 
Entretanto, um dos malfeitores 
que tinham sido crucificados 
insultava-O, dizendo: 
R «Não és Tu o Messias? 
Salva-Te a Ti mesmo e a nós também». 
N Mas o outro, tomando a palavra, repreendeu-o: 
R «Não temes a Deus, 
tu que sofres o mesmo suplício? 
Quanto a nós, fez-se justiça, 
pois recebemos o castigo das nossas más acções. 
Mas Ele nada praticou de condenável». 
N E acrescentou: 
R «Jesus, lembra-Te de mim, 
quando vieres com a tua realeza». 
N Jesus respondeu-lhe: 
J «Em verdade te digo: Hoje estarás comigo no Paraíso». 
N Era já quase meio-dia, 
quando as trevas cobriram toda a terra, 
até às três horas da tarde, 
porque o sol se tinha eclipsado. 
O véu do templo rasgou-se ao meio. 
E Jesus exclamou com voz forte: 
J «Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito». 
N Dito isto, expirou. 
Vendo o que sucedera, 
o centurião deu glória a Deus, dizendo: 
R «Realmente este homem era justo». 
N E toda a multidão que tinha assistido àquele espectáculo, 
ao ver o que se passava, regressava batendo no peito. 
Todos os conhecidos de Jesus, 
bem como as mulheres que O acompanhavam 
desde a Galileia, 
mantinham-se à distância, observando estas coisas. 

Palavra da salvação.