sexta-feira, 21 de março de 2025

Sabias que...?



A Igreja é contra o aborto?

Somos cristãos, mas nem sempre sabemos bem qual é a posição da Igreja sobre certos temas… ou, às vezes, até sabemos, mas não queremos pensar muito nisso. No entanto, se queremos ser seguidores autênticos de Cristo, precisamos de compreender e viver a nossa fé de forma coerente. O aborto é um desses temas importantes, e é essencial perceber porque é que a Igreja Católica o rejeita. Vamos lá?

1. O valor da vida

Para a Igreja, a vida humana é sagrada desde o seu início, ou seja, desde a conceção. Acreditamos que cada vida é um presente de Deus e que ninguém tem o direito de a tirar. Na Bíblia, Deus diz a Jeremias:

"Antes de te formar no ventre materno, eu te conheci; antes de saíres do seio de tua mãe, eu te consagrei." (Jeremias 1,5)

Isto mostra que Deus conhece e ama cada um de nós antes mesmo de nascermos. Cada ser humano, mesmo antes de vir ao mundo, já tem um valor infinito!

2. A ciência confirma

Sabias que o coração de um bebé já começa a bater por volta da 3ª semana de gestação? E que o ADN do bebé é único desde o momento da fecundação? Isto significa que, desde o primeiro instante, estamos a falar de uma vida nova, com um futuro pela frente.

A própria Bíblia fala sobre como Deus nos forma ainda no ventre da nossa mãe:

"Tu formaste-me no seio de minha mãe. Dou-te graças por tão espantosa maravilha; admiráveis são as tuas obras!" (Salmo 139,13-14)

Se Deus nos cria com tanto amor, quem somos nós para decidir que uma vida não deve continuar?

3. O que Jesus faria?

Jesus sempre defendeu os mais frágeis e vulneráveis. Quem pode ser mais indefeso do que um bebé no ventre da mãe? Ele ensina-nos a proteger a vida, especialmente daqueles que não podem falar por si mesmos.

Ele próprio disse:

"Tudo o que fizestes a um destes meus irmãos mais pequeninos, a mim o fizestes." (Mateus 25,40)

Quando defendemos a vida do nascituro, estamos a amar e a cuidar de Jesus presente neles.

4. Mas e se for uma situação difícil?

Claro que há casos complicados, como quando uma mãe está em sofrimento ou em dificuldades graves. Nestes momentos, a Igreja não julga, mas propõe outro caminho: o apoio, o acolhimento e o amor.

São Paulo ensina-nos a ser pacientes e compreensivos uns com os outros:

"Suportai-vos uns aos outros na caridade." (Efésios 4,2)

Isso significa que devemos ajudar as mães em dificuldades, para que elas não se sintam sozinhas e possam escolher a vida. A resposta da Igreja é sempre de amor e solidariedade.

5. Escolher a vida é um ato de coragem

Num mundo onde, às vezes, parece mais fácil descartar o que dá trabalho ou exige sacrifício, a Igreja convida-nos a ser corajosos e a defender a vida, mesmo quando é difícil. Amar é dar-se pelos outros, e um bebé é uma oportunidade para viver esse amor na sua forma mais pura.

Moisés disse ao povo:

"Escolhe, pois, a vida, para que vivas, tu e a tua descendência." (Deuteronómio 30,19)

Deus convida-nos sempre a escolher a vida. Mesmo nos momentos difíceis, Ele dá-nos a força para seguir o caminho do amor.

Se tens dúvidas ou queres conversar mais sobre este tema, não fiques sozinho! A fé não nos pede apenas para seguir regras, mas para compreender e viver com amor aquilo que acreditamos. Afinal, escolher a vida é sempre escolher o amor!


Fernando Ilídio in Cantinho da Teologia 

Porto, 21 de Março de 2025

quarta-feira, 12 de março de 2025

A Importância do Latim na Igreja Católica

A importância do Latim na Igreja 

O latim tem uma importância histórica, litúrgica e teológica fundamental para a Igreja Católica. Durante séculos, foi a língua oficial da Igreja e continua a ser um dos principais veículos da tradição eclesiástica. Eis alguns dos principais motivos da sua relevância:

1. Unidade e Universalidade – O latim permitiu que a Igreja mantivesse uma língua comum em todo o mundo, independentemente das línguas faladas localmente. Isso ajudava a criar um sentido de unidade entre os fiéis e o clero.

2. Tradição e Continuidade – Desde os primeiros séculos do Cristianismo, o latim foi adotado na liturgia, na teologia e nos documentos oficiais da Igreja. O uso do latim mantém essa ligação com a tradição apostólica e patrística.

3. Precisão Teológica – Sendo uma língua "morta" (isto é, não sujeita a evolução no seu significado), o latim garante que os textos doutrinais e litúrgicos não sejam facilmente alterados ou mal interpretados ao longo do tempo.

4. Liturgia – Até ao Concílio Vaticano II (1962-1965), a Missa era celebrada exclusivamente em latim no Rito Romano. Apesar das línguas vernáculas terem sido introduzidas, a Missa Tridentina e muitas orações tradicionais continuam a ser recitadas em latim.

5. Documentos Oficiais – A Igreja continua a usar o latim para encíclicas papais, bulas e outros documentos oficiais, assegurando a coerência e a autenticidade dos textos.

6. Formação Clerical e Académica – O latim continua a ser estudado nos seminários e nas universidades pontifícias, pois é essencial para o estudo dos Padres da Igreja, da Sagrada Escritura (na Vulgata) e do Direito Canónico.

Apesar da modernização da liturgia e do uso crescente das línguas nacionais, o latim continua a ser uma marca da identidade católica e um elo com a tradição da Igreja ao longo dos séculos.

Matosinhos, 12 de Março de 2025
Fernando Ilídio in Cantinho da Teologia ®


sexta-feira, 7 de março de 2025

Como devemos comungar, na boca ou na mão?

A Igreja Católica permite que a Sagrada Comunhão seja recebida tanto na boca como na mão, e ambas as formas são dignas, desde que sejam feitas com respeito e devoção. No entanto, há um debate sobre qual delas expressa maior reverência.

Comunhão na Boca

Tradicionalmente, a Comunhão era recebida diretamente na boca, e esta ainda é a forma preferida por muitos fiéis e clérigos. A principal razão é que evita qualquer risco de profanação, pois reduz a possibilidade de partículas da Hóstia se perderem. Além disso, reforça o sentido de receção, lembrando que a Eucaristia é um dom gratuito de Deus, não algo que tomamos por nós próprios.

Comunhão na Mão

A Comunhão na mão também tem raízes antigas na Igreja e foi retomada em várias partes do mundo como um sinal de participação ativa dos fiéis. Esta prática pode ser vista como uma atitude de humildade e responsabilidade: o fiel recebe o Corpo de Cristo nas suas mãos e leva-O à boca com reverência. No entanto, exige um grande cuidado para que nenhuma partícula da Hóstia seja desperdiçada e para evitar gestos desrespeitosos.

Qual a Forma Mais Digna?

A dignidade da receção da Comunhão não está apenas no modo externo, mas na disposição interior. Tanto a Comunhão na mão como na boca podem ser feitas de maneira profundamente reverente ou, pelo contrário, de forma descuidada.

Se a preocupação é evitar qualquer risco de profanação, a Comunhão na boca pode ser vista como mais segura. Se a intenção é ressaltar a participação consciente e ativa, a Comunhão na mão também pode ser digna. O importante é que, independentemente da forma escolhida, seja feita com fé, respeito e amor pelo Santíssimo Sacramento.


Fernando Ilídio in Cantinho da Teologia ®

Matosinhos, 07 de Março de 2025



A Importância de Estar de Pé Durante a Distribuição da Sagrada Eucaristia

A postura durante a celebração da Eucaristia não é meramente uma questão de convenção ou comodidade, mas carrega um profundo significado teológico e litúrgico. No momento da receção do Corpo de Cristo, a posição de pé é um sinal de respeito, prontidão e comunhão com toda a Igreja.

Desde os primeiros séculos do Cristianismo, estar de pé tem sido uma postura de oração e adoração. É a posição dos ressuscitados, daqueles que, redimidos por Cristo, se mantêm firmes na fé e na esperança da vida eterna. Na Liturgia Eucarística, este gesto manifesta a dignidade dos filhos de Deus, chamados a participar ativamente no mistério da salvação.

Além disso, estar de pé durante a receção da Sagrada Comunhão reflete a atitude de quem se dirige conscientemente ao encontro com Cristo. Ao aproximar-se do altar, o fiel faz um ato de fé, reconhecendo a presença real de Jesus na Eucaristia. Este gesto exprime também unidade e igualdade entre os membros da comunidade cristã, que juntos se alimentam do mesmo Pão da Vida.

Contudo, é importante recordar que a Igreja permite outras posturas, como ajoelhar-se, especialmente como expressão de adoração pessoal. O mais relevante não é apenas a posição física, mas a disposição interior com que cada fiel se aproxima do Santíssimo Sacramento.

Assim, ao estar de pé para receber a Sagrada Eucaristia, o cristão reafirma a sua fé, manifesta a alegria da ressurreição e demonstra a sua plena participação no Banquete do Senhor.

Fernando Ilídio 


Matosinhos, 07 de  Março de 2025

Cantinho da Teologia ®




quarta-feira, 5 de março de 2025

Quarta-feira de Cinzas: O Início de uma Caminhada de Conversão

Quarta-feira de Cinzas: O Início de uma Caminhada de Conversão

Hoje, a Igreja convida-nos a iniciar um tempo especial, um tempo de graça e renovação: a Quaresma. A Quarta-feira de Cinzas marca o começo desta caminhada de quarenta dias, onde somos chamados a um profundo exame de consciência, à conversão sincera e à renovação da nossa fé.

Ao recebermos as cinzas sobre a nossa fronte, ouvimos as palavras: “Lembra-te que és pó e ao pó voltarás” ou “Convertei-vos e acreditai no Evangelho”. São palavras que nos recordam a fragilidade da vida e a necessidade de colocar Deus no centro do nosso coração. Não se trata de um simples rito, mas de um apelo à humildade, ao desapego do supérfluo e à busca do essencial: o amor de Deus e do próximo.

A Quaresma não é um tempo triste, mas um convite ao recomeço. É um período de silêncio fecundo, de jejum que nos liberta, de oração que nos aproxima do Pai, de caridade que nos ensina a amar como Cristo nos amou. Cada sacrifício, cada renúncia, cada gesto de bondade são pequenos passos no caminho que nos leva à Páscoa, à vitória da Vida sobre a morte.

Que este tempo seja vivido com um coração aberto, disponível para ser moldado pelas mãos do Senhor. Que saibamos escutar a Sua voz no íntimo da nossa alma e responder com generosidade. Porque a Quaresma não é apenas um tempo do calendário: é um convite à transformação do nosso ser, à redescoberta daquilo que realmente nos dá vida e sentido.

Que Deus nos conceda a graça de viver esta caminhada com fé, esperança e amor.

Fernando Ilídio 


05 de Março de 2025 


terça-feira, 4 de março de 2025

Maria, Porta do Céu e Mãe da Humanidade Redimida



Maria não foi apenas a mulher escolhida por Deus para gerar o Salvador; a sua missão estende-se para além da Anunciação e do Natal. No mistério da Redenção, ela ocupa um lugar central, não apenas como Mãe de Jesus, mas também como Mãe da humanidade renovada.

Desde o primeiro "sim" ao anjo, Maria acolheu o desígnio divino com total disponibilidade. No seu ventre formou-se aquele que haveria de reconciliar o mundo com Deus. Contudo, a sua maternidade não se esgota no ato biológico de dar à luz. Na cruz, ao ver o seu Filho entregar-se ao Pai, Maria recebeu uma nova missão: tornar-se Mãe de todos os que renasceram para a vida nova em Cristo. Quando Jesus lhe diz, apontando para João: “Mulher, eis o teu filho” (Jo 19,26), Ele confia-lhe toda a humanidade redimida pelo seu sacrifício.

Se Jesus, pela sua morte e ressurreição, nos abre as portas do Céu, Maria, com a sua intercessão materna, guia-nos nesse caminho. Como nova Eva, ela desata os nós da desobediência original e, na sua Assunção, antecipa o destino glorioso que nos espera. É, por isso, chamada Porta do Céu: aquela que nos introduz na comunhão plena com Deus.

Quem se refugia em Maria, encontra nela um coração que compreende, uma mãe que cuida, uma guia segura para o encontro com o Pai e o Filho no seu esplendor. Maria não é apenas a Mãe do Redentor; é também a Mãe dos redimidos, aquela que nos ensina a dizer "sim" a Deus e a caminhar rumo à eternidade.

Fernando Ilídio - 04/03/2025

Cantinho da Teologia ®



quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025

Como Fortalecer os Grupos de Jovens na Verdade e no Amor de Cristo?!

Como Fortalecer os Grupos de Jovens na Verdade e no Amor de Cristo?!

Caros irmãos e irmãs em Cristo,

Gostaria de partilhar convosco uma reflexão sobre a importância de fortalecermos os nossos grupos de jovens. Vivemos num tempo em que os jovens são constantemente bombardeados por informações vindas de todos os lados. As redes sociais, as opiniões populares e as ideologias muitas vezes contraditórias criam um ambiente de confusão, onde a verdade nem sempre é clara.

Por isso, o fortalecimento dos nossos grupos não pode ser apenas um esforço para atrair jovens por meio de atividades sociais ou culturais. É importante criar um espaço onde eles encontrem algo muito mais profundo: a verdade do Evangelho, apresentada com clareza, amor e fidelidade ao ensinamento da Igreja.

Os jovens, por natureza, buscam sentido para a vida. Querem respostas para as suas inquietações, querem saber por que vale a pena seguir Cristo num mundo que, tantas vezes, parece sugerir o contrário. Se os nossos grupos não estiverem bem fundamentados na verdade, corremos o risco de oferecer um entusiasmo momentâneo, mas vazio de substância, deixando-os vulneráveis à desinformação.

Fortalecer significa, em primeiro lugar, formar bem aqueles que lideram e acompanham os jovens. Não basta boa vontade; é preciso conhecimento, discernimento e, sobretudo, testemunho de vida. Os jovens precisam de ver em nós a coerência entre o que ensinamos e o que vivemos. Como dizia São Paulo: "Sede meus imitadores, como eu sou de Cristo" (1Cor 11,1).

É também essencial que os grupos sejam espaços de diálogo sincero. Os jovens precisam sentir-se ouvidos, acolhidos nas suas dúvidas e questionamentos. Só assim podemos guiá-los com paciência e caridade, ajudando-os a crescer na fé de forma autêntica e consciente.

Por fim, nunca podemos esquecer que o objetivo maior não é simplesmente mantê-los ligados à comunidade, mas conduzi-los ao encontro pessoal com Cristo. Quando um jovem descobre a beleza de caminhar com o Senhor, essa fé deixa de ser uma obrigação e torna-se uma escolha de amor.

Que o Espírito Santo nos inspire a sermos guias sábios e fiéis, para que possamos ajudar os jovens a encontrar a verdadeira liberdade que só Cristo pode dar. E como nos encorajava São João Paulo II: "Jovens, não tenhais medo de ser santos!"

Que Maria, Mãe da Igreja e modelo de fé, interceda por nós nesta missão!

Fernando Ilidio 

20/02/2025 in Cantinho da Teologia ®