quinta-feira, 31 de maio de 2018

Leituras do dia

 
Santissimo Corpo e Sangue de Cristo - Solenidade

Livro de Êxodo 24,3-8. 
Naqueles dias, Moisés veio comunicar ao povo todas as palavras do Senhor e todas as suas leis. O povo inteiro respondeu numa só voz: «Faremos tudo o que o Senhor ordenou». 
Moisés escreveu todas as palavras do Senhor. No dia seguinte, levantou-se muito cedo, construiu um altar no sopé do monte e ergueu doze pedras pelas doze tribos de Israel. 
Depois mandou que alguns jovens israelitas oferecessem holocaustos e imolassem novilhos, como sacrifícios pacíficos ao Senhor. 
Moisés recolheu metade do sangue, deitou-o em vasilhas e derramou a outra metade sobre o altar. 
Depois, tomou o Livro da Aliança e leu-o em voz alta ao povo, que respondeu: «Faremos quanto o Senhor disse e em tudo obedeceremos». 
Então, Moisés tomou o sangue e aspergiu com ele o povo, dizendo: «Este é o sangue da aliança que o Senhor firmou convosco, mediante todas estas palavras». 

Livro de Salmos 116(115),12-13.15.16bc.17-18. 
Como agradecerei ao Senhor 
tudo quanto Ele me deu? 
Elevarei o cálice da salvação, 
invocando o nome do Senhor. 

É preciosa aos olhos do Senhor 
a morte dos seus fiéis. 
Senhor, sou vosso servo, filho da vossa serva: 
quebrastes as minhas cadeias. 

Oferecer-Vos-ei um sacrifício de louvor, 
invocando, Senhor, o vosso nome. 
Cumprirei as minhas promessas ao Senhor, 
na presença de todo o povo. 

Carta aos Hebreus 9,11-15. 
Irmãos: Cristo veio como sumo sacerdote dos bens futuros. Atravessou o tabernáculo maior e mais perfeito, que não foi feito por mãos humanas, nem pertence a este mundo, 
e entrou de uma vez para sempre no Santuário. Não derramou sangue de cabritos e novilhos, mas o seu próprio Sangue, e alcançou-nos uma redenção eterna. 
Na verdade, se o sangue de cabritos e de toiros e a cinza de vitela, aspergidos sobre os que estão impuros, os santificam em ordem à pureza legal, 
quanto mais o sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno Se ofereceu a Deus como vítima sem mancha, purificará a nossa consciência das obras mortas, para servirmos ao Deus vivo! 
Por isso, Ele é mediador de uma nova aliança, para que, intervindo a sua morte para remissão das transgressões cometidas durante a primeira aliança, os que são chamados recebam a herança eterna prometida. 

Evangelho segundo S. Marcos 14,12-16.22-26. 
No primeiro dia dos Ázimos, em que se imolava o cordeiro pascal, os discípulos perguntaram a Jesus: «Onde queres que façamos os preparativos para comer a Páscoa?». 
Jesus enviou dois discípulos e disse-lhes: «Ide à cidade. Virá ao vosso encontro um homem com uma bilha de água. Segui-o
e, onde ele entrar, dizei ao dono da casa: «O Mestre pergunta: Onde está a sala, em que hei-de comer a Páscoa com os meus discípulos?». 
Ele vos mostrará uma grande sala no andar superior, alcatifada e pronta. Preparai-nos lá o que é preciso». 
Os discípulos partiram e foram à cidade. Encontraram tudo como Jesus lhes tinha dito e prepararam a Páscoa. 
Enquanto comiam, Jesus tomou o pão, recitou a bênção e partiu-o, deu-o aos discípulos e disse: «Tomai: isto é o meu Corpo». 
Depois tomou um cálice, deu graças e entregou-lho. E todos beberam dele. 
Disse Jesus: «Este é o meu Sangue, o Sangue da nova aliança, derramado pela multidão dos homens. 
Em verdade vos digo: Não voltarei a beber do fruto da videira, até ao dia em que beberei do vinho novo no reino de Deus». 
Cantaram os salmos e saíram para o Monte das Oliveiras. 

Quinta-feira, dia 31 de Maio de 2018

Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo (Festa do Corpo de Deus) (ofício próprio)

SANTÍSSIMO CORPO E SANGUE DE JESUS CRISTO

Tal como a festa da Santíssima Trindade, esta não é uma « festa de devoção » : é a confissão da nossa fé viva, cujo enunciado, aliás, não se encontra no Credo. 

As orações e os cânticos da liturgia actual têm por autor S. Tomás de Aquino: são a expressão de um amor infinito e entusiasta, uma obra prima de doutrina teológica e de poesia.

As três leituras e o salmo orientam a meditação do fiel para a dimensão sacrificial da Eucaristia, sem suprimir as outras dimensões deste mistério : a fracção do pão, a refeição comunitária, a presença real, a comunhão. 

A Eucaristia é um sacrifício de louvor e de acção de graças, tal como os sacrifícios da Antiga Aliança. Por si mesma, a morte não é redentora. É a nossa atitude diante da morte que o pode ser. É o Servo que, pela sua oferenda, a faz tornar-se expiação e glorificação. 

A “carta aos Hebreus” desenvolve o tema do sacrifício do Antigo Testamento, evocando a celebração do « dia da Expiação » : « O sangue de Cristo faz bem melhor. Ele é o sumo-sacerdote da Nova Aliança. Cristo ressuscitado já não morre mais ».

O Evangelho de S. Marcos coloca-nos no contexto da noite pascal. Jesus dá-nos a vida, tal como o Pai dá a vida que Ele oferece por nós e que é doravante vitoriosa sobre a morte. Cristo ordena-nos que celebremos este memorial até ao dia do Reino de Deus.

quarta-feira, 30 de maio de 2018

Santa Joana D'Arc

Quarta-feira, dia 30 de Maio de 2018

Santa Joana d'Arc, virgem, mártir, (+ Rouen, França, 1431)

Santa Joana d'Arc, Virgem
(+ Rouen, França, 1431)

A donzela suscitada por Deus para libertar a França dos ingleses, depois de
vencer as resistências dos que não queriam reconhecer a sua missão,
conseguiu obter vitórias espantosas sobre os invasores e obteve a coroação
do rei Carlos VII em Reims. Sua obra parecia terminada, mas Deus ainda
queria dela um sacrifício supremo. Traída e entregue aos ingleses, foi
julgada iniquamente e queimada como feiticeira. Mais tarde a Igreja a
reabilitou e reconheceu a heroicidade de suas virtudes. Foi beatificada em
1909, pelo Papa São Pio X, e canonizada por Bento XV em 1920


Momento de reflexão


Quarta-feira da 8ª semana do Tempo Comum

Santo Afonso-Maria de Ligório (1696-1787), bispo, doutor da Igreja 
6.º Discurso para a novena de Natal

O Filho do Homem veio para dar a sua vida


O Senhor eterno dignou-Se apresentar-Se a nós primeiro como um menino pequeno num estábulo, depois como simples operário numa carpintaria, mais tarde como um criminoso que expirou num patíbulo e, por fim, como pão num altar. São numerosos aspetos, aspetos intencionais de Jesus, aspetos que tiveram um único efeito: o de mostrar o amor que Ele nos tem. 

Ah, Senhor, poderás inventar mais alguma coisa para fazer com que Te amemos? O profeta Isaías clamava: «Anunciai as suas obras entre os povos; proclamai que o seu nome é excelso» (Is 12,4). Almas resgatadas, dai a conhecer em todo o lado as obras de amor desse Deus cheio de amor. Ele concebeu-as e realizou-as para ser amado por todos os homens, Ele que, depois de os ter cumulado de benfeitorias, Se deu a Si próprio, e de tantos modos! 

Doente ou ferido, queres curar-te? Jesus é o médico: Ele cura-te com o seu sangue. Ardes em febre? Ele é a fonte refrescante. Estás atormentado pelas paixões e tribulações do mundo? Ele é a fonte das consolações espirituais e do verdadeiro alento. Tens medo da morte? Ele é a vida. Aspiras ao Céu? Ele é o caminho (cf Jo 14,6) [...]. Jesus Cristo não Se deu apenas a todos os homens em geral; quer dar-Se a cada um em particular. É por isso que São Paulo diz: «Amou-me e a Si mesmo Se entregou por mim» (Gal 2,20). E São João Crisóstomo afirma: «Deus ama cada um de nós tanto como ama toda a humanidade». O que significa, meu querido irmão, que, mesmo que não houvesse mais ninguém no mundo, o divino Redentor teria encarnado e dado o seu sangue e a sua vida só por ti.

Leituras do dia

 
Quarta-feira da 8ª semana do Tempo Comum

1ª Carta de S. Pedro 1,18-25. 
Caríssimos: Lembrai-vos que não foi por coisas corruptíveis, como prata e ouro, que fostes resgatados da vã maneira de viver, herdada dos vossos pais, 
mas pelo sangue precioso de Cristo, Cordeiro sem defeito e sem mancha, 
predestinado antes da criação do mundo e manifestado nos últimos tempos por vossa causa. 
Por Ele acreditais em Deus, que O ressuscitou dos mortos e Lhe deu a glória, para que a vossa fé e a vossa esperança estejam em Deus. 
Obedecendo à verdade, purificastes as vossas almas para vos amardes sinceramente como irmãos. Amai-vos intensamente uns aos outros de todo o coração, 
porque vós renascestes, não de uma semente corruptível, mas incorruptível, que é a palavra de Deus, viva e eterna. 
Na verdade, «todo o ser mortal é como a erva e todo o seu esplendor como a flor da erva. A erva seca e a flor cai; 
mas a palavra do Senhor permanece eternamente». Esta é a palavra que vos foi anunciada. 

Livro de Salmos 147,12-13.14-15.19-20. 
Glorifica, Jerusalém, o Senhor, 
louva, Sião, o teu Deus. 
Ele reforçou as tuas portas 
e abençoou os teus filhos. 

Estabeleceu a paz nas tuas fronteiras 
e saciou-te com a flor da farinha. 
Envia à terra a sua palavra, 
corre veloz a sua mensagem. 

Revelou a sua palavra a Jacob, 
suas leis e preceitos a Israel. 
Não fez assim com nenhum outro povo, 
a nenhum outro manifestou os seus juízos. 

Evangelho segundo S. Marcos 10,32-45. 
Naquele tempo, Jesus e os discípulos subiam a caminho de Jerusalém. Jesus ia à sua frente. Os discípulos estavam preocupados e aqueles que os acompanhavam iam com medo. Jesus tomou então novamente os Doze consigo e começou a dizer-lhes o que Lhe ia acontecer: 
«Vede que subimos para Jerusalém e o Filho do homem será entregue aos príncipes dos sacerdotes e aos escribas. Vão condená-l’O à morte e entregá-l’O aos gentios;
hão de escarnecê-l’O, cuspir-Lhe, açoitá-l’O e dar-Lhe a morte. Mas ao terceiro dia ressuscitará».
Tiago e João, filhos de Zebedeu, aproximaram-se de Jesus e disseram-Lhe: «Mestre, nós queremos que nos faças o que Te vamos pedir».
Jesus respondeu-lhes: «Que quereis que vos faça?».
Eles responderam: «Concede-nos que, na tua glória, nos sentemos um à tua direita e outro à tua esquerda».
Disse-lhes Jesus: «Não sabeis o que pedis. Podeis beber o cálice que Eu vou beber e receber o batismo com que Eu vou ser batizado?».
Eles responderam-Lhe: «Podemos». Então Jesus disse-lhes: «Bebereis o cálice que Eu vou beber e sereis batizados com o batismo com que Eu vou ser batizado.
Mas sentar-se à minha direita ou à minha esquerda não Me pertence a Mim concedê-lo; é para aqueles a quem está reservado».
Os outros dez, ouvindo isto, começaram a indignar-se contra Tiago e João.
Jesus chamou-os e disse-lhes: «Sabeis que os que são considerados como chefes das nações exercem domínio sobre elas e os grandes fazem sentir sobre elas o seu poder.
Não deve ser assim entre vós: quem entre vós quiser tornar-se grande será vosso servo,
e quem quiser entre vós ser o primeiro será escravo de todos;
porque o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida pela redenção de todos».

terça-feira, 29 de maio de 2018

Momento de reflexão


Terça-feira da 8ª semana do Tempo Comum

Santa Teresa de Calcutá (1910-1997), fundadora das Irmãs Missionárias da Caridade 
«Não Há Amor Maior»

Deixar tudo para O seguir


As riquezas, quer sejam materiais ou espirituais, podem asfixiar-nos se não fizermos delas uma utilização adequada. Porque nem o próprio Deus consegue colocar coisa alguma num coração que já está cheio. Mais cedo ou mais tarde, inevitavelmente, reaparece o apetite pelo dinheiro e a avidez por tudo o que o dinheiro pode proporcionar – a procura do supérfluo, do luxo na comida, no vestuário e no entretenimento. As necessidades começam a aumentar, uma coisa atrai a outra. Mas no fim fica-se com um sentimento incontrolável de insatisfação. Permaneçamos tão vazios quanto possível para que Deus possa preencher-nos. 

Nosso Senhor é um exemplo vivo disto: logo no primeiro dia da sua existência humana, conheceu uma pobreza que nenhum ser humano alguma vez conhecerá porque, «sendo rico, tornou-Se pobre» (2Cor 8,9). Cristo esvaziou-Se de toda a sua riqueza. É aqui que surge a contradição: se eu quiser ser pobre como Cristo, que Se tornou pobre embora fosse rico, que devo fazer? Seria uma vergonha para nós sermos mais ricos do que Jesus que, por nossa causa, suportou a pobreza. 

Na cruz, Cristo foi privado de tudo. A própria cruz fora-Lhe dada por Pilatos; os pregos e a coroa, pelos soldados. Estava nu. Quando morreu, despojaram-n'O da cruz, retiraram-Lhe os pregos e a coroa. Foi envolto num pedaço de tecido dado por uma alma caridosa e foi enterrado num túmulo que não Lhe pertencia. E isto quando poderia ter morrido como um rei ou mesmo poupar-Se à morte. Mas Ele escolheu a pobreza porque sabia que ela é o verdadeiro meio de possuir Deus e de trazer o seu amor à Terra.

Leituras do dia


 
Terça-feira da 8ª semana do Tempo Comum

1ª Carta de S. Pedro 1,10-16. 
Caríssimos: A salvação das almas foi objeto das investigações e meditações dos Profetas que predisseram a graça a vós destinada. 
Procuravam descobrir a que tempo e circunstâncias se referia o Espírito de Cristo que estava neles, quando predizia os sofrimentos de Cristo e as glórias que se lhes haviam de seguir. 
Foi-lhes revelado que não era para eles, mas para vós, que no seu ministério transmitiam essa mensagem. É essa mensagem que agora vos anunciam aqueles que, movidos pelo Espírito Santo enviado do Céu, vos pregam o Evangelho, o qual os próprios Anjos desejam contemplar. 
Por isso, tende o vosso espírito alerta e sede vigilantes; ponde toda a vossa esperança na graça que vos será concedida, quando Jesus Cristo Se manifestar. 
Como filhos obedientes, não vos conformeis com os desejos de outrora, quando vivíeis na ignorância. 
Mas, à semelhança do Deus santo que vos chamou, sede santos, vós também, em todas as vossas ações, 
como está escrito: «Sede santos, porque Eu sou santo». 

Livro de Salmos 98(97),1.2-3ab.3c-4. 
Cantai ao Senhor um cântico novo 
pelas maravilhas que Ele operou. 
A sua mão e o seu santo braço 
Lhe deram a vitória.

O Senhor deu a conhecer a salvação, 
revelou aos olhos das nações a sua justiça.
Recordou-Se da sua bondade e fidelidade 
em favor da casa de Israel.

Os confins da Terra puderam ver 
a salvação do nosso Deus
Aclamai o Senhor, terra inteira, 
exultai de alegria e cantai.

Evangelho segundo S. Marcos 10,28-31. 
Naquele tempo, Pedro começou a dizer a Jesus: «Vê como nós deixámos tudo para Te seguir». 
Jesus respondeu: «Em verdade vos digo: Todo aquele que tiver deixado casa, irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos ou terras, por minha causa e por causa do Evangelho, 
receberá cem vezes mais, já neste mundo, em casas, irmãos, irmãs, mães, filhos e terras, juntamente com perseguições, e, no mundo futuro, a vida eterna. 
Muitos dos primeiros serão os últimos e muitos dos últimos serão os primeiros». 

segunda-feira, 28 de maio de 2018

Segunda-feira, dia 28 de Maio de 2018

Santa Maria Ana de Paredes, virgem, +1645

Santa Maria Ana de Paredes nasceu em Quito, Equador, no dia 31 de Outubro de 1618. Órfã de pai aos quatro anos e de mãe dois anos mais tarde. Foi educada pela irmã mais velha. Jovem ainda, foi iniciada nos Exercícios de Santo Inácio de Loyola. Por várias vezes tentou abraçar a vida religiosa, quer como missionária no meio aos índios, quer como reclusa em algum convento. Por fim, foi apoiada pelos irmãos, que lhe deram alguns aposentos da casa, que Santa Maria Ana transformou em clausura. Passou ali a vida inteira recolhida, dedicando-se à penitência e à oração, saindo apenas para assistir à missa e para ajudar os pobres, os necessitados e consolar os infelizes. Em 1645, ofereceu a sua vida pelas vítimas da epidemia que assolava a cidade de Quito. Caindo gravemente enferma, morreu nesse mesmo ano. Foi canonizada por Pio XII, em 1950. É a primeira santa do Equador. Foi proclamada também heroína nacional.

domingo, 27 de maio de 2018

Momento de reflexão

Segunda-feira da 8ª semana do Tempo Comum


São Clemente de Alexandria (150-c. 215), teólogo 
Homilia «Os ricos podem salvar-se?»


«Bom Mestre, que hei de fazer para alcançar a vida eterna?»


Ignorar a Deus é morrer; pois a vida reside apenas em conhecê-Lo, viver n'Ele, amá-l'O e procurar assemelhar-se a Ele. Se quereis a vida eterna, [...] procurai antes de mais conhecê-l'O, ainda que «ninguém conhece o Filho, senão o Pai, e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho quiser revelá-l'O» (Mt 11,27). Em Deus, conhecei a grandeza do Redentor e a sua graça inestimável; pois, diz o apóstolo João, «a lei foi dada por Moisés, a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo» (1,17). [...] Se a Lei de Moisés pudesse dar-nos a vida eterna, porque teria o nosso Salvador vindo ao mundo e sofrido por nós, desde o nascimento até à morte, percorrendo toda uma vida humana? Porque se teria este jovem, que tão bem cumpria desde a juventude os mandamentos da Lei, lançado aos pés de Jesus para Lhe pedir a imortalidade? 

Este jovem observava a Lei na sua totalidade, e a ela se ligara desde a juventude. [...] Mas percebe bem que, se nada falta à sua virtude, lhe falta contudo a vida. É por isso que vem pedi-la Àquele que pode dar-lha; está seguro de estar em regra com a Lei, mas nem por isso deixa de implorar ao Filho de Deus. [...] As amarras da Lei não o defendem adequadamente das oscilações do navio, pelo que ele deseja abandonar esta navegação perigosa e lançar âncora no porto do Salvador. 

Jesus não lhe censura a falta de cumprimento da Lei, mas olha-o com afeto, emocionado com a sua aplicação de bom aluno. Contudo, diz-lhe que é ainda imperfeito [...]: é bom trabalhador da Lei, mas preguiçoso para a vida eterna. A Lei santa é como um pedagogo que orienta para os mandamentos perfeitos de Jesus (Gal 3,24) e para a sua graça. Jesus é «o cumprimento da lei, para justificar todo aquele que crê n'Ele» (Rom 10,4).

Leituras do dia


Segunda-feira da 8ª semana do Tempo Comum

1ª Carta de S. Pedro 1,3-9. 
Bendito seja Deus, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, que, na sua grande misericórdia, nos fez renascer, pela ressurreição de Jesus Cristo de entre os mortos, para uma esperança viva, 
para uma herança que não se corrompe, nem se mancha, nem desaparece. Esta herança está reservada nos Céus para vós, 
que pelo poder de Deus sois guardados, mediante a fé, para a salvação que se vai revelar nos últimos tempos. 
Isto vos enche de alegria, embora vos seja preciso ainda, por pouco tempo, passar por diversas provações, 
para que a prova a que é submetida a vossa fé – muito mais preciosa que o ouro perecível, que se prova pelo fogo – seja digna de louvor, glória e honra, quando Jesus Cristo Se manifestar. 
Sem O terdes visto, vós O amais; sem O ver ainda, acreditais n’Ele. E isto é para vós fonte de uma alegria inefável e gloriosa, 
porque conseguis o fim da vossa fé: a salvação das vossas almas. 

Livro de Salmos 111(110),1-2.5-6.9.10c. 
Louvarei o Senhor de todo o coração 
no conselho dos justos e na assembleia. 
São grandes as obras do Senhor, 
admiráveis para os que nelas meditam. 

Deu sustento àqueles que O temem 
e jamais se esquecerá da sua aliança. 
Fez ver ao seu povo a força das suas obras, 
para lhe dar a herança das nações. 

Enviou a redenção ao seu povo, 
firmou com ele uma aliança eterna; 
santo e venerável é o seu nome, 
o louvor do Senhor permanece para sempre. 

Evangelho segundo S. Marcos 10,17-27. 
Naquele tempo, ia Jesus pôr-Se a caminho, quando um homem se aproximou correndo, ajoelhou diante d’Ele e Lhe perguntou: «Bom Mestre, que hei de fazer para alcançar a vida eterna?».
Jesus respondeu: «Porque Me chamas bom? Ninguém é bom senão Deus.
Tu sabes os mandamentos: "Não mates; não cometas adultério; não roubes; não levantes falso testemunho; não cometas fraudes; honra pai e mãe"». 
O homem disse a Jesus: «Mestre, tudo isso tenho eu cumprido desde a juventude».
Jesus olhou para ele com simpatia e respondeu: «Falta-te uma coisa: vai vender o que tens, dá o dinheiro aos pobres e terás um tesouro no Céu. Depois, vem e segue-Me».
Ao ouvir estas palavras, o homem ficou abatido e retirou-se pesaroso, porque era muito rico.
Então Jesus, olhando à sua volta, disse aos discípulos: «Como será difícil para os que têm riquezas entrar no reino de Deus!».
Os discípulos ficaram admirados com estas palavras. Mas Jesus afirmou-lhes de novo: «Meus filhos, como é difícil entrar no reino de Deus!
É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no reino de Deus».
Eles admiraram-se ainda mais e diziam uns aos outros: «Quem pode então salvar-se?».
Fitando neles os olhos, Jesus respondeu: «Aos homens é impossível, mas não a Deus, porque a Deus tudo é possível».

Momento de reflexão

SANTÍSSIMA TRINIDADE - solenidade

Venerável Pio XII (1876-1958), papa 
Alocução aos padres de Roma e aos pregadores de Quaresma, 17 de fevereiro de 1942

«Eu estou sempre convosco até ao fim dos tempos»


Cristo, nosso advogado (1Jo 2,1), está sentado à direita do Pai. Deixou de ser visível, na sua natureza humana, entre nós. Mas dignou-Se permanecer connosco até à consumação dos séculos, invisível sob as aparências do pão e do vinho, no sacramento do seu amor. É o grande mistério de um Deus presente e escondido, deste Deus que virá um dia julgar os vivos e os mortos. 

É para este grande dia de Deus que avança a humanidade no seu todo, dos séculos passados, do presente e do futuro. É para este dia que avança a Igreja, mestra de fé e de moral para todas as nações, batizando em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. E nós, assim como cremos no Pai, Criador do Céu e da Terra, no Filho, redentor do género humano, também cremos no Espírito Santo. 

Ele é o Espírito que procede do Pai e do Filho, como seu amor consubstancial, prometido e enviado por Cristo aos apóstolos no dia de Pentescostes, virtude do alto que os enche. Ele é o Paráclito e o Consolador que permanece com eles para sempre, Espírito invisível, desconhecido do mundo, que lhes ensina e lhes recorda tudo o que Jesus lhes disse. 

Mostrai ao povo cristão o poder divino e infinito deste Espírito criador, dom do Altíssimo, distribuidor de todos os carismas espirituais, consolador cheio de bondade, luz dos corações, que, nas nossas almas, lava o que está sujo, rega o que é árido, cura o que está ferido. 

D'Ele, amor eterno, desce o fogo da caridade que Cristo quer ver acendida neste mundo; esta caridade que torna a Igreja una, santa, católica, que a anima e a torna invencível no meio dos assaltos da sinagoga de Satanás; esta caridade que une na comunhão dos santos; esta caridade que renova a amizade com Deus e redime o pecado.

Leituras do dia

 
SANTÍSSIMA TRINIDADE - solenidade

Livro de Deuteronómio 4,32-34.39-40. 
Moisés falou ao povo, dizendo: «Interroga os tempos antigos que te precederam, desde o dia em que Deus criou o homem sobre a terra. Dum extremo ao outro dos céus, sucedeu alguma vez coisa tão prodigiosa? Ouviu-se porventura palavra semelhante?
Que povo escutou como tu a voz de Deus a falar do meio do fogo e continuou a viver?
Qual foi o deus que formou para si uma nação no meio de outra nação, por meio de provas, sinais, prodígios e combates, com mão forte e braço estendido, juntamente com tremendas maravilhas, como fez por vós o Senhor vosso Deus no Egito, diante dos vossos olhos?
Considera hoje e medita em teu coração que o Senhor é o único Deus, no alto dos céus e cá em baixo na terra, e não há outro.
Cumprirás as suas leis e os seus mandamentos, que hoje te prescrevo, para seres feliz, tu e os teus filhos depois de ti, e tenhas longa vida na terra que o Senhor teu Deus te vai dar para sempre».

Livro de Salmos 33(32),4-5.6.9.18-19.20.22. 
A palavra do Senhor é reta, da fidelidade nascem as suas obras.
Ele ama a justiça e a retidão: 
a terra está cheia da bondade do Senhor.
A palavra do Senhor criou os céus, 

o sopro da sua boca os adornou.
Ele disse e tudo foi feito, 
Ele mandou e tudo foi criado.
Os olhos do Senhor estão voltados para os que O temem, 

para os que esperam na sua bondade,
para libertar da morte as suas almas 
e os alimentar no tempo da fome.
A nossa alma espera o Senhor: 

Ele é o nosso amparo e protetor.
Venha sobre nós a vossa bondade, 
porque em Vós esperamos, Senhor 

Carta aos Romanos 8,14-17. 
Irmãos: Todos os que são conduzidos pelo Espírito de Deus são filhos de Deus.
Vós não recebestes um espírito de escravidão para recair no temor, mas o Espírito de adoção filial, pelo qual exclamamos: «Abá, Pai».
O próprio Espírito Santo dá testemunho, em união com o nosso espírito, de que somos filhos de Deus.
Se somos filhos, também somos herdeiros, herdeiros de Deus e herdeiros com Cristo; se sofrermos com Ele, também com Ele seremos glorificados.

Evangelho segundo S. Mateus 28,16-20. 
Naquele tempo, os onze discípulos partiram para a Galileia, em direção ao monte que Jesus lhes indicara. 
Quando O viram, adoraram-n’O; mas alguns ainda duvidaram. 
Jesus aproximou-Se e disse-lhes: «Todo o poder Me foi dado no Céu e na terra. 
Ide e ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, 
ensinando-as a cumprir tudo o que vos mandei. Eu estou sempre convosco até ao fim dos tempos». 

Domingo, dia 27 de Maio de 2018

Domingo da Santíssima Trindade (semana II do saltério)

Festa da Santíssima Trindade

A Festa que hoje celebramos não é um convite a decifrar o mistério que se esconde por detrás de "um Deus em três pessoas"; mas é um convite a contemplar o Deus que é amor, que é família, que é comunidade e que criou os homens para os fazer comungar nesse mistério de amor.

Na primeira leitura, Jahwéh revela-se como o Deus da relação, empenhado em estabelecer comunhão e familiaridade com o seu Povo. É um Deus que vem ao encontro dos homens, que lhes fala, que lhes indica caminhos seguros de liberdade e de vida, que está permanentemente atento aos problemas dos homens, que intervém no mundo para nos libertar de tudo aquilo que nos oprime e para nos oferecer perspectivas de vida plena e verdadeira.

A segunda leitura, confirma a mensagem da primeira: o Deus em quem acreditamos, não é um Deus distante e inacessível, que se demitiu do seu papel de criador e que assiste com indiferença e impassibilidade aos dramas dos homens; é um Deus que acompanha com paixão a caminhada da humanidade e que não desiste de oferecer aos homens a vida plena e definitiva.

No Evangelho, Jesus dá a entender que ser seu discípulo é aceitar o convite para se vincular com a comunidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Os discípulos de Jesus recebem a missão de testemunhar a sua proposta de vida no meio do mundo e são enviados a apresentar, a todos os homens e mulheres, sem excepção, o convite de Deus para integrar a comunidade trinitária.

sábado, 26 de maio de 2018

Momento de reflexão


Sábado da 7a semana do Tempo Comum


Beato Guerric de Igny (c. 1080-1157), abade cisterciense 
1.º sermão para a Natividade

Acolher o Reino de Deus à maneira de uma criança


Um Menino nasceu para nós: o Deus de majestade aniquilou-Se a Si próprio, tornando-Se semelhante, não apenas ao corpo terreno dos mortais, mas ainda à idade das crianças, imbuído de fraqueza e pequenez. Bem-aventurada infância, cuja fraqueza e simplicidade são mais fortes e mais sábias que todos os homens! Porque a força e a sabedoria de Deus realizam verdadeiramente aqui a sua obra divina através das nossas realidades humanas. Sim, a fraqueza desta criança triunfa sobre o príncipe deste mundo; quebra os nossos laços e liberta-nos do cativeiro. A simplicidade deste Menino, que parece mudo e privado da palavra, torna eloquente a linguagem das crianças; Ele fala a linguagem dos homens e dos anjos. [...] Esta criança parece ignorante, mas é Ela que ensina a sabedoria aos homens e aos anjos, Ela que é na verdade [...] a Sabedoria de Deus e o seu Verbo, a sua Palavra. 

Ó santa e suave infância, tu que restituis aos homens a inocência verdadeira, graças à qual, em qualquer idade, podemos regressar à bem-aventurada infância e assemelharmo-nos a ti, não pela pequenez do corpo, mas pela humildade do coração e pela doçura do comportamento! Certamente que vós, os filhos de Adão, que sois tão grandes aos vossos olhos [...], se não vos converterdes e não vos tornardes como esta criancinha, não entrareis no Reino dos céus. «Eu sou a porta do Reino», diz esta criancinha. Se o homem não se abaixar, esta humilde porta não o deixará entrar.

Leituras do dia


Sábado da 7a semana do Tempo Comum

Carta de S. Tiago 5,13-20. 
Caríssimos: Sofre alguém no meio de vós? Reze. Sente-se alguém alegre? Cante. 
Está doente alguém entre vós? Mande chamar os presbíteros da Igreja para que orem por ele, ungindo-o com óleo em nome do Senhor. 
A oração feita com fé salvará o enfermo e o Senhor o restabelecerá; e se tiver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados. 
Confessai uns aos outros os vossos pecados e orai uns pelos outros, para que sejais curados. A oração persistente do justo tem muito poder. 
Elias era um homem semelhante a nós: orou com insistência para que não chovesse e não choveu sobre a terra durante três anos e três meses. 
Depois voltou a rezar, e o céu deu chuva, e a terra produziu o seu fruto. 
Meus irmãos, se algum de vós se afastar da verdade e outro o converter, 
sabei que aquele que reconduz um pecador do erro à verdade salvará a sua alma da morte e obterá o perdão de muitos pecados. 

Livro de Salmos 141(140),1-2.3.8. 
Senhor, a Vós clamo, socorrei-me sem demora, 
escutai a minha voz quando Vos invoco. 
Suba até Vós a minha oração como incenso, 
elevem-se as minhas mãos como oblação da tarde. 

Guardai, Senhor, a minha boca, 
defendei a porta dos meus lábios. 
Para Vós, Senhor, se voltam os meus olhos: 
em Vós me refugio, não me desampareis. 

Evangelho segundo S. Marcos 10,13-16. 
Naquele tempo, apresentaram a Jesus umas crianças para que Ele lhes tocasse, mas os discípulos afastavam-nas.
Jesus, ao ver isto, indignou-Se e disse-lhes: «Deixai vir a Mim as criancinhas, não as estorveis: dos que são como elas é o reino de Deus.
Em verdade vos digo: Quem não acolher o reino de Deus como uma criança não entrará nele».
E, abraçando-as, começou a abençoá-las, impondo as mãos sobre elas.

quinta-feira, 24 de maio de 2018

Nossa Senhora Auxiliadora

           


Quinta-feira, dia 24 de Maio de 2018  

Nossa Senhora Auxiliadora


 

 A devoção a Nossa Senhora Auxiliadora, tem início em datas muito remotas, nascida no coração de pessoas piedosas que espalharam ao seu redor a devoção Mariana. Assim a Mãe de Deus foi sempre conhecida como condutora da felicidade de todo o ser humano. E Maria, sempre esteve junto ao povo, sobretudo do povo simples que não sofre as complicações que contornam e desfazem, muitas vezes, a vida humana, mas que é levado pelas emoções e certezas apontadas pela simplicidade do coração.

Em 1476, o Papa Sisto IV deu o nome de “Nossa Senhora do Bom Auxílio” a uma imagem do século XIV-XV, que havia sido colocada  numa Capelinha, onde ele se refugiou, surpreendido durante o caminho, com um perigoso temporal. A imagem tem um aspecto muito sereno, e o símbolo do ‘auxílio’ é representado pela meiguice do Menino segurando o manto da Mãe.

Com o decorrer dos anos, entre 1612 e 1620, a devoção Mariana cresceu, graças aos Barnabitas, em torno de uma pequena tela de autoria de Scipione Pulzone, representando aspectos de doçura, de abandono confiante, de segurança entre o Menino e a sua santa Mãe. A imagem ficou conhecida como “Mãe da Divina Providência”. Esta imagem tornou-se como que meta para as peregrinações de muitos devotos e também para muitos Papas e até mesmo para João Paulo II. Devido ao movimento cristão em busca dos favores e bênçãos de Nossa Senhora e de seu Filho, o Papa Gregório XVI, em 1837, deu-lhe o nome de “AUXILIADORA DOS CRISTÃOS”. O Papa Pio IX, há pouco tempo eleito, também se inscreveu no movimento e diante desta bela imagem, ele celebrou a Missa de agradecimento pela sua volta do exílio de Gaeta.     
Mais tarde também foi criada a ‘Pia União de Maria Auxiliadora’, com raízes num bonito quadro alemão.

E chega o ano de 1815:  Nasce aquele que será o grande admirador, grande filho, grande devoto da Mãe de Deus e propagador da devoção a Maria Auxiliadora, o Santo dos jovens: SÃO JOÃO BOSCO. Neste ano era também celebrado o Congresso de Viena e foi a época em que, com a queda do Império de Napoleão, começa a Reestruturação  Europeia com restabelecimento dos reinos nacionais e das suas monarquias dinásticas. 

Em 1817, o Papa Pio VII benzeu uma tela de Santa Maria e conferiu-lhe o título de “MARIA AUXILIUM CHRISTIANORUM”.
Os anos foram se sucedendo e o rei Carlo Alberto, foi a cabeça do movimento em prol da unificação da Itália, e ao mesmo tempo, os atritos entre Igreja e Estado, deram lugar a uma forte sensibilização política, com atitudes suspeitas para com a Igreja. E como não podia deixar de ser, Dom Bosco, lutador e defensor insigne da Igreja de Cristo, passou a ser a mira forte do governo e foi até obrigado a fugir de alguns atentados. Sim, tinha de facto inimigos que não viam bem sua postura positiva a favor da Igreja e nem tão pouco a emancipação da classe pobre, defendida tenazmente pelo Santo.

Pio IX, então cabeça da Igreja, manifestou-se logo a favor de uma devoção pessoal para com a Auxiliadora e quando este sofrido Pontífice esteve no exílio, o nosso Santo enviou-lhe 35 francos, recolhidos entre seus jovens do oratório. O Papa ficou profundamente comovido com esta atitude e conservou uma grande lembrança deste gesto de afecto de D. Bosco e da generosidade dos rapazes pobres.

E continuam muitas lutas políticas, desavenças, lutas e rixas entre Igreja e Estado.  Mas a 24 de maio, em Roma, o Papa Pio IX preside uma grandiosa celebração em honra de Maria Auxiliadora, na Igreja de Santa Maria.
E em 1862, houve uma grandiosa organização especificamente para obter da Auxiliadora, a proteção para o Papa diante das perseguições políticas que ferviam cada vez mais, em detrimento para a Igreja de Jesus Cristo.

Nestes momentos particularmente críticos, entre 1860-1862 para a Igreja, vemos que D.Bosco toma uma opção definitiva pela AUXILIADORA, título este que ele decide concentrar a devoção mariana por ele oferecida ao povo. E justamente em 1862, ele tem o “Sonho das Duas Colunas” e no ano seguinte os seus primeiros acenos para a construção do célebre e grandioso Santuário de Maria Auxiliadora. Esta devoção à Mãe de Deus, desde então se expandiu imediata e amplamente.             

Dom Bosco ensinou aos membros da família Salesiana a amarem Nossa Senhora, invocando-a com o título de AUXILIADORA. Pode-se afirmar que a invocação de Maria como título de Auxiliadora teve um impulso enorme com Dom Bosco. Ficou tão conhecido o amor do Santo pela Virgem Auxiliadora a ponto de Ela ser conhecida também como a "Virgem de Dom Bosco".
Escreveu o santo: “A festa de Maria Auxiliadora deve ser o prelúdio da festa eterna que deveremos celebrar todos juntos um dia no Paraíso".

Momento de reflexão

Quinta-feira da 7ª semana do Tempo Comum

São João Crisóstomo (c. 345-407), presbítero de Antioquia, bispo de Constantinopla, doutor da Igreja 
Homilias sobre São Mateus, n.º 3

O sal da humildade


Se queres ser grande, não cultives o orgulho como o fariseu da parábola (Lc 18,9s), e serás verdadeiramente grande. Convence-te de que não tens méritos, e tê-los-ás. O publicano reconheceu que era pecador e, desse modo, tornou-se justo; quanto mais o justo que se reconhece pecador verá aumentar a sua justiça e os seus méritos! A humildade faz do pecador um justo, porque ele reconhece a verdade da sua vida; e a humildade verdadeira age na alma dos justos de forma ainda mais poderosa. 

Não percas, pois, por vã glória, o fruto que conquistaste com o teu esforço, o salário das tuas dores, a recompensa dos labores da tua vida. Deus conhece melhor do que tu o bem que fazes. Um simples copo de água fresca será recompensado. Deus reconhece a mais pequena esmola e, se nada podes dar, reconhece até o teu suspiro de compaixão. Ele acolhe tudo e de tudo Se recordará para to devolver em cêntuplo. 

Cessemos, pois, de contar os nossos méritos e de os tornar públicos. Se cantarmos os nossos méritos, não seremos louvados por Deus. Dediquemo-nos antes  a gemer a nossa miséria, e Deus elevar-nos-á aos olhos dos outros. Ele não deseja que o fruto do nosso labor se perca. No seu amor ardente, quer coroar as nossas menores ações; pois Ele procura todas as oportunidades para nos livrar da geena.

Leituras do dia

 
Quinta-feira da 7ª semana do Tempo Comum

Carta de S. Tiago 5,1-6. 
Agora, vós, ó ricos, chorai e lamentai-vos, por causa das desgraças que vão cair sobre vós. 
As vossas riquezas estão apodrecidas e as vossas vestes estão comidas pela traça. 
O vosso ouro e a vossa prata enferrujaram-se e a sua ferrugem vai dar testemunho contra vós e devorar a vossa carne como fogo. Acumulastes tesouros no fim dos tempos. 
Privastes do salário os trabalhadores que ceifaram as vossas terras. O seu salário clama; e os brados dos ceifeiros chegaram aos ouvidos do Senhor do Universo. 
Levastes na terra uma vida regalada e libertina, cevastes os vossos corações para o dia da matança. 
Condenastes e matastes o justo e ele não vos resiste. 

Livro de Salmos 49(48),14-15ab.15cd-16.17-18.19-20. 
Este é o destino dos que em si confiam, 
o fim daqueles que se comprazem em suas palavras. 
Como rebanho caminham para o abismo 
e a morte é o seu pastor. 

Descerão diretamente ao sepulcro 
e a sua imagem em breve se corromperá. 
Deus, porém, me salvará, 
porque me livrará das garras do abismo. 

Não te irrites se alguém enriquece 
e aumenta a riqueza da sua casa. 
Quando morrer, nada levará consigo, 
a sua fortuna não o acompanhará. 

Ainda que em vida se felicitasse: 
«Louvar-te-ão porque trataste bem de ti», 
não deixará de ir para a companhia de seus pais, 
que jamais verão a luz. 

Evangelho segundo S. Marcos 9,41-50. 
Naquele tempo, disse Jesus aos seus díscípulos:  «Quem vos der a beber um copo de água por serdes de Cristo, em verdade vos digo que não perderá a sua recompensa». 
Se alguém escandalizar algum destes pequeninos que creem em Mim, melhor seria para ele que lhe atassem ao pescoço uma dessas mós movidas por um jumento e o lançassem ao mar.
Se a tua mão é para ti ocasião de pecado, corta-a; porque é melhor entrar mutilado na vida do que ter as duas mãos e ir para a Geena, para esse fogo que não se apaga,
onde o verme não morre e o fogo não se apaga. 
E se o teu pé é para ti ocasião de pecado, corta-o; porque é melhor entrar coxo na vida do que ter os dois pés e ser lançado na Geena,
onde o verme não morre e o fogo não se apaga. 
E se um dos teus olhos é para ti ocasião de pecado, deita-o fora; porque é melhor entrar no reino de Deus só com um dos olhos do que ter os dois olhos e ser lançado na Geena,
onde o verme não morre e o fogo nunca se apaga».
Na verdade, todos serão salgados com fogo.
O sal é coisa boa; mas se ele perder o sabor, com que haveis de temperá-lo? Tende sal em vós mesmos e vivei em paz uns com os outros».

quarta-feira, 23 de maio de 2018

Momento de reflexão

Quarta-feira da 7ª semana do Tempo Comum

Concílio Vaticano II 
Constituição dogmática sobre a Igreja «Lumen gentium», § 16 (rev.)

Eles andam connosco?


Finalmente, aqueles que ainda não receberam o Evangelho estão, de uma forma ou de outra, orientados para o Povo de Deus. Em primeiro lugar, aquele povo que recebeu a aliança e as promessas, e do qual nasceu Cristo segundo a carne (cf Rom 9,4-5), povo muito amado segundo a eleição «por causa dos Patriarcas, já que os dons e o chamamento de Deus são irrevogáveis» (cf Rom 11,28-29). Mas o desígnio da salvação estende-se também àqueles que reconhecem o Criador, entre os quais vêm em primeiro lugar os muçulmanos, que professam seguir a fé de Abraão e connosco adoram o Deus único e misericordioso, que há de julgar os homens no último dia. 

E o mesmo Senhor nem sequer está longe daqueles que buscam, na sombra e em imagens, o Deus que ainda desconhecem; já que é Ele quem a todos dá vida, respiração e tudo o mais (cf At 17,25-28) e, como Salvador, quer que todos os homens se salvem (cf 1Tim 2,4). Com efeito, aqueles que, ignorando sem culpa o Evangelho de Cristo e a sua Igreja, procuram, contudo, a Deus com coração sincero, e se esforçam, sob o influxo da graça, por cumprir a sua vontade, manifestada pelo ditame da consciência, também esses podem alcançar a salvação eterna. Nem a Divina Providência nega os auxílios necessários à salvação àqueles que, sem culpa, não chegaram ainda ao conhecimento explícito de Deus e se esforçam, não sem o auxílio da graça, por levar uma vida reta. Tudo o que de bom e verdadeiro neles há é considerado pela Igreja como preparação para receberem o Evangelho, dado por Aquele que ilumina todos os homens, para que possuam finalmente a vida.

Leituras do dia

Quarta-feira da 7ª semana do Tempo Comum

Carta de S. Tiago 4,13-17. 
Caríssimos: Agora, escutai-me, vós que dizeis: «Hoje ou amanhã iremos a tal cidade, onde passaremos um ano, fazendo negócio e tirando lucro». 
Mas vós não sabeis o que traz o dia de amanhã. Que vem a ser, afinal, a vossa vida? Sois como a neblina que aparece um momento e se esvai em seguida. 
Deveríeis antes dizer: «Se o Senhor quiser, estaremos vivos e faremos isto ou aquilo». 
Mas ao contrário, envaideceis-vos com a vossa arrogância. Toda a presunção desse género é má. 
Assim, quem sabe fazer o bem e não o faz comete pecado. 

Livro de Salmos 49(48),2-3.6-7.8-10.11. 
Povos todos, escutai, 
habitantes do mundo inteiro, prestai ouvidos,
humildes e poderosos, 
ricos e pobres, todos juntos.

Porque hei de inquietar-me nos dias maus, 
quando me cerca a iniquidade dos perseguidores,
dos que confiam na sua opulência 
e se vangloriam na sua grande riqueza?

O homem não pode pagar o seu resgate, 
não pode pagar a Deus a sua redenção.
É muito caro o resgate da sua vida 
e ele nunca pagará o suficiente,

para prolongar indefinidamente a sua vida 
e não experimentar a corrupção da morte.
Vê que morrem os sábios 
como perecem o ignorante e o insensato 

e deixam a outros a sua riqueza.

Evangelho segundo S. Marcos 9,38-40. 
Naquele tempo, João disse a Jesus: «Mestre, nós vimos um homem a expulsar os demónios em teu nome e procurámos impedir-lho, porque ele não anda connosco». 
Jesus respondeu: «Não o proibais; porque ninguém pode fazer um milagre em meu nome e depois dizer mal de Mim. 
Quem não é contra nós é por nós». 

terça-feira, 22 de maio de 2018

Terça-feira, dia 22 de Maio de 2018

Santa Rita de Cássia, viúva, religiosa, +1457

Suportou durante 18 anos um marido brutal que lhe era infiel e a maltratava, até que conseguiu convertê-lo. Quando este foi assassinado e seus dois filhos juraram vingar-se dos matadores, pediu a Deus que tirasse a vida dos filhos antes que eles cometessem o feio pecado da vingança, e foi atendida. Ingressou depois de viúva num convento agostiniano e ali recebeu na fronte, como privilégio, um dos espinhos da coroa de Nosso Senhor. Sua vida é repleta de milagres e episódios maravilhosos. É a padroeira das mulheres que sofrem com os maridos, e é também chamada "advogada das causas perdidas" e "dos impossíveis".

Leituras do dia

  
Terça-feira da 7ª semana do Tempo Comum

Carta de S. Tiago 4,1-10. 
De onde vêm as guerras? De onde procedem os conflitos entre vós? Não é precisamente das paixões que lutam em vossos membros?
Cobiçais e nada conseguis: então assassinais. Sois invejosos e não podeis obter nada: então entrais em conflitos e guerras. Nada tendes, porque nada pedis.
Pedis e não recebeis, porque pedis mal, pois o que pedis é para satisfazer as vossas paixões.
Ó criaturas infiéis! Não sabeis que a amizade pelo mundo é inimizade para com Deus? Quem quer ser amigo do mundo torna-se inimigo de Deus.
Ou pensais que é em vão que a Escritura diz: «Deus reclama para Si o Espírito que fez habitar em nós»?
Mas Ele concede uma graça maior e por isso a Escritura diz também: «Deus resiste aos soberbos e dá a sua graça aos humildes».
Portanto, submetei-vos a Deus; resisti ao diabo e ele fugirá de vós.
Aproximai-vos de Deus e Ele Se aproximará de vós. Lavai as vossas mãos, pecadores; purificai os vossos corações, almas indecisas.
Reconhecei a vossa miséria, cobri-vos de luto e chorai. Converta-se em pranto o vosso riso e em tristeza a vossa alegria.
Humilhai-vos diante do Senhor e Ele vos exaltará.

Livro de Salmos 55(54),7-8.9-10a.10b-11a.23. 
Eu exclamo: Tivesse eu asas como a pomba, 
para voar e encontrar repouso. 
Então fugiria para longe, 
buscaria refúgio no deserto. 

Apressar-me-ia a encontrar abrigo 
contra o vendaval e a tempestade. 
Confundi-os, Senhor, 
dividi as suas línguas. 

Porque só vejo na cidade 
discórdia e violência; 
Dia e noite rondam à volta das muralhas 
e dentro delas reina o crime e a intriga. 

Confia ao Senhor os teus cuidados 
e Ele te ajudará, 
porque não permitirá que o justo 
vacile para sempre. 

Evangelho segundo S. Marcos 9,30-37. 
Naquele tempo, Jesus e os seus discípulos caminhavam através da Galileia. Jesus não queria que ninguém o soubesse;
porque ensinava os discípulos, dizendo-lhes: «O Filho do homem vai ser entregue às mãos dos homens, que vão matá-l’O; mas Ele, três dias depois de morto, ressuscitará». 
Os discípulos não compreendiam aquelas palavras e tinham medo de O interrogar. 
Quando chegaram a Cafarnaum e já estavam em casa, Jesus perguntou-lhes: «Que discutíeis no caminho?». 
Eles ficaram calados, porque tinham discutido uns com os outros sobre qual deles era o maior. 
Então, Jesus sentou-Se, chamou os Doze e disse-lhes: «Quem quiser ser o primeiro será o último de todos e o servo de todos». 
E, tomando uma criança, colocou-a no meio deles, abraçou-a e disse-lhes: 
«Quem receber uma destas crianças em meu nome é a Mim que recebe; e quem Me receber não Me recebe a Mim, mas Àquele que Me enviou». 

segunda-feira, 21 de maio de 2018

Segunda-feira, dia 21 de Maio de 2018

Nossa Senhora, Mãe da Igreja

Nossa Senhora, Mãe da Igreja


«A feliz veneração em honra à Mãe de Deus da Igreja contemporânea, à luz das reflexões sobre o mistério de Cristo e sobre a sua própria natureza, não poderia esquecer aquela figura de Mulher (cf. Gal. 4,4), a Virgem Maria, que é Mãe de Cristo e com Ele Mãe da Igreja.

De certa forma, este facto, já estava presente no modo próprio do sentir eclesial a partir das palavras premonitórias de Santo Agostinho e de São Leão Magno. De facto, o primeiro diz que Maria é a mãe dos membros de Cristo porque cooperou, com a sua caridade, ao renascimento dos fiéis na Igreja. O segundo, diz que o nascimento da Cabeça é, também, o nascimento do Corpo, o que indica que Maria é, ao mesmo tempo, mãe de Cristo, Filho de Deus, e mãe dos membros do seu corpo místico, isto é, da Igreja. Estas considerações derivam da maternidade divina de Maria e da sua íntima união à obra do Redentor, que culminou na hora da cruz.


A Mãe, que estava junto à cruz (cf. Jo 19, 25), aceitou o testamento do amor do seu Filho e acolheu todos os homens, personificado no discípulo amado, como filhos a regenerar à vida divina, tornando-se a amorosa Mãe da Igreja, que Cristo gerou na cruz, dando o Espírito. Por sua vez, no discípulo amado, Cristo elegeu todos os discípulos como herdeiros do seu amor para com a Mãe, confiando-a a eles para que estes a acolhessem com amor filial.


Dedicada guia da Igreja nascente, Maria iniciou, portanto, a própria missão materna já no cenáculo, rezando com os Apóstolos na expectativa da vinda do Espírito Santo (cf. Act 1, 14). Ao longo dos séculos, por este modo de sentir, a piedade cristã honrou Maria com os títulos, de certo modo equivalentes, de Mãe dos discípulos, dos fiéis, dos crentes, de todos aqueles que renascem em Cristo e, também, “Mãe da Igreja”, como aparece nos textos dos autores espirituais assim como nos do magistério de Bento XIV e Leão XIII.


Assim, resulta claramente, sobre qual fundamento o beato papa Paulo VI, a 21 de Novembro de 1964, por ocasião do encerramento da terça sessão do Concílio Vaticano II, declarou a bem-aventurada Virgem Maria “Mãe da Igreja, isto é, de todo o Povo de Deus, tanto dos fiéis como dos pastores, que lhe chamam Mãe amorosíssima” e estabeleceu que “com este título suavíssimo seja a Mãe de Deus doravante honrada e invocada por todo o povo cristão”.»


 

Do Decreto Ecclesiae Mater, de 3 de março de 2018

domingo, 20 de maio de 2018

Leituras do dia


SOLENIDADE DE PENTECOSTES

Livro dos Actos dos Apóstolos 2,1-11. 
Quando chegou o dia de Pentecostes, os Apóstolos estavam todos reunidos no mesmo lugar.
Subitamente, fez-se ouvir, vindo do céu, um rumor semelhante a forte rajada de vento, que encheu toda a casa onde se encontravam.
Viram então aparecer uma espécie de línguas de fogo, que se iam dividindo, e poisou uma sobre cada um deles.
Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar outras línguas, conforme o Espírito lhes concedia que se exprimissem.
Residiam em Jerusalém judeus piedosos, procedentes de todas as nações que há debaixo do céu.
Ao ouvir aquele ruído, a multidão reuniu-se e ficou muito admirada, pois cada qual os ouvia falar na sua própria língua.
Atónitos e maravilhados, diziam: «Não são todos galileus os que estão a falar?
Então, como é que os ouve cada um de nós falar na sua própria língua?
Partos, medos, elamitas, habitantes da Mesopotâmia, da Judeia e da Capadócia, do Ponto e da Ásia,
da Frígia e da Panfília, do Egito e das regiões da Líbia, vizinha de Cirene, colonos de Roma,
tanto judeus como prosélitos, cretenses e árabes, ouvimo-los proclamar nas nossas línguas as maravilhas de Deus».

Livro de Salmos 104(103),1ab.24ac.29bc-30.31.34. 
Bendiz, ó minha alma, o Senhor. 
Senhor, meu Deus, como sois grande! 
Como são grandes, Senhor, as vossas obras! 
A terra está cheia das vossas criaturas. 

Se lhes tirais o alento, morrem 
e voltam ao pó donde vieram. 
Se mandais o vosso espírito, retomam a vida 
e renovais a face da terra. 

Glória a Deus para sempre! 
Rejubile o Senhor nas suas obras. 
Grato Lhe seja o meu canto, 
e eu terei alegria no Senhor. 

Carta aos Gálatas 5,16-25. 
Irmãos: Deixai-vos conduzir pelo Espírito e não satisfareis os desejos da carne. 
Na verdade, a carne tem desejos contrários aos do Espírito, e o Espírito desejos contrários aos da carne. São dois princípios antagónicos e por isso não fazeis o que quereis. 
Mas se vos deixais guiar pelo Espírito, não estais sujeitos à Lei de Moisés. 
As obras da carne são bem conhecidas: luxúria, imoralidade, libertinagem, 
idolatria, feitiçaria, inimizades, ciúmes, discórdias, ira, rivalidades, dissensões, facciosismos, 
invejas, embriaguez, orgias e coisas semelhantes a estas, sobre as quais vos previno, como já vos disse: os que praticam estas ações não herdarão o reino de Deus. 
Pelo contrário, os frutos do Espírito são: caridade, alegria, paz, paciência, benignidade, bondade, fidelidade, 
mansidão, temperança. Contra coisas como estas não há lei. 
Os que pertencem a Cristo Jesus crucificaram a carne com as suas paixões e apetites. 
Se vivemos pelo Espírito, caminhemos também segundo o Espírito. 

Evangelho segundo S. João 15,26-27.16,12-15. 
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Quando vier o Paráclito, que Eu vos enviarei de junto do Pai, o Espírito da verdade, que procede do Pai, Ele dará testemunho de Mim.
E vós também dareis testemunho, porque estais comigo desde o princípio.
Tenho ainda muitas coisas para vos dizer, mas não as podeis suportar por agora. 
Quando vier o Espírito da verdade, Ele vos guiará para a verdade plena; porque não falará de Si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará o que há de vir.
Ele Me glorificará, porque receberá do que é meu e vos há de anunciá-lo.
Tudo o que o Pai tem é meu. Por isso vos disse que Ele receberá do que é meu e vos há de anunciá-lo».

Solenidade de Pentecostes

Domingo, dia 20 de Maio de 2018

Domingo de Pentecostes (semana I do saltério)

Pentecostes

Neste Domingo a liturgia o tema é evidentemente, o Espírito Santo . Dom que Deus dá a todos os crentes, o Espírito dá vida, renova, transforma, constrói comunidade e faz nascer o Homem Novo.

O Evangelho apresenta-nos a comunidade cristã, reunida à volta de Jesus ressuscitado. Para João, esta comunidade passa a ser uma comunidade viva, recriada, nova, a partir do dom do Espírito. É o Espírito que permite aos crentes superar o medo e as limitações e dar testemunho no mundo desse amor que Jesus viveu até à últimas consequências.

Na primeira leitura, Lucas sugere que o Espírito é a lei nova que orienta a caminhada dos crentes. É ele que cria a nova comunidade do Povo de Deus, que faz com que os homens sejam capazes de ultrapassar as suas diferenças e comunicar, que une numa mesma comunidade de amor, povos de todas as raças e culturas.

Na segunda leitura, Paulo avisa que o Espírito é a fonte de onde brota a vida da comunidade cristã. É ele que concede os dons que enriquecem a comunidade e que fomenta a unidade de todos os membros; por isso, esses dons não podem ser usados para benefício pessoal, mas devem ser postos ao serviço de todos.

domingo, 13 de maio de 2018

Aparições de Fátima

Domingo, dia 13 de Maio de 2018

Nossa Senhora de Fátima

As Aparições de Fátima, freguesia do concelho de Vila Nova de Ourem, distrito de Santarém, e paróquia da diocese de Leiria e Fátima desenrolaram-se em três períodos ou ciclos: os dois primeiros tiveram lugar em Fátima, o terceiro em Pontevedra e Tuy, na Galiza, Espanha. É longo o relato das Aparições constantes dos manuscrito da Irmã Lúcia uma dos três videntes (a Virgem apareceu a três crianças: Lúcia, Jacinta e Francisco). Desenrolaram-se em 1917 e depressa a devoção à Senhora de Fátima se tornou mundialmente conhecida. A 13 de outubro de 1930 o Bispo de Leiria, D. José Alves Correia da Silva houve por bem declarar dignas de crédito as visões das crianças da Cova da Iria e permitir, oficialmente, o culto de Nossa Senhora de Fátima. 
O papa Pio XII, anuindo aos pedidos de Nossa Senhora, consagrou o mundo inteiro ao Imaculado Coração de Maria a 31 de Outubro de 1942. A consagração da Rússia fê-la a 7 de julho de 1952. Paulo VI consagrou o mundo ao Imaculado Coração de Maria a 21 de novembro de 1964. João Paulo II fez a consagração do mundo e da Rússia ao mesmo Imaculado Coração, em Fátima, a 13 de maio de 1982; em Roma, a 16 de outubro de 1983 e, finalmente, a 25 de março de 1984, em Roma de novo, diante da imagem levada da Capelinha das Aparições até ao Vaticano.

No dia 13 de maio de 2013, o episcopado português consagrou a Nossa Senhora de Fátima ao pontificado do Papa Francisco, a pedido deste Pontífice.
O Papa Francisco esteve presente em 2017, nas comemorações do centenário das aparições em Fátima.

Momento de reflexão


Ascensão do Senhor - Solenidade

Beato Guerric de Igny (c. 1080-1157), abade cisterciense 
Sermão para a Ascensão

«A vossa vida está a partir de agora escondida com Cristo em Deus» (Col 3,3)


«Pai, quero que aqueles que Me deste estejam comigo onde Eu estou, e que contemplem a minha glória» (Jo 17,24). Felizes aqueles que têm agora por advogado diante de Deus o seu Juiz em pessoa; felizes os que têm por intercessor Aquele que devemos adorar como adoramos o Pai, a quem Ele dirige esta súplica! O Pai não pode recusar satisfazer este desejo expresso pelos seus lábios (Sl 20,3), pois, sendo um só e mesmo Deus, tem com Ele uma única vontade, um único poder. [...] «Quero que, aqui onde estou, eles estejam comigo». Que segurança para aqueles que têm fé, que confiança para os crentes! [...] Os santos, cuja «juventude se renova como a da águia» (Sl 102,5), «abrem as suas asas como a águia» (Is 40,31). [...] 

Nesse dia, Cristo «elevou-Se sob o olhar dos seus discípulos e desapareceu numa nuvem» (At 1,9). [...] Fazendo-Se amar por eles, queria que o coração dos discípulos O seguisse; e prometeu-lhes, pelo exemplo do seu corpo, que os seus corpos poderiam elevar-se do mesmo modo. [...] Hoje, Cristo «cavalga os querubins e voa nas asas do vento» (Sl 17,11), quer dizer, ultrapassa o poder dos anjos. E, no entanto, na sua condescendência para com a tua fraqueza, «como águia que vigia os seus filhotes», quer «pegar-te e levar-te aos ombros» (Dt 32,11). [...] Há quem voe com Cristo pela contemplação; que tu o faças ao menos pelo amor. 

Irmão, pois que Cristo, teu tesouro, subiu hoje ao Céu, que também esteja aí o teu coração (Mt 6,21). É lá no alto que está a tua origem, é lá que se encontra a tua parte da herança (Sl 16,5), é de lá que esperas o Salvador (Fil 3,20).

Comentário do dia

Domingo, dia 13 de Maio de 2018

Ascensão do Senhor (semana III do saltério)

Ascensão do Senhor

A Festa da Ascensão de Jesus que hoje celebramos, sugere que, no final do caminho percorrido no amor e na doação, está a vida definitiva, a comunhão com Deus. Sugere, também, que Jesus nos deixou o testemunho e que somos nós, seus seguidores, que devemos continuar a realizar o projecto libertador de Deus para os homens e para o mundo.

No Evangelho, Jesus ressuscitado aparece aos discípulos, ajuda-os a vencer a desilusão e o comodismo e envia-os em missão, como testemunhas do projecto de salvação de Deus. De junto do Pai, Jesus continuará a acompanhar os discípulos e, através deles, a oferecer aos homens a vida nova e definitiva.

Na primeira leitura, repete-se a mensagem essencial desta festa: Jesus, depois de ter apresentado ao mundo o projecto do Pai, entrou na vida definitiva da comunhão com Deus - a mesma vida que espera todos os que percorrem o mesmo "caminho" que Jesus percorreu. Quanto aos discípulos: eles não podem ficar a olhar para o céu, numa passividade alienante; mas têm de ir para o meio dos homens, continuar o projecto de Jesus.

A segunda leitura convida os discípulos a terem consciência da esperança a que foram chamados (a vida plena de comunhão com Deus). Devem caminhar ao encontro dessa "esperança" de mãos dadas com os irmãos - membros do mesmo "corpo" - e em comunhão com Cristo, a "cabeça" desse "corpo". Cristo reside no seu "corpo" que é a Igreja; e é nela que se torna, hoje, presente no meio dos homens.

Leituras do dia

  
Ascensão do Senhor - Solenidade

Livro dos Actos dos Apóstolos 1,1-11. 
No meu primeiro livro, ó Teófilo, narrei todas as coisas que Jesus começou a fazer e a ensinar, desde o princípio 
até ao dia em que foi elevado ao Céu, depois de ter dado, pelo Espírito Santo, as suas instruções aos Apóstolos que escolhera. 
Foi também a eles que, depois da sua paixão, Se apresentou vivo com muitas provas, aparecendo-lhes durante quarenta dias e falando-lhes do reino de Deus. 
Um dia em que estava com eles à mesa, mandou-lhes que não se afastassem de Jerusalém, mas que esperassem a promessa do Pai, «da qual – disse Ele – Me ouvistes falar. 
Na verdade, João batizou com água; vós, porém, sereis batizados no Espírito Santo, dentro de poucos dias». 
Aqueles que se tinham reunido começaram a perguntar: «Senhor, é agora que vais restaurar o reino de Israel?». 
Ele respondeu-lhes: «Não vos compete saber os tempos ou os momentos que o Pai determinou com a sua autoridade; 
mas recebereis a força do Espírito Santo, que descerá sobre vós, e sereis minhas testemunhas em Jerusalém e em toda a Judeia e na Samaria, e até aos confins da terra». 
Dito isto, elevou-Se à vista deles, e uma nuvem escondeu-O a seus olhos. 
E estando de olhar fito no Céu, enquanto Jesus Se afastava, apresentaram-se-lhes dois homens vestidos de branco, 
que disseram: «Homens da Galileia, porque estais a olhar para o Céu? Esse Jesus, que do meio de vós foi elevado para o Céu, virá do mesmo modo que O vistes ir para o Céu». 

Livro de Salmos 47(46),2-3.6-9. 
Povos todos, batei palmas, 
aclamai a Deus com brados de alegria, 
porque o Senhor, o Altíssimo, é terrível, 
o rei soberano de toda a terra. 

Deus subiu entre aclamações, 
o Senhor subiu ao som da trombeta. 
Cantai hinos a Deus, cantai, 
cantai hinos ao nosso rei, cantai. 

Deus é rei do universo: 
cantai os hinos mais belos. 
Deus reina sobre os povos, 
Deus está sentado no seu trono sagrado. 

Carta aos Efésios 1,17-23. 
Irmãos: O Deus de Nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos conceda um espírito de sabedoria e de revelação para O conhecerdes plenamente 
e ilumine os olhos do vosso coração, para compreenderdes a esperança a que fostes chamados, os tesouros de glória da sua herança entre os santos 
e a incomensurável grandeza do seu poder para nós os crentes. Assim 
o mostra a eficácia da poderosa força que exerceu em Cristo, que Ele ressuscitou dos mortos e colocou à sua direita nos Céus, 
acima de todo o Principado, Poder, Virtude e Soberania, acima de todo o nome que é pronunciado, não só neste mundo, mas também no mundo que há-de vir. 
Tudo submeteu aos seus pés e pô-l’O acima de todas as coisas, como cabeça de toda a Igreja, 
que é o seu corpo, a plenitude d’Aquele que preenche tudo em todos. 

Evangelho segundo S. Marcos 16,15-20. 
Naquele tempo, Jesus apareceu aos Onze e disse-lhes: «Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda a criatura.
Quem acreditar e for batizado será salvo; mas quem não acreditar será condenado. 
Eis os milagres que acompanharão os que acreditarem: expulsarão os demónios em meu nome; falarão novas línguas; 
se pegarem em serpentes ou beberem veneno, não sofrerão nenhum mal; e quando impuserem as mãos sobre os doentes, eles ficarão curados».
E assim o Senhor Jesus, depois de ter falado com eles, foi elevado ao Céu e sentou-Se à direita de Deus. 
Eles partiram a pregar por toda a parte, e o Senhor cooperava com eles, confirmando a sua palavra com os milagres que a acompanhavam. 

sexta-feira, 11 de maio de 2018

Momento de reflexão


Sexta-feira da 6ª semana da Páscoa

São Tomás de Aquino (1225-1274), teólogo dominicano, doutor da Igreja 
Comentário sobre S. João

Alegria pela visão do Senhor ressuscitado, alegria pela visão da glória


Depois de ter aplicado a comparação [da mulher que dá à luz] à tristeza dos apóstolos, o Senhor aplica-a à alegria futura dos mesmos apóstolos, dizendo-lhes: «Eu hei de ver-vos de novo». Não lhes diz: «ver-Me-eis», mas «Eu hei de ver-vos», porque o facto de Se mostrar provém da sua misericórdia, que é significada pelo seu olhar. Diz, pois: «Eu hei de ver-vos de novo», tanto no momento da ressurreição, como na glória futura: «Os teus olhos contemplarão um rei no seu esplendor» (Is 33,17). 

Em seguida, promete-lhes a alegria do coração e a exultação, dizendo-lhes: «O vosso coração se alegrará», com a alegria de Me ver ressuscitado. Por isso, a Igreja canta: «Eis o dia que fez o Senhor, alegremo-nos e nele rejubilemos» (Sl 117,24). E «o vosso coração se alegrará» também pela visão da glória: «saciar-me de alegria na tua presença» (Sl 15,11). Com efeito, todos os seres encontram naturalmente a sua alegria na contemplação da realidade amada. Ora, ninguém pode ver a essência divina sem a amar. Deste modo, a alegria acompanha necessariamente esta visão: «Vê-l'O-eis» conhecendo-O pela inteligência, «e o vosso coração alegrar-se-á» (Is 60,5); e essa alegria refletir-se-á no corpo, quando este for glorificado. Isaías acrescenta: «os vossos ossos retomarão vigor» (Is 66,14). «Entra na alegria do teu Senhor» (Mt 25,21). 

Finalmente, o Senhor promete uma alegria que durará para sempre quando diz: «a vossa alegria», aquela que tireis quando eu ressuscitar. «Rejubilo de alegria no Senhor» (Is 61,10); «e ninguém vos poderá tirar a vossa alegria» porque «Cristo, ressuscitado de entre os mortos, já não morrerá; a morte não tem mais domínio sobre Ele» (Rom 6,9). Ou ainda, «a vossa alegria», a alegria de gozar da glória, «ninguém vos poderá tirar», porque não pode ser perdida e é perpétua: «com a alegria estampada nos seus rostos» (Is 35,10). 

Com efeito, ninguém tirará esta alegria a si próprio pelo pecado, porque nessa altura a vontade de todos estará firmada no bem; e também ninguém tirará esta alegria a outro, porque nessa altura não haverá violência nem ninguém prejudicará outro.

Leituras do dia

11 de Maio de 2018
Sexta-feira da 6ª semana da Páscoa

Livro dos Actos dos Apóstolos 18,9-18. 
Quando Paulo estava em Corinto, certa noite o Senhor disse-lhe numa visão: «Não temas, continua a falar, 
que Eu estou contigo e ninguém porá as mãos sobre ti, para te fazer mal, pois tenho um povo numeroso nesta cidade». 
Então Paulo demorou-se ali ano e meio a ensinar aos coríntios a palavra de Deus. 
Quando Galião era procónsul da Acaia, os judeus levantaram-se todos contra Paulo e levaram-no ao tribunal, 
dizendo: «Este homem induz as pessoas a prestarem culto a Deus à margem da lei». 
Quando Paulo ia a abrir a boca, disse Galião aos judeus: «Judeus, se se tratasse de alguma injustiça ou grave delito, escutaria certamente as vossas queixas, como é meu dever. 
Uma vez, porém, que são questões de doutrina e de nomes da vossa própria lei, o assunto é convosco. Eu não quero ser juiz dessas coisas». 
E mandou-os sair do tribunal. 
Todos então se apoderaram de Sóstenes, chefe da sinagoga, e começaram a bater-lhe em frente do tribunal. Mas Galião não se importou nada com isso. 
Paulo demorou-se ainda algum tempo em Corinto; depois despediu-se dos irmãos e embarcou para a Síria, em companhia de Priscila e Áquila, e rapou a cabeça em Cêncreas, por causa de um voto que fizera. 

Livro de Salmos 47(46),2-3.4-5.6-7. 
Povos todos, batei palmas, 
aclamai a Deus com brados de alegria, 
porque o Senhor, o Altíssimo, é terrível, 
o rei soberano de toda a terra. 

Submeteu os povos à nossa obediência 
e pôs as nações a nossos pés. 
Para nós escolheu a nossa herança, 
glória de Jacob, por Ele amado. 

Deus subiu entre aclamações, 
o Senhor subiu ao som da trombeta. 
Cantai hinos a Deus, cantai, 
cantai hinos ao nosso rei, cantai. 

Evangelho segundo S. João 16,20-23a. 
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Em verdade, em verdade vos digo: Chorareis e lamentar-vos-eis, enquanto o mundo se alegrará. Estareis tristes, mas a vossa tristeza converter-se-á em alegria.
A mulher, quando está para ser mãe, sente angústia, porque chegou a sua hora. Mas depois que deu à luz um filho, já não se lembra do sofrimento, pela alegria de ter dado um homem ao mundo.
Também vós agora estais tristes; mas Eu hei de ver-vos de novo e o vosso coração se alegrará e ninguém vos poderá tirar a vossa alegria.
Nesse dia, não Me fareis nenhuma pergunta».

quarta-feira, 9 de maio de 2018

Momento de reflexão

Quarta-feira da 6ª semana da Páscoa

Simeão, o Novo Teólogo (c. 949-1022), monge grego 
Catequeses, 33; SC 113

«Quando vier o Espírito da verdade, Ele vos guiará para a verdade plena»


A «chave do conhecimento» (Lc 11,52) é a graça do Espírito Santo, que é dada pela fé. Pela iluminação, ela produz um conhecimento muito real, e mesmo o conhecimento completo. Ela abre o nosso espírito fechado na obscuridade, muitas vezes com parábolas e símbolos, mas também com declarações mais claras. [...] Prestai pois muita atenção ao sentido espiritual da palavra. Se a chave não for adequada, a porta não se abrirá. Porque, como disse o Bom Pastor, «é a ele que o porteiro abre» (Jo 10,3). Mas, se a porta não se abrir, ninguém entra na casa do Pai, porque Cristo disse: «Ninguém vai ao Pai senão por Mim» (Jo 14,6). 

Ora, é o Espírito Santo quem primeiro abre o nosso espírito e nos ensina o que se refere ao Pai e ao Filho. Cristo disse-nos: «O Espírito da Verdade, que procede do Pai, e que Eu vos hei de enviar da parte do Pai, dará testemunho a meu favor, e guiar-vos-á a toda a verdade» (Jo 15,26; 16,13). Vede como, pelo Espírito, ou melhor, no Espírito, o Pai e o Filho Se dão a conhecer inseparavelmente. [...] 

Se chamamos ao Espírito Santo uma chave, é porque é primeiramente por Ele e n'Ele que o nosso espírito é iluminado. Uma vez purificados, somos iluminados pela luz do conhecimento. Somos batizados do alto, recebemos um novo nascimento e tornamo-nos filhos de Deus, como disse São Paulo: «O Espírito Santo intercede por nós com gemidos inefáveis» (Rom 8,26). E ainda: «Deus enviou aos nossos corações o Espírito que clama: "Abba, Pai"» (Gal 4,6). É por conseguinte Ele que nos mostra a porta, porta que é luz, e a porta ensina-nos que Aquele que habita esta casa é também luz inacessível.