sexta-feira, 29 de junho de 2018

História da Igreja

Cristianismo religião oficial do Império Romano 

Cristianismo tornou-se religião de Estado do Império Romano em 380 d.C.


O decreto do imperador bizantino Teodósio 1º teve consequências abrangentes ao unir à Antiguidade clássica as raízes judaico-cristãs do continente europeu. Com bons e maus desdobramentos. Nº 3 da série "Os Europeus".


Até o Concílio de Niceia, no ano de 325 d.C., igrejas eram incendiadas, cristãos eram caçados e tinham seus bens confiscados. As perseguições se agravaram sobretudo sob o imperador Diocleciano (cerca de 245-316). Este pretendia reviver a velha cultura pagã, tornando-a religião de Estado. Porém sua política anticristã fracassou e foi abolida pelo sucessor, o imperador Constantino 1º (cerca de 285-337).

O aparato militar e administrativo funcionava bem no Império Romano. Um espaço económico comum trouxera prosperidade. Os direitos civis concedidos a todas as pessoas que habitavam o território estatal romano promoviam a coesão – menos no tocante à prática da religião.


O Concílio de Niceia


Porém notícias ainda melhores esperavam os adeptos da fé cristã. Pois em 27 de fevereiro de 380 o imperador bizantino Teodósio 1º (347-395) promulgou um decreto declarando o cristianismo religião de Estado e punindo o exercício de cultos pagãos.


Porém o texto do decreto "Cunctos populos" não confirmava apenas a posição privilegiada do cristianismo, como também a persecução aos adeptos de outras fés


O Concílio de Niceia


Tessalônica hoje


No dia 19 de junho de 325, o imperador Constantino interferiu num conflito eclesiástico. Para pacificá-lo, ele convidou os bispos cristãos para um concílio em Niceia, nas proximidades da atual Istambul. A meta desse encontro, de que participaram mais de 300 representantes, não era a imposição do cristianismo como religião estatal, mas sim o estabelecimento de uma paz religiosa, a fim de estabilizar o Império Romano.


Após longos debates, Constantino 1º aceitou o consenso segundo o qual Deus e Jesus constituiriam uma mesma entidade. Com a assinatura dessa definição pelos religiosos presentes, teve fim a perseguição dos cristãos.


Porém notícias ainda melhores esperavam os adeptos da fé cristã. Pois em 27 de fevereiro de 380 o imperador bizantino Teodósio 1º (347-395) promulgou um decreto declarando o cristianismo religião de Estado e punindo o exercício de cultos pagãos.


"Cunctos populos"


A assinatura deu-se em Tessalônica, na presença do imperador do Ocidente, Valentiniano 2º (371-392), e do meio-irmão e corregente Graciano (359-383).


Porém o texto do decreto "Cunctos populos" não confirmava apenas a posição privilegiada do cristianismo, como também a persecução aos adeptos de outras fés:


"Todos os povos sobre os quais exercemos regência bondosa e moderada devem (...) converter-se à religião comunicada aos romanos pelo divino apóstolo Pedro (...) e claramente professada pelo pontífice Damásio, como também pelo bispo Pedro de Alexandria (...). 
Isto significa que nós, segundo a indicação apostólica e a doutrina evangélica, cremos numa divindade do Pai, do Filho e do Espírito Santo, em igual majestade e em santa trindade. 
Apenas aqueles que obedecem a esta lei poderão (...) chamar-se cristãos católicos. 
Os demais, que declaramos verdadeiramente tolos e loucos, carregarão a vergonha de uma seita herética. Tampouco poderão ser chamados igrejas seus locais de reunião. 
Por fim, que os persiga primeiramente o castigo divino, porém depois também nossa justiça punitiva, a nós outorgada por sentença celestial."


Simbiose entre Antiguidade e Cristianismo


'Teodósio e Santo Ambrósio' em quadro de Rubens (1577-1640)


Os praticantes de outras fés passaram então a ser atormentados com a mesma intensidade com que o eram antes cristãos e judeus. A prática de cultos pagãos passou a ser tratada como alta traição. Templos e relíquias foram destruídos, da mesma forma que o Oráculo de Delfos, lendário local de profecia da Grécia antiga.


Entretanto, o 27 de fevereiro de 380 constitui um marco da história europeia, pois nesse dia as raízes judaico-cristãs uniram-se à Antiguidade greco-romana, numa simbiose que perdura até hoje. A prévia história greco-romana do continente e a religião judaico-cristã definiram decisivamente a Europa – no bom como no mau sentido.


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