domingo, 17 de março de 2024

A importância do Tríduo Pascal

Hoje o Cantinho, por Fernando Ilídio, vai responder a sete perguntas colocadas pelos nossos seguidores. 

Tríduo Pascal? O que é?

São três dias em que celebramos o centro da nossa fé: a Paixão, a Morte e a Ressurreição de Jesus. Não podemos olhar para a Páscoa como um dia isolado, fazê-lo seria ignorar parte importante deste percurso. No Tríduo Pascal acompanhamos Jesus na sua passagem da morte à vida.

É um tempo favorável para confrontar a nossa vida com a de Jesus que, por nós, vai à paixão, e para nos deixarmos transformar pelo seu amor.

O Porquê das variações da data da Páscoa?

 Os nossos irmãos judeus, celebram a Páscoa (Pesach) no dia 14 do mês de Nissan – que é o primeiro mês do calendário judaico. dado que esta data podia ocorrer em qualquer dia da semana, e a ressurreição deve ser celebrada ao domingo, no Concílio de Niceia, no ano de 325 d.c., foi decidido que esta solenidade devia ocorrer no domingo após a primeira lua cheia do equinócio da primavera.

Isto faz com que a data da Páscoa possa variar entre os dias 22 de março e 25 de abril. Estando ligada à primavera, a Páscoa recorda-nos a abundância da vida e da luz que o Ressuscitado nos oferece.

Como se percebe a ligação entre as celebrações que fazem parte do tríduo?

É muito interessante que estes dias, embora com celebrações e momentos muito diferentes entre si, funcionem como uma única celebração que começa na quinta-feira ao final do dia, com a missa vespertina da Ceia do Senhor, e termina com a Vigília Pascal.

Um sinal claro disso é que a bênção final só é dada na Vigília Pascal, estando ausente na quinta e sexta-feira. Com isto, a liturgia sublinha que celebramos um só mistério que não se interrompe.

Qual a importância do lava-pés na Quinta-feira Santa?

Ao instituir a eucaristia e o sacerdócio, Jesus não deixou escrito nenhum tratado, mas inscreveu-o na vida daqueles que participaram nesta ceia. Ao baixar-se para lavar os pés, Jesus mostra o modo como o sacerdócio deve ser vivido: estar no meio de nós como aquele que serve, como o humilde.

Este gesto é para nós um desafio grande que nos convida a pensar como, no dia-a-dia, também nós somos chamados a descer às periferias humanas que estão à nossa volta.

E como aquele que serve é aquele que está vigilante, terminada a eucaristia, segue-se um momento de oração junto do Santíssimo Sacramento, para acompanhar Jesus no Jardim das Oliveiras.

Porque não há missa na Sexta-Feira Santa?

A Sexta-Feira Santa é dia de jejum e abstinência. É o dia em que celebramos a Paixão e a morte de Jesus. As leituras deste dia oferecem-nos uma composição do lugar que nos permite contemplar Jesus nesta hora decisiva da sua vida, a ponto de nos atrair a si, e num gesto simples adorar a cruz – o sinal maior do amor de Deus por nós.

Ainda que não se celebre eucaristia, porque celebramos a morte de Jesus, não somos privados de comungar o seu Corpo vivo, ele é o alimento que nos faz passar da morte à vida

O Porquê sair de casa à noite para participar na Vigília Pascal?

Ao participar na Vigília Pascal estamos a reviver a História da Salvação, que é também para nós história de salvação. Começamos a celebração no exterior da igreja, às escuras e, seguindo o círio pascal, seguimos o próprio Cristo que pouco a pouco nos vai iluminando para ouvir a narração da nossa libertação, a libertação que Jesus nos dá

Neste enorme e revitalizador exercício de memória coletiva, somos envolvidos progressivamente pela luz que culmina na alegria do encontro com o Ele, Jesus Ressuscitado.

A água tem também um papel fundamental. Tradicionalmente celebra-se o batismo dos adultos e todos renovamos a promessa de seguir na glória D´Aquele que acompanhámos na paixão, testemunhando com a nossa vida que Ele está vivo.

Preceito pascal? O que quer dizer?

Esta expressão caiu um pouco em desuso, mas a Igreja mantém entre os seus preceitos comungar o sacramento da Eucaristia ao menos pela Páscoa e, estreitamente ligado a este, confessar os pecados ao menos uma vez por ano.

Com estes preceitos, mais do que cumprir a tarefa que é prescrita, a Igreja deseja com esperança, que o cristão possa participar plenamente neste mistério que celebramos. Por este motivo, devemos fazer os possíveis por procurar o sacramento da reconciliação, preparando-nos assim para receber o Senhor Ressuscitado de novo na nossa vida.

Uma vez que celebramos o núcleo da fé cristã, devemos fazer os possíveis por participar ativamente com a nossa comunidade pois caminhando em conjunto é mais fácil percorrer o caminho. Como eu costumo dizer, Juntos somos mais fortes e mais fortes estamos mais perto de Cristo.


Fernando Ilidio in Catinho da Teologia® - 16 de Março de 2024

Fernando Ilídio com já alguns textos publicados e algumas entrevistas é dos mais promissores teólogos católicos. Com 44 anos, casado e com uma filha, é formado em Teologia pelo Centro de Cultura Católica do Porto, onde concluiu os três anos do curso básico. Investigador e Fundador do CDT (Cantinho da Teologia). É Acólito, Ministro da Comunhão, participa como representante do grupo de Acólitos de Matosinhos no Concelho Pastoral Paroquial, fez parte do grupo de CPM (Preparação para o matrimonio), foi membro da equipa Pastoral Vocacional, formador do Grupo de Acólitos da Paróquia de Matosinhos e membro da equipa de Liturgia.

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